O comportamento dos preços do milho no Brasil nos próximos meses será mais influenciado pela gestão da comercialização do que pelas condições climáticas, segundo análise de Enilson Nogueira, da Céleres Consultoria. Em entrevista recente, o especialista destacou que, apesar da atenção ao clima no Brasil, Argentina e Estados Unidos, são os fundamentos do mercado que estão ditando os rumos das cotações no país.
A projeção da consultoria é de que os próximos três meses tragam pressão adicional sobre os preços, diante da chegada da segunda safra e da elevação da oferta no mercado interno. Já a partir do segundo semestre, com o avanço das exportações e melhora na demanda doméstica, há expectativa de recuperação dos preços.
Colheita da segunda safra e oferta elevada pressionam o mercado
De acordo com dados do IMEA, a colheita da segunda safra de milho já começou em algumas regiões, alcançando 0,31% da área total. A estimativa é de que a produção ultrapasse 100 milhões de toneladas, o que representa uma safra recorde.
Essa abundância de oferta, aliada a uma demanda ainda contida, tem resultado em recuos nas cotações na B3. Os contratos mais negociados fecharam a sexta-feira com perdas entre 0,3% e 0,8%. O milho para julho, por exemplo, encerrou cotado a R$ 63,10 por saca.
Gestão comercial faz diferença para produtores
Segundo Nogueira, os produtores estão mais atentos à comercialização este ano. “É melhor fazermos conta com boa produtividade do que com produtividade ruim. Com mais produto disponível, o produtor pode tomar decisões estratégicas e buscar margens melhores”, destacou.
A antecipação de vendas foi maior que nos dois últimos anos, especialmente no Cerrado. Essa postura permitiu a muitos agricultores realizarem vendas em momentos de preço mais elevado, otimizando o preço médio recebido pela produção.
Exportações e mercado interno devem sustentar recuperação
A expectativa da Céleres é que a recuperação dos preços do milho no Brasil se consolide a partir do quarto trimestre de 2025, puxada por uma demanda mais intensa tanto no mercado internacional quanto no doméstico. A conjuntura ainda dependerá do comportamento das economias globais e da competitividade do milho brasileiro frente a outros grandes exportadores.
Outro fator de influência será o câmbio, que pode favorecer as exportações caso o real permaneça desvalorizado em relação ao dólar. O Brasil, segundo maior exportador mundial de milho, pode ampliar sua fatia de mercado no segundo semestre.
Preços do milho no Brasil: Expectativas e riscos para o segundo semestre
Apesar do cenário otimista para o segundo semestre, há incertezas que ainda rondam o mercado, como possíveis interferências climáticas mais intensas e eventuais mudanças na política de preços ou subsídios agrícolas.
O momento exige cautela e estratégia por parte dos produtores. A orientação da Céleres é para que os agricultores continuem atentos às oportunidades de comercialização, aproveitando os momentos de valorização para travar preços e garantir melhores margens.
A gestão eficiente da comercialização, portanto, será determinante para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que 2025 ainda reserva.