Nos bastidores do setor de telecomunicações brasileiro, um movimento estratégico está prestes a redefinir o futuro da Oi Fibra. Com a recusa dos credores da Oi (OIBR3) à proposta de compra de R$ 1 bilhão apresentada pela Ligga Telecom, liderada por Nelson Tanure, o caminho está pavimentado para o fim da Oi. A V.tal, empresa de rede neutra sob o controle de fundos geridos pelo BTG Pactual, assuma a base de 4,3 milhões de assinantes da Oi Fibra. Esta decisão se destaca em meio à complexidade do processo de recuperação judicial da Oi, que busca recuperar fôlego financeiro enquanto enfrenta desafios históricos.
A Estruturação da Nova Empresa
A absorção da Oi Fibra pela V.tal está prevista para ocorrer por meio de um processo bem estruturado. Segundo fontes do mercado, o BTG Pactual está se preparando para criar uma nova entidade corporativa que irá gerenciar os assinantes de fibra óptica da Oi de forma independente. Essa nova empresa terá sua própria equipe executiva, incluindo um CEO e um CFO separados da V.tal, garantindo assim que os princípios de rede neutra sejam mantidos.
Por que a separação é necessária?
A criação de uma estrutura independente é crucial para evitar conflitos de interesse, já que a V.tal se posiciona como uma plataforma de rede neutra, fornecendo infraestrutura para diversos clientes, incluindo grandes operadoras como Sky, Claro e TIM. Manter a integridade e a confiança desses clientes exige que a V.tal não atue diretamente no mercado de assinantes finais, o que poderia prejudicar sua posição de fornecedor neutro.
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Desafios e Estratégias da V.tal
Sob a liderança de Amos Genish, um veterano do setor com passagens por empresas como GVT e Telecom Italia, a V.tal continua sua trajetória de crescimento. A empresa reportou um faturamento de R$ 5,8 bilhões em 2023, com a maior parte dessa receita originada da Oi. No entanto, a estratégia da V.tal não se limita a depender de um único cliente. A diversificação da base de clientes é uma prioridade, com novos contratos sendo assinados com outras operadoras e provedores independentes.
A questão dos contratos:
Um dos principais obstáculos para encontrar compradores interessados na Oi Fibra tem sido o contrato vigente com a V.tal, descrito por muitos como “fora da realidade atual de mercado”. Esse contrato impõe restrições que dificultam a viabilidade financeira de potenciais adquirentes, exigindo revisões para alinhar as condições ao cenário competitivo atual.
Impacto para a Oi (OIBR3)
Para a Oi (OIBR3), a transação com a V.tal não representa uma solução financeira ideal, uma vez que será realizada por meio de troca de ações, em vez de uma injeção direta de capital. Atualmente, a Oi detém cerca de 17% da V.tal, e essa participação pode aumentar para 27,5% após a integração dos assinantes de fibra. Apesar de não gerar fluxo de caixa imediato, essa movimentação fortalece a posição estratégica da Oi na V.tal, oferecendo um potencial de valorização futura.
A operadora de telefonia enfrenta pressões financeiras significativas, com uma posição de caixa de R$ 2,1 bilhões no primeiro trimestre de 2024. Parte desse montante foi reforçado pela terceira tranche do financiamento DIP de US$ 125 milhões, provido pelo BTG, que tem as ações da Oi na V.tal como garantia. No entanto, os desafios continuam, pois a Oi precisa de recursos para honrar compromissos financeiros e investir na transição de concessão para autorização, um processo que demandará mais de R$ 5 bilhões em investimentos, a serem partilhados com a V.tal.
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O Fim da Oi como a Conhecemos: Uma Nova Identidade
Com a venda iminente da Oi Fibra, a operadora (OIBR3) entra em uma nova fase de transformação. A empresa, que já foi líder no mercado de telefonia brasileiro, se torna essencialmente uma provedora de serviços para o segmento empresarial, através da Oi Soluções, com um faturamento estimado de R$ 2 bilhões anuais. Embora isso represente uma fração do que a empresa já foi, ainda assim, é um pilar relevante para sua continuidade no mercado.
Retrospectiva de desafios e vendas de ativos:
A jornada da Oi tem sido marcada por uma série de vendas de ativos desde sua primeira recuperação judicial em 2016, quando acumulava dívidas de R$ 65 bilhões. A venda de sua divisão de torres para a Highline em 2021, a alienação do data center para a Piemonte Holding, e a venda da operação de telefonia móvel para TIM, Claro e Vivo são alguns exemplos dos passos dados pela empresa para enfrentar suas dificuldades financeiras.
Em 2022, a Oi vendeu sua rede de fibra óptica para fundos do BTG, resultando na criação da V.tal em uma transação de R$ 12,9 bilhões. No mesmo ano, o fundo canadense CPP Investments adquiriu uma participação de 9,7% na V.tal, avaliada em R$ 25 bilhões, consolidando a posição da empresa como uma das principais plataformas de rede neutra no Brasil.
Conclusão: O Novo Capítulo da Oi (OIBR3)
Muitos investidores apostaram na retoma da empresa quando as ações apenas caíram. Algum deles podem renovar a esperança após esses movimentos e recuperar o capital ou mesmo ter a chance de multiplicar rapidamente quando a transformação que acontecerá após o fim da Oi se confirmar.
Por isso, a venda dos assinantes da Oi Fibra para a V.tal representa um dos capítulos finais na transformação da Oi. O que resta é uma empresa reestruturada, focada em nichos específicos, mas ainda relevante no cenário brasileiro de telecomunicações. O BTG Pactual, por sua vez, está preparado para liderar esse novo capítulo, buscando maximizar o valor dos ativos adquiridos e posicionando a V.tal como um player central no mercado de infraestrutura de telecomunicações.
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Este movimento não só redefine a paisagem para a Oi, mas também reforça a capacidade de adaptação do BTG Pactual, que, mesmo não planejando inicialmente a aquisição direta dos clientes de fibra, se vê na posição de potencializar esse ativo dentro de sua estratégia de longo prazo.
Conheça a História da Empresa
A trajetória da Oi, uma das maiores operadoras de telecomunicações do Brasil, é marcada por um ciclo de expansão e declínio financeiro que culminou em um dos maiores pedidos de recuperação judicial do país. Fundada em 1998, a Oi surgiu da privatização do sistema Telebrás, inicialmente sob o nome Telemar. Em 2002, a companhia foi rebatizada como Oi, iniciando uma fase de rápido crescimento que a posicionou como líder no mercado nacional de telefonia.
Expansão e Aquisições
Durante a primeira década do século XXI, a Oi expandiu suas operações de forma agressiva, tanto organicamente quanto por meio de aquisições estratégicas. Em 2008, a empresa adquiriu a Brasil Telecom, consolidando sua posição no mercado e ampliando significativamente sua base de clientes. Esta expansão, no entanto, veio acompanhada de um aumento expressivo nas dívidas.
Crise Financeira
A estratégia agressiva de expansão levou a Oi a acumular uma dívida monumental, que ultrapassou R$ 65 bilhões em 2016. Investimentos pesados em infraestrutura e tecnologia, aliados a uma gestão considerada ineficiente, contribuíram para o agravamento da situação financeira. O peso das dívidas se tornou insustentável, levando a Oi a buscar proteção contra falência através de um pedido de recuperação judicial.
Recuperação Judicial e Venda de Ativos
Em junho de 2016, a Oi entrou com um pedido de recuperação judicial, que se tornou o maior da história do Brasil até então. A empresa enfrentou longas e complexas negociações com seus credores, resultando em um plano de recuperação que incluía a venda de ativos para reduzir suas dívidas.
Entre as medidas adotadas, a Oi desinvestiu em diversos ativos importantes. A venda de sua divisão de torres para a Highline, data centers para a Piemonte Holding, e sua operação de telefonia móvel para um consórcio formado por TIM, Claro e Vivo, por R$ 16,5 bilhões, foram passos significativos no processo de recuperação. No entanto, a implementação do plano foi lenta e cercada de desafios.