No final da semana passada, um caso da doença de Newcastle foi confirmado em um aviário comercial no Rio Grande do Sul, gerando uma série de consequências para o setor de carnes no Brasil. A preocupação com a propagação da doença levou o Ministério da Agricultura a decidir pelo autoembargo nas exportações de aves, medida que teve reflexos imediatos nos frigoríficos listados na B3. Esse evento destaca mais uma vez a vulnerabilidade do mercado brasileiro de aves a crises sanitárias e a complexa dinâmica das exportações, especialmente com a China.
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A Doença de Newcastle e Seus Impactos
A doença de Newcastle é uma enfermidade viral altamente contagiosa que afeta aves domésticas e selvagens. Embora não represente um risco direto para a saúde humana, sua presença pode levar a perdas significativas na produção avícola, afetando tanto a economia local quanto as exportações. No Brasil, o setor de avicultura é um dos pilares das exportações de carne, com receitas que representam 13,82% do total das exportações de carnes, totalizando US$ 4,5 bilhões.
A Reação da China e a Estratégia de Controle de Preços
A China, maior importadora de carnes do mundo, tem historicamente utilizado eventos sanitários em países exportadores como uma ferramenta para controlar preços e regular seu mercado interno. Esta estratégia já foi observada em casos anteriores, como no episódio do mal da vaca louca no Brasil no ano passado, que resultou em uma suspensão de 30 dias para os embarques brasileiros.
Ao impor embargos temporários ou prolongar os processos de inspeção, a China pode criar um excesso de oferta nos países exportadores, forçando uma redução nos preços internacionais das carnes. Esta tática permite que o país asiático negocie melhores condições de compra e, ao mesmo tempo, estabilize os preços no mercado interno, evitando picos inflacionários que possam afetar o consumo doméstico.
Reflexos no Mercado Brasileiro de Carnes
Com o autoembargo nas exportações brasileiras, as principais empresas do setor avícola enfrentam desafios significativos. A BRF, uma das maiores exportadoras de carne de frango do país, é potencialmente a mais afetada. A JBS, através de sua subsidiária Seara, e a Marfrig, controladora da BRF, também enfrentam impactos consideráveis. A receita da BRF, por exemplo, é composta em 25% por exportações de frango, enquanto a JBS depende de 6% de sua receita total das exportações avícolas.
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Além das empresas diretamente ligadas à avicultura, frigoríficos de carne bovina como Minerva e a própria JBS podem sentir reflexos negativos. A possível pressão no preço de venda da carne de boi resulta do redirecionamento do consumo de carne de frango para o mercado interno, aumentando a competição e reduzindo margens de lucro.
Estratégias de Mitigação
Diante deste cenário, as empresas buscam estratégias para mitigar os impactos. A JBS, por exemplo, possui uma rede de subsidiárias nos EUA e na Europa que pode absorver parte da produção destinada à exportação, reduzindo a dependência do mercado chinês. Já a BRF, com menos opções de redirecionamento, enfrenta um desafio maior para equilibrar suas operações.