O Banco do Brasil (BBAS3) divulgou os resultados do 1T25, revelando um desempenho decepcionante que ficou aquém das projeções do mercado. O lucro líquido ajustado atingiu R$ 7,4 bilhões, representando queda de 23% na comparação trimestral e de 21% em relação ao mesmo período do ano anterior. Esse resultado ficou cerca de 20% abaixo do consenso do mercado, levando o banco a suspender seu guidance de lucro para 2025.
Impacto da Resolução CMN nº 4.966 e carteira de crédito
A principal razão para a queda expressiva no resultado foi a implementação da Resolução CMN nº 4.966, que alterou o método de apropriação de juros em créditos classificados no Estágio 3 (créditos de maior risco). Essa mudança impactou especialmente o Banco do Brasil, que possui grande exposição à carteira de agronegócio, onde são comuns prazos de carência e contratos “bullet”. O efeito negativo na receita de crédito foi estimado em cerca de R$ 1 bilhão.
A carteira de crédito permaneceu praticamente estável no trimestre, com crescimento de 10% na comparação anual. Os destaques positivos ficaram com o agronegócio (+2% t/t) e o crédito pessoal não consignado (+4% t/t). No entanto, a margem financeira foi afetada negativamente por um descompasso entre ativos prefixados e passivos indexados, bem como pela queda nas receitas com derivativos. No total, a margem caiu 11% t/t e 7% a/a, para R$ 23,9 bilhões.
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Deterioração dos ativos e aumento da inadimplência
Outro fator relevante nos resultados do 1T25 do Banco do Brasil foi a piora na qualidade dos ativos. A inadimplência acima de 90 dias subiu 54 pontos-base em relação ao trimestre anterior, chegando a 3,86%. O aumento foi generalizado, com destaque para:
- Pessoa física: inadimplência subiu 44bps t/t;
- Empresas: atingiu 4,06%, contra 3,51% no 4T24;
- Agronegócio: subiu para 3,04% (+59bps t/t), mais que o dobro do nível registrado em 1T24.
O volume total de empréstimos renegociados e reestruturados saltou para R$ 72 bilhões no 1T, ante R$ 46,8 bilhões no 4T24, refletindo a nova abordagem contábil. A formação de inadimplência foi de R$ 14,28 bilhões, crescendo 24% t/t e representando 128% das provisões brutas para perdas.
Receita de tarifas e eficiência operacional
As receitas de tarifas recuaram 9% t/t e ficaram estagnadas em relação ao ano anterior, totalizando R$ 8,4 bilhões. Destaques positivos vieram das tarifas de consórcios e de gestão de ativos. Os custos operacionais permaneceram controlados, com aumento modesto de 7% a/a. Ainda assim, o índice de eficiência deteriorou para 29,1%, contra 25,8% no 4T24, refletindo a pressão sobre a receita.
O patrimônio líquido caiu 3% t/t devido ao impacto da Resolução CMN nº 4.966, que exige o reconhecimento direto de provisões no balanço. Por outro lado, o CET1 subiu 8bps, alcançando 10,97%, influenciado pelo lucro líquido, efeitos atuariais e ajuste de mercado sobre títulos.
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Guidance de 2025 revisado
Devido às incertezas trazidas pela nova norma contábil e a deterioração da carteira de crédito do agronegócio, a direção do banco suspendeu o guidance de lucro para 2025. O guidance anterior para crescimento da carteira, tarifas e despesas operacionais está mantido, mas a previsão para margem financeira, custo de crédito e lucro líquido ajustado está em revisão. Um novo guidance deve ser divulgado após os resultados do 2T25.
Reação do mercado e avaliação
A expectativa é de uma reação negativa do mercado. Apesar de um desempenho positivo das ações do BB no início do ano, superando seus pares, nas últimas semanas o ativo perdeu força, especialmente com as crescentes preocupações sobre os resultados do 1T25 do Banco do Brasil. Ainda assim, o banco segue com recomendação de compra, baseada em seu valuation atrativo. O BB negocia a um P/VPA de 0,94x e a 5,5x P/L para 2025, com retorno sobre o patrimônio (ROE) projetado de 17,5%.
Embora a performance no trimestre tenha sido fraca, analistas apontam que boa parte dos impactos já pode estar precificada. Se houver estabilidade nos indicadores e uma melhora gradual na carteira de crédito, especialmente no agronegócio, o papel pode se beneficiar. O desafio da gestão será entregar resultados mais previsíveis e aumentar a confiança do mercado no restante de 2025.
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Resultados do 1T25 do Banco do Brasil revela trimestre desafiador
Os resultados do 1T25 do Banco do Brasil revelam um trimestre desafiador, marcado por forte impacto contábil, queda expressiva no lucro, aumento da inadimplência e deterioração dos ativos. A suspensão do guidance e o desempenho abaixo das expectativas geram incerteza, mas a base de comparação mais fraca pode abrir espaço para recuperação nos trimestres seguintes. A aposta dos analistas está no potencial de valorização frente ao preço atual, desde que os resultados melhorem ao longo do ano.