A ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), publicada em 22 de maio de 2025, deixou claro que os membros do Federal Reserve continuam profundamente divididos quanto ao rumo da política monetária. A reunião do FED, realizada nos dias 30 de abril e 1º de maio, não trouxe alterações na taxa básica de juros dos Estados Unidos, que foi mantida entre 5,25% e 5,50%. No entanto, os debates revelaram preocupações crescentes com a inflação persistente e a resiliência do mercado de trabalho.
Expectativas frustradas com cortes de juros
A reunião do FED era amplamente aguardada por investidores que esperavam indicações mais claras sobre o início de um ciclo de corte de juros ainda em 2025. No entanto, a ata mostrou que essa possibilidade está cada vez mais distante. De acordo com os registros da reunião, alguns membros do comitê destacaram que as leituras recentes de inflação foram mais fortes do que o esperado, o que justifica uma postura mais cautelosa.
“O progresso adicional em direção à meta de inflação de 2% parece ter estagnado”, escreveu o comitê. Essa constatação tem implicações diretas sobre os ativos financeiros globais, já que a política do FED serve de âncora para os mercados emergentes e o fluxo de capitais internacionais.
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Inflação persistente e crescimento sólido
A ata da reunião do FED revelou que, embora o crescimento do PIB dos EUA tenha desacelerado no primeiro trimestre para 1,6% ao ano, a atividade econômica permanece robusta. O consumo das famílias segue elevado e o desemprego está próximo dos menores níveis históricos. Essa combinação tem dificultado o controle da inflação, que continua acima da meta de 2% estabelecida pelo Federal Reserve.
Indicadores como o índice de preços de gastos com consumo (PCE), monitorado de perto pelo FED, mostram uma inflação anualizada acima de 3%, pressionada principalmente por serviços e habitação.
Membros defendem juros altos por mais tempo
Durante a reunião do FED, diversos integrantes do FOMC argumentaram que a taxa básica de juros deve permanecer em níveis elevados por um período mais prolongado, até que haja sinais claros de desaceleração da inflação. Segundo a ata, alguns membros chegaram a considerar a possibilidade de um novo aumento de juros caso os dados econômicos surpreendam negativamente nos próximos meses.
Essa posição contrasta com a expectativa do mercado, que precificava até abril pelo menos dois cortes de 25 pontos-base ainda em 2025. Após a divulgação da ata, essas apostas foram revistas para apenas um corte no final do ano ou, em alguns cenários, nenhum ajuste.
Federal Reserve evita mensagem de pânico
Apesar da postura cautelosa, a reunião do FED buscou evitar uma sinalização que pudesse ser interpretada como pânico. O texto da ata enfatizou que a política monetária atual já é suficientemente restritiva para conter a inflação ao longo do tempo, mas alertou que o caminho até a meta de 2% pode ser mais longo e incerto do que o esperado inicialmente.
“A política está bem posicionada”, afirmou o comitê, reforçando que os ajustes futuros dependerão dos dados. Essa abordagem, conhecida como “data dependent”, reforça a flexibilidade do FED diante de um cenário volátil.
Implicações para o Brasil e mercados emergentes
A decisão de manter os juros altos por mais tempo nos Estados Unidos afeta diretamente os países emergentes, como o Brasil. Com menos liquidez global e maior aversão ao risco, o real tende a se desvalorizar, pressionando a inflação doméstica e dificultando cortes adicionais na taxa Selic pelo Banco Central brasileiro.
Além disso, ativos de renda variável nos emergentes tendem a perder atratividade frente aos títulos do Tesouro americano, que oferecem retornos mais elevados com menor risco. Isso pode levar a uma saída de capitais e a um aperto nas condições financeiras globais.
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Mercado reage com cautela
Após a divulgação da ata da reunião do FED, os mercados financeiros reagiram com cautela. O índice S&P 500 fechou em leve queda, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos subiram para 4,52%. O dólar ganhou força frente a moedas de países emergentes, como o real e o peso mexicano.
No mercado de derivativos, os contratos futuros de fed funds passaram a refletir uma probabilidade maior de manutenção dos juros até pelo menos o terceiro trimestre de 2025. Economistas agora projetam um cenário de juros altos até o início de 2026, caso a inflação não recue de forma consistente.
Reunião do FED reforça vigilância sobre crédito e estabilidade
Outro ponto importante destacado na ata foi a atenção ao mercado de crédito e à estabilidade financeira. Embora os bancos americanos estejam capitalizados, os diretores do FED alertaram para o crescimento do crédito de alto risco e para possíveis desequilíbrios nos setores imobiliário e corporativo.
A reunião do FED também apontou que algumas instituições financeiras estão expostas a ativos sensíveis à taxa de juros, o que pode se tornar um problema caso a política monetária permaneça restritiva por muito tempo.
Perspectivas para próximas reuniões
Com a próxima reunião do FED marcada para os dias 18 e 19 de junho, o foco dos mercados estará voltado para os dados de inflação de maio e os números do mercado de trabalho. Esses indicadores serão cruciais para determinar se o comitê terá espaço para flexibilizar a política monetária ainda em 2025.
Segundo economistas do JP Morgan e do Goldman Sachs, a probabilidade de cortes no curto prazo é baixa. Para o Credit Suisse, o FED pode iniciar os cortes somente em março de 2026, se os núcleos de inflação não apresentarem desaceleração contínua.
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O que esperar após a reunião do FED
A reunião do FED de maio de 2025 deixou claro que o caminho para a convergência da inflação à meta de 2% será mais longo do que o previsto. A falta de progresso significativo nos dados recentes aumenta a probabilidade de manutenção dos juros em níveis elevados por mais tempo.
Isso representa um desafio para os mercados, que esperavam um ciclo de cortes mais cedo. A decisão do FED impacta diretamente o custo do crédito, a atratividade dos ativos de risco e a política monetária de outros países, incluindo o Brasil.
O investidor deve manter atenção redobrada às próximas divulgações econômicas e falas dos dirigentes do FED, pois qualquer mudança de tom pode alterar drasticamente as expectativas para 2025 e 2026.