A Engie Brasil (EGIE3) divulgou seus resultados referentes ao primeiro trimestre de 2025. Conforme apresentado no relatório financeiro, os Resultados do 1T25 da Engie ficaram abaixo das expectativas de mercado. O EBITDA regulatório ajustado totalizou R$ 1,64 bilhão, cifra 5% inferior ao projetado por analistas. Ainda assim, houve crescimento de 8% em relação ao mesmo período de 2024, refletindo o início de operação de novas usinas e aquisição de ativos solares. No entanto, preços médios de energia mais baixos e restrições operacionais significativas prejudicaram o desempenho consolidado.
Geração de energia pressionada por compensações contratuais
O segmento de geração foi o principal responsável pela frustração nos Resultados do 1T25 da Engie. A divisão registrou EBITDA ajustado de R$ 1,47 bilhão, abaixo da expectativa de R$ 1,55 bilhão. Embora a companhia tenha vendido 12% mais energia em relação ao mesmo período do ano anterior, os preços médios praticados recuaram 3,8%, atingindo R$ 214/MWh. Esse movimento foi intensificado pelas compensações aplicadas devido ao não cumprimento dos compromissos contratuais de entrega de energia, em especial nos projetos eólicos e solares.’
As restrições operacionais alcançaram 19% da geração renovável da companhia no período, com 7% atribuídos a razões energéticas e de confiabilidade e 12% a problemas elétricos. Segundo a regulação vigente, somente restrições elétricas podem ser compensadas, aumentando o impacto direto nos resultados.
Mercado de energia e projeções de preços
Outro ponto abordado nos Resultados do 1T25 da Engie foi a exposição ao mercado de energia. A companhia reduziu sua exposição para os próximos anos: 50MWmédio para 2025, 6MWmédio para 2026 e valores menores nos anos seguintes. Os preços médios de venda para 2026 e 2027 subiram para R$ 219/MWh e R$ 225/MWh, respectivamente, enquanto os preços de compra também aumentaram, pressionando as margens futuras.
Desempenho da TAG mantém solidez dos resultados consolidados
No setor de transmissão, a Engie apresentou EBITDA regulatório de R$ 168 milhões, número em linha com as expectativas. Já a Transportadora Associada de Gás (TAG), na qual a Engie possui participação, trouxe novamente um resultado robusto. O EBITDA da TAG foi de R$ 2,02 bilhões, representando um crescimento de 8% na comparação anual. O desempenho foi impulsionado pelos reajustes tarifários e pela variação cambial favorável no contrato de transporte de gás GASENE. O lucro líquido da TAG alcançou R$ 953 milhões, acima dos R$ 841 milhões do 1T24.
Lucro líquido sobe, mas despesas financeiras surpreendem negativamente
Apesar do desempenho mais fraco na geração de energia, o lucro líquido reportado nos Resultados do 1T25 da Engie foi de R$ 826 milhões, acima da projeção de R$ 804 milhões. A surpresa positiva ocorreu mesmo com despesas financeiras líquidas de R$ 623 milhões — significativamente acima da estimativa de R$ 539 milhões. O resultado de equivalência patrimonial da TAG também veio levemente abaixo, em R$ 167 milhões, ante projeção de R$ 171 milhões.
Projetos renováveis em andamento e expectativas de conclusão
A Engie atualizou o status de seus projetos renováveis em curso. O complexo eólico Serra do Assuruá, com capacidade instalada de 846 MW e capex estimado em R$ 6 bilhões, está 100% construído, com 82% das turbinas operacionais e as demais em testes. O início comercial total é previsto para junho de 2025.
O projeto solar Assu Sol, com 752 MW e capex de R$ 3,3 bilhões, encontra-se 93% concluído, com 8 das 16 usinas operacionais ou em fase de testes. A previsão de entrada em operação plena é o quarto trimestre de 2025. Esses investimentos reforçam a posição da Engie como uma das principais operadoras de energia renovável no Brasil.
Alavancagem estável, mas tendência de aumento preocupa dividendos
A relação dívida líquida/EBITDA ficou em 2,7x, estável em relação ao trimestre anterior. No entanto, a empresa sinaliza que esse índice deve subir nos próximos trimestres, principalmente devido aos investimentos em projetos greenfield e à aquisição de duas usinas hidrelétricas anunciada em março.
Nos Resultados do 1T25 da Engie, a companhia também indicou que pretende manter o payout mínimo de 55% em 2025. Entretanto, diante do novo cenário de alavancagem, cresce a possibilidade de redução no pagamento de dividendos em 2026. Esse fator passa a ser monitorado com maior atenção por parte dos acionistas.
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Perspectivas e avaliação de mercado
Mesmo com os desafios enfrentados, os Resultados do 1T25 da Engie confirmam a consistência operacional da companhia em setores estratégicos como transmissão e gás natural. A queda de margens na geração renovável, no entanto, reforça os riscos associados ao setor elétrico e à dependência de variáveis climáticas e regulatórias.
A Engie negocia a múltiplos atrativos no mercado, com previsão de dividend yield de 5,4% para o ano. Apesar da pressão de curto prazo sobre as margens, a companhia mantém seu posicionamento estratégico com foco em ativos sustentáveis e de longo prazo, o que pode garantir solidez futura mesmo em cenários macroeconômicos adversos.