As ações de frigoríficos na Bolsa brasileira registraram uma forte alta, impulsionadas pelo encerramento das divulgações de resultados de todas as companhias do setor. A Minerva (BEEF3) sobe 12,25%, JBS (JBSS3) tem alta de 24,53%, Marfrig (MRFG3) sobe 21,90% e BRF (BRFS3) registra alta de 14,69% no mês de maio e são os destaques. Trataremos de mostrar como o novo ciclo das commodities pode impactar positivamente o setor de proteína animal.
Analistas ressaltam que muitos investidores enfrentaram desafios significativos no início do ano passado, devido a questões relacionadas à doença da vaca louca no norte do país. Este ano, a situação é mais favorável, com avanços consideráveis em termos de permissões internacionais para exportações, especialmente para a China, o que deve impulsionar o setor nos próximos anos.
Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, avalia que o setor está apresentando um desempenho excepcional neste mês, destacando os resultados positivos da JBS e da BRF. No entanto, ele observa que a Minerva não atendeu às expectativas dos investidores.
Embora haja uma tendência de aumento nos preços do boi, estimada em quase 10% para o próximo ano, é importante monitorar o mercado. Empresas que estão se tornando multinacionais apresentam oportunidades de investimento interessantes para diversificação de risco.
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Entenda o impacto preço das commodities nos frigoríficos
O impacto das commodities nos resultados das empresas frigoríficas é significativo, pois essas empresas dependem diretamente do custo e da disponibilidade de matérias-primas como gado, frango e suínos. Aqui estão alguns pontos principais sobre como as commodities afetam esses resultados:
- Custos de Insumos: O preço das commodities, especialmente o milho e a soja, que são ingredientes principais na ração animal, tem um impacto direto nos custos operacionais das empresas frigoríficas. A alta nos preços dessas commodities pode aumentar os custos de produção, reduzindo as margens de lucro.
- Oferta de Animais: A disponibilidade de gado, suínos e aves é crucial. Quando os preços das commodities de ração sobem, pode haver uma redução na oferta de animais prontos para abate, pois os produtores podem optar por diminuir a criação. Isso pode resultar em menor volume de processamento para os frigoríficos, afetando negativamente seus resultados financeiros.
- Preços de Venda: O preço da carne no mercado final também está relacionado aos preços das commodities. Se os custos de insumos aumentam, os frigoríficos podem tentar repassar esses aumentos aos consumidores, ajustando os preços de venda da carne. No entanto, a elasticidade da demanda pode limitar essa capacidade, especialmente se os consumidores reduzirem o consumo devido a preços mais altos.
- Exportações: As empresas frigoríficas que exportam uma parte significativa de sua produção também são afetadas pelas variações dos preços das commodities. Mudanças nos preços internacionais das commodities podem afetar a competitividade dos produtos no mercado global. Além disso, a variação cambial pode amplificar esses efeitos, tornando as exportações mais ou menos competitivas.
- Ciclos de Produção: A indústria de carnes é influenciada pelos ciclos de produção, que podem ser afetados pelas flutuações nos preços das commodities. Períodos de alta nos preços das rações podem levar a uma redução na produção de animais, criando um ciclo de menor oferta de carne que pode durar vários meses ou anos, afetando os resultados das empresas frigoríficas no longo prazo.
- Estratégias de Gestão de Riscos: Para mitigar os impactos das variações nos preços das commodities, muitas empresas frigoríficas adotam estratégias de hedge, utilizando contratos futuros e outras ferramentas financeiras para estabilizar os custos de insumos. A eficácia dessas estratégias pode influenciar diretamente a estabilidade e previsibilidade dos resultados financeiros das empresas.
Ciclo de baixa das commodities ajuda
O USDA lançou sua atualização mensal do WASDE, apresentando estimativas de oferta e demanda para os principais produtos agrícolas. O relatório também é o primeiro a incluir projeções para a safra 2024/25. Isso indica que um cenário de preços mais baixos está se consolidando, com os estoques permanecendo acima dos níveis recentemente baixos. No entanto, isso varia entre os diferentes produtos agrícolas.
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Soja: Perspectiva bastante negativa para os preços (“bearish”), com um excedente esperado de 17 milhões de toneladas e uma relação estoque-uso (StU) subindo 2,8 pontos percentuais em comparação ao ano anterior (gráficos 1 e 2). A produção brasileira deve atingir um recorde de 169 milhões de toneladas (+10% a/a), enquanto nos EUA a produção deve alcançar 121 milhões de toneladas (+7% a/a), devido ao aumento da área plantada.
Algodão: Um excedente de 2,5 milhões de fardos, mas a relação StU deve se manter estável (gráficos 3 e 4). A produção no Brasil deve crescer 15% a/a, chegando a 16,7 milhões de fardos.
Milho: Perspectiva positiva para os preços (“bullish”), com os estoques finais diminuindo 1 milhão de toneladas (embora ainda 11 milhões de toneladas acima dos níveis recentes mais baixos) e uma relação StU ligeiramente mais apertada (gráficos 5 e 6). A produção brasileira deve alcançar 127 milhões de toneladas (+4% a/a) devido ao aumento da área plantada, enquanto nos EUA a produção é estimada em 377 milhões de toneladas, uma queda de 3% a/a devido à redução da área plantada.
Trigo: Perspectiva ainda mais positiva, com os estoques caindo 4 milhões de toneladas e a relação StU diminuindo 0,6 pontos percentuais para o nível mais baixo desde 2013/14 (gráficos 7 e 8).
Arroz: Os estoques finais devem subir 1 milhão de toneladas, mas a relação StU deve permanecer estável. A produção brasileira deve crescer 4% a/a para 7,5 milhões de toneladas (equivalente em grãos), embora eventos recentes possam reduzir a produção de 2023/24.
Dito isto, espera-se que os resultados dos frigoríficos possam estar em um novo momento, trazendo ganham de médio prazo para os investidores acima da média do mercado. Apesar do progresso positivo nos resultados, o endividamento ainda é um ponto crítico para algumas empresas, com Marfrig e Minerva mostrando pouco avanço nesse aspecto. Por outro lado, a JBS conseguiu uma redução considerável da alavancagem. No geral, o balanço para o setor foi visto de forma positiva, com expectativas de crescimento e oportunidades de investimento promissoras.