Entre as 10 maiores altas e baixas do Ibovespa em 2024, ações como EMBR3 (+150,96%) e MRFG3 (+104,87%) lideraram as altas, impulsionadas por fatores específicos e conjunturas favoráveis aos seus segmentos. Por outro lado, papéis como GOLL4 (-85,51%) e AZUL4 (-77,89%) foram fortemente penalizados pelas condições adversas no setor de aviação e no mercado interno. A seguir, confira uma análise detalhada das 10 maiores altas e baixas do índice, além do que esperar para 2025.
O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, encerrou 2024 com uma queda de 10,36%, marcando seu pior desempenho desde 2021, quando desvalorizou quase 12%. O ano foi desafiador para o mercado de ações, afetado por uma combinação de fatores internos e externos que aumentaram a percepção de risco e inibiram os investimentos. Entre os destaques, algumas empresas conseguiram se destacar com ganhos significativos, enquanto outras sofreram quedas expressivas, refletindo os desafios de seus respectivos setores.
Maiores Altas do Ibovespa em 2024
- EMBR3 (+150,96%) – Aviação e Defesa
Líder absoluta das altas do Ibovespa, a Embraer teve um ano de ouro, impulsionado pela assinatura de contratos bilionários no setor de defesa e aviação executiva. A valorização do dólar também beneficiou a empresa, aumentando sua competitividade no mercado internacional. - MRFG3 (+104,87%) – Alimentos e Proteína Animal
A Marfrig se destacou com forte demanda externa, especialmente da China, e o impacto positivo da alta do dólar sobre suas receitas. A reestruturação interna e a expansão da capacidade de exportação foram fatores decisivos para seu desempenho. - BRFS3 (+87,97%) – Alimentos e Bebidas
Após anos de dificuldades, a BRF recuperou terreno em 2024 com uma gestão mais eficiente, ampliação das exportações e recuperação da confiança dos investidores. A empresa de frigoríficos também colheu frutos da redução de custos em suas operações. - JBSS3 (+58,22%) – Alimentos e Exportação
Com um desempenho sólido, a JBS seguiu beneficiando-se da demanda global por carne e da desvalorização do real. Sua diversificação geográfica e novos contratos contribuíram para o crescimento de receitas. - WEGE3 (+45,40%) – Indústria e Tecnologia
A Weg, conhecida por sua consistência, expandiu sua atuação internacional e manteve a liderança no mercado de motores elétricos e equipamentos industriais. O setor de renováveis também foi um grande motor de crescimento para a empresa. - CMIG4 (+40,88%) – Energia
A Cemig surpreendeu com resultados sólidos em 2024, impulsionados por novos contratos de geração e distribuição de energia, além de uma gestão mais enxuta. - CIEL3 (+28,98%) – Meios de Pagamento
A Cielo registrou um ano de recuperação com o aumento de transações eletrônicas e um foco renovado em eficiência operacional. A retomada do consumo, embora tímida, foi positiva para o setor. - KLBN11 (+21,83%) – Papel e Celulose
A Klabin se beneficiou de preços elevados no mercado internacional de celulose, aliados a investimentos em novas plantas de produção e práticas sustentáveis. - PETR3 (+21,39%) – Petróleo e Gás
A Petrobras aproveitou o aumento dos preços do petróleo no mercado global, além de melhorar sua estrutura de custos e realizar vendas estratégicas de ativos. - SBSP3 (+19,19%) – Saneamento Básico
A Sabesp destacou-se com avanços em projetos de infraestrutura e na sua capacidade de captar recursos para investimentos, reforçando sua posição no setor.
Maiores Baixas do Ibovespa em 2024
- GOLL4 (-85,51%) – Aviação
A Gol enfrentou um dos piores anos de sua história, com aumento de custos operacionais, queda na demanda doméstica e dificuldades de refinanciamento de dívidas. O ambiente econômico desafiador agravou ainda mais a situação. - AZUL4 (-77,89%) – Aviação
Seguindo a Gol, a Azul sofreu com condições semelhantes, incluindo aumento no preço do combustível e redução de rotas rentáveis. A empresa também teve dificuldades para renegociar contratos e enfrentar a concorrência. - MGLU3 (-69,72%) – Varejo
O Magazine Luiza foi impactado por um cenário de retração no consumo e margens reduzidas devido à alta inflação e aos juros elevados, que prejudicaram as vendas a crédito. - MOVI3 (-69,12%) – Locação de Veículos
A Movida sofreu com a alta dos juros, que aumentaram os custos de financiamento de sua frota. Além disso, a demanda por locações corporativas não retomou os níveis pré-pandemia. - COGN3 (-68,77%) – Educação
A Cogna enfrentou um ambiente desafiador no setor de educação, com menor procura por matrículas e margens reduzidas, devido ao aumento de custos fixos. - YDUQ3 (-61,18%) – Educação
A Yduqs acompanhou a Cogna nas dificuldades, refletindo a baixa demanda no mercado educacional e uma recuperação lenta do setor após os impactos da pandemia. - CVCB3 (-60,57%) – Turismo
A CVC não conseguiu retomar a lucratividade, com a demanda por pacotes de viagens internacionais ainda abaixo do esperado. A empresa também enfrentou problemas de gestão financeira. - ASAI3 (-58,39%) – Varejo Alimentício
O Assaí sofreu com margens comprimidas e maior competição no setor, além de dificuldades em atrair consumidores para itens não essenciais. - CSAN3 (-56,37%) – Energia e Infraestrutura
A Cosan viu suas margens reduzirem devido a mudanças regulatórias e à alta volatilidade nos mercados de commodities. - CRFB3 (-55,76%) – Supermercados
O Carrefour foi penalizado pela inflação elevada, que impactou diretamente seus custos e reduziu o poder de compra dos consumidores.
Análise do Ano: O Que Levou o Ibovespa à Queda de 10,36%?
O desempenho negativo do Ibovespa reflete uma combinação de fatores internos e externos. No Brasil, a desconfiança com a política fiscal do governo foi o principal ponto de pressão. A dificuldade de aprovação de reformas estruturais e a percepção de aumento do risco-país afastaram investidores. Além disso, o corte inadequado na taxa Selic não foi suficiente para estimular a economia, mas contribuiu para o aumento das expectativas de inflação.
No cenário externo, a manutenção de juros altos nos Estados Unidos e as incertezas na economia chinesa pressionaram mercados emergentes. A aversão ao risco global, somada às dificuldades locais, tornou 2024 um ano difícil para o mercado acionário brasileiro.
Maiores Altas e Baixas do Ibovespa em 2024 e Perspectivas para 2025
Embora 2024 tenha sido um ano desafiador, analistas apontam que o cenário pode melhorar em 2025. A expectativa é de que a aprovação de medidas fiscais mais consistentes e a continuidade do corte de juros no Brasil contribuam para um ambiente mais favorável ao crescimento econômico. No entanto, o cenário global segue como um risco importante, especialmente se a economia dos Estados Unidos desacelerar ou se houver novos entraves na China.
Investidores devem manter a cautela e buscar estratégias de diversificação para mitigar riscos. Setores resilientes, como energia, alimentos e exportação, podem continuar se destacando em 2025.