A mais de um ano das eleições presidenciais de 2026, a corrida pelo Palácio do Planalto já começa a desenhar seus primeiros contornos. Uma pesquisa do instituto Futura Inteligência, divulgada nesta sexta-feira (27), mostra um cenário competitivo e cada vez mais desafiador para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O levantamento indica que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), aparece com 46,5% das intenções de voto em um eventual segundo turno, contra 34,9% de Lula. A diferença é de 11,6 pontos percentuais.
Comparativo com pesquisas anteriores
Essa vantagem representa um avanço expressivo para Tarcísio em relação à pesquisa anterior, realizada em maio. Segundo os dados, o governador paulista cresceu 5,4 pontos percentuais, enquanto Lula perdeu 6,1 pontos no mesmo intervalo. É a primeira vez, desde julho de 2023, que Tarcísio aparece à frente de Lula fora da margem de erro.
Ainda segundo a pesquisa, o percentual de eleitores que votariam em branco ou nulo soma 15,8%, e os indecisos representam 2,8%. O levantamento foi feito com 2.000 pessoas entre os dias 12 e 23 de junho de 2025, com margem de erro de 2,2 pontos percentuais.
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Cenário de primeiro turno e rejeição dos candidatos
Mesmo nos cenários de primeiro turno com nomes adicionais, como o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), Lula também aparece em desvantagem. Neste cenário, Lula registra 28,2% das intenções, enquanto Tarcísio aparece com 36,2%.
A baixa rejeição é um dos fatores que favorece o governador paulista. Apenas 3% dos entrevistados disseram que “não votariam de jeito nenhum” em Tarcísio, enquanto Lula enfrenta uma rejeição espontânea de 8,6%.
Queda na aprovação de Lula
Paralelamente ao crescimento de Tarcísio nas pesquisas, a avaliação do governo Lula sofre sua maior queda desde o início do mandato. O número de brasileiros que consideram o governo “ótimo” ou “bom” caiu para 23,9%, o menor patamar registrado até agora. Em contrapartida, 51,1% avaliam a gestão como “ruim” ou “péssima” e 24,2% a classificam como “regular”.
A reprovação subiu 2,8 pontos percentuais, e a aprovação caiu 8 pontos em relação ao levantamento anterior. Essa é a sexta rodada consecutiva da pesquisa em que a avaliação negativa supera numericamente a positiva.
Disputa à direita: Bolsonaro e aliados em evidência
Tarcísio de Freitas desponta como um dos principais nomes da direita para disputar as eleições de 2026. Seu desempenho nas pesquisas o coloca no mesmo patamar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), em cenários simulados de segundo turno.
Segundo o instituto Futura, Bolsonaro venceria Lula por 50% a 37,4% — uma diferença de 12,6 pontos percentuais. Michelle teria 48,4%, contra 38% do petista. A inegibilidade de Bolsonaro, no entanto, e os riscos associados ao seu julgamento sobre tentativa de golpe de Estado, deixam espaço para que novos nomes da direita ganhem protagonismo.
Além de Tarcísio, são cotados para disputar o Planalto: Ratinho Jr. (PSD-PR), Ronaldo Caiado (União-GO), Eduardo Leite (PSD-RS), Michelle Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Eleição ainda fora do radar do eleitor
Apesar da movimentação nos bastidores políticos, a eleição de 2026 ainda não parece ser uma preocupação para a maioria dos eleitores. Quando perguntados de forma espontânea sobre em quem votariam para presidente, 36,1% disseram estar indecisos ou não saberem em quem votar.
Em uma sondagem estimulada, 63,2% dos entrevistados não souberam ou preferiram não responder. Lula lidera com 23,3% das menções, seguido por Jair Bolsonaro com 19,2% e Tarcísio com 7,2%.
De acordo com José Luiz Orrico, diretor da Futura, isso demonstra que o pleito ainda está fora da pauta do eleitorado. “É natural que, a mais de um ano do processo eleitoral, os nomes mais lembrados sejam os mais conhecidos. Lula e Bolsonaro dominam a memória recente do eleitor”, disse.
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Considerações finais
A disputa presidencial de 2026 promete ser acirrada. Tarcísio de Freitas surge como nome forte da direita, em um cenário onde Lula enfrenta dificuldades crescentes de aprovação popular e queda nas intenções de voto. A manutenção dessa tendência dependerá do desempenho do governo federal nos próximos meses e da articulação política entre os possíveis candidatos da oposição.
A pesquisa da Futura oferece um retrato momentâneo do cenário eleitoral e aponta para uma dinâmica em transformação. Se a eleição fosse hoje, Tarcísio venceria Lula com folga no segundo turno. Mas ainda há um longo caminho até outubro de 2026.
