A quarta-feira (30) foi marcada por um duro ajuste de expectativas para os investidores da Weg (WEGE3). A empresa divulgou seus resultados do primeiro trimestre de 2025 com lucro líquido de R$ 1,54 bilhão, um avanço expressivo de 16,4% frente ao mesmo período de 2024. No entanto, o desempenho operacional e o enfraquecimento das margens decepcionaram. Resultado: as ações desabaram mais de 10% na B3, liderando as perdas do Ibovespa e sendo, simultaneamente, os papéis mais negociados do pregão.
A Weg divulga resultados e apesar da solidez nos números absolutos, o mercado esperava mais — especialmente de uma empresa com histórico de entrega consistente e valuation esticado. A frustração não veio do lucro em si, mas do recuo nas margens, queda no ROIC e falta de sinais de aceleração na rentabilidade futura. A isso se somou o anúncio de aumento de capital de R$ 5 bilhões via reserva de lucros, sem emissão de novas ações, o que ampliou o sentimento de cautela entre investidores.
EBITDA avança, mas margens pressionadas ligam sinal de alerta
O EBITDA consolidado da Weg somou R$ 2,17 bilhões no trimestre, alta de 22,8% em relação ao 1T24. Porém, em comparação com o quarto trimestre de 2024, houve retração de 9%. A margem EBITDA caiu para 21,6%, contra 22% no 1T24, mostrando dificuldade da empresa em preservar rentabilidade mesmo diante de receita crescente.
Esse recuo é atribuído, em parte, ao aumento do custo de matérias-primas como o cobre, fundamental para a produção da linha de motores elétricos, e à expansão de negócios com margens menores, como o segmento de geração solar distribuída. O aumento das despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A) também pressionou os resultados, reflexo da integração de novas aquisições como Rotor, Marathon e Cemp.
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Receita líquida impulsionada por aquisições e câmbio favorável
A receita operacional líquida atingiu R$ 10,07 bilhões, crescimento de 25,5% ante o 1T24. O crescimento foi impulsionado principalmente pelo mercado externo, com avanço de 36,3%, contra 14% no mercado interno. O câmbio favorável, com dólar mais alto, também ajudou na conversão da receita vinda de fora.
O crescimento inorgânico foi destaque: as aquisições recentes responderam por R$ 649,7 milhões da receita, com forte contribuição da divisão de Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais (EEI), que respondeu por 63,3% desse montante.
No entanto, apesar do salto de faturamento, a margem bruta sofreu leve retração, ficando em 32,9% ante 33,2% no mesmo período do ano anterior. A combinação de receita maior com rentabilidade menor reacendeu debates sobre a sustentabilidade do crescimento da Weg em ambientes mais desafiadores.
ROIC em queda sinaliza desafio na geração de valor
Um dos pontos que mais pesaram nas análises foi a queda no retorno sobre o capital investido (ROIC), que recuou de 38,9% no 1T24 para 33,2% no 1T25. O ROIC é um dos principais indicadores acompanhados por investidores de longo prazo por refletir a capacidade da empresa em gerar valor acima do seu custo de capital.
A queda neste indicador, mesmo com o lucro crescente, mostra que o crescimento pode estar sendo diluído pela menor eficiência do capital. Esse movimento, combinado com múltiplos esticados, explica a resposta negativa do mercado ao balanço.
Aumento de capital sem novas ações levanta dúvidas
Além dos números do balanço, a Weg anunciou a aprovação de um aumento de capital de R$ 5 bilhões via incorporação de parte da conta de reserva de lucros. Não haverá emissão de novas ações. Apesar de tecnicamente neutra, a medida gerou ruído entre investidores por levantar dúvidas sobre o destino dos recursos e a estratégia da companhia para alocação de capital.
Para analistas, o movimento pode ter como objetivo reforçar o balanço para novas aquisições, mas a falta de clareza no curto prazo contribuiu para o desconforto no mercado.
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Perspectivas: fundamentos sólidos, mas valuation em xeque
A Weg divulga resultados e continua sendo uma empresa sólida, com atuação global, portfólio diversificado e reconhecida capacidade de execução. Mas o resultado do 1T25 mostrou que nem mesmo players de excelência estão imunes à pressão de custos, à concorrência global e às dificuldades de expansão de margens.
Para investidores, o momento pede cautela. A correção de mais de 10% nas ações pode abrir espaço para realocações, mas exige análise criteriosa do cenário macro, das perspectivas de demanda industrial e da evolução das margens nos próximos trimestres.
Weg divulga resultados: O que acompanhar nos próximos meses
O desempenho do segmento de energia solar, a estabilização das margens operacionais e a integração das aquisições recentes serão pontos centrais no radar do investidor. Além disso, a política de dividendos e eventuais novos anúncios de M&A (fusões e aquisições) podem redefinir a percepção sobre a Weg no curto e médio prazo.
Também será importante observar como a companhia reagirá à pressão global sobre cadeias produtivas e custos de insumos. A Weg divulga resultados mas a consistência dos próximos resultados dirá se o recuo nas margens foi pontual ou marca o início de uma nova fase na trajetória da empresa.
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