O investimento estrangeiro na B3 tem surpreendido, registrando o maior fluxo para o primeiro semestre desde 2022. Até 25 de junho, o saldo acumulado foi de R$ 25,2 bilhões, um marco importante frente ao déficit do ano passado (−R$ 40,1 bilhões) e ao modesto aporte de R$ 17,0 bilhões em 2023. Esse movimento reforça a retomada do interesse internacional no mercado brasileiro, impulsionado por fatores globais e domésticos favoráveis.
Por que o cenário é atrativo
Do lado externo, as expectativas de queda na taxa de juros dos EUA a partir de setembro têm aliviado o dólar e estimulado a entrada de recursos em ativos de mercados emergentes. Já internamente, o ambiente político e fiscal mostra sinais de maior restrição, sobretudo após o Congresso derrubar o aumento do IOF. Essa movimentação reduziu um dos riscos percebidos pelos investidores, segundo Kevin Oliveira, da Blue3, que afirmou: “A derrota mostrou que o governo está perdendo força dentro do Congresso”.
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Olhares sobre 2026 e 2027
Ainda que a eleição presidencial esteja distante, o mercado já começa a incorporar cenários futuros. Estudos do JPMorgan apontam que a percepção de eventuais mudanças na política fiscal em 2027 está calibrando a entrada de capital. Para o banco, o Brasil continua entre os mercados com maior potencial de valorização, ao lado de nações como Índia e Coreia do Sul.
Eduardo Carlier, da Azimut, acrescenta que os investidores estão atentos à popularidade do presidente Lula: “Faz sentido os investidores enxergarem chances de troca de governo”. Já o analista Enrico Cozzolino, da Levante, destaca que “factores políticos terão cada vez mais influência na decisão do investidor”, o que pode aumentar a volatilidade na B3.
Estratégias globais de diversificação
Outro atrativo para os investidores estrangeiros é a busca por diversificação em um momento de queda do dólar global. Com a renda variável brasileira ainda descontada, a B3 se torna um destino relevante, mesmo com juros domésticos elevados. “Qualquer ingresso faz diferença”, ressalta Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria.
Para Gabriel Mollo, do Banco Daycoval, a entrada de capital tende a crescer a partir de setembro, acompanhando o possível ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve. Kevin Oliveira também aposta em um cenário aquecido para os balanços corporativos, o que pode impulsionar o Ibovespa — que, segundo ele, pode superar os 145 mil pontos até o fim do ano.
Limites e cuidados no horizonte
Ainda que o fluxo estrangeiro esteja favorecendo a B3, há fatores de atenção. Uma eventual mudança na política fiscal para ganhar apoio político pode causar danos à confiança dos investidores. Enrico Cozzolino, da Levante, reforça que “quando o governo fala mais, a Bolsa tende a cair”.
Outro ponto observado é a trajetória da Selic. Apesar de sinais de estabilidade prolongada, a clareza sobre a curva de juros pode afinar o valuation de empresas locais e influenciar a decisão dos investidores.
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Investimento estrangeiro na B3 está em um momento histórico
O investimento estrangeiro na B3 está em um momento histórico, refletindo o melhor fluxo em três anos. O futuro indica expectativas de fortalecimento: pressão global por juros mais baixos, alertas internos sobre a agenda fiscal brasileira e possibilidade de balanços fortes devem manter o apetite externo.
Entretanto, os próximos meses exigem atenção ao comportamento político, especialmente à condução fiscal do governo. Para manter o interesse dos investidores estrangeiros, será essencial evitar medidas populistas que possam comprometer a perspectiva de crescimento.
Em síntese, o Brasil ganhou um lugar de destaque na estratégia global de investimentos. Agora, cabe ao país mostrar equilíbrio entre crescimento econômico, credibilidade fiscal e atração contínua de capital — elementos decisivos para sustentar o ciclo positivo na B3.