O mercado financeiro começou uma semana em alta, deixando para trás o pessimismo que marcou as últimas sessões. Às 12h44 desta segunda-feira, o Ibovespa disparava 1,11% , enquanto o dólar derretia 1,07% , sendo negociado a R$ 6,11.
A remuneração surpreendeu muitos analistas, já que o cenário recente foi marcado por incertezas fiscais e pressões globais. Parte desse vem o rompimento de rumores publicados pelo The Washington Post , indicando que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estaria reconsiderando a política tarifária agressiva — uma das principais preocupações do mercado por seu potencial inflacionário.
Impacto das notícias sobre a política tarifária de Trump
Victor Benndorf, sócio da corretora Benndorf, explicou que, se Trump adotar uma postura mais moderada, o Federal Reserve pode ter mais espaço para cortes na taxa de juros.
“Uma postura mais agressiva manteria o Fed defensivo, mas, se Trump reduzir as tarifas, cria um ambiente menos inflacionário”, comentou Benndorf.
O temor de uma escalada tarifária preocupa principalmente os países emergentes, como o Brasil, que são mais vulneráveis às oscilações externas. No entanto, Trump rapidamente desmentiu os rumores por meio de uma postagem na Truth Social:
“A matéria do Washington Post é falsa. Não há planos de mudar a política tarifária. Mais uma Fake News!”
Apesar da negativa, o Ibovespa manteve sua trajetória de alta, e o dólar continuou perdendo força, diminuindo que o mercado local estava focado em outros fatores que impulsionaram o apetite por risco.
Por que o Ibovespa dispara mesmo com incertezas?
A alta do Ibovespa também reflete o ajuste técnico após semanas de quedas acentuadas. Rafael Passos, da Ajax Asset, destacou que o índice estava em um patamar considerado “sobrevendido”, o que significa que muitos ativos ficaram baratos, atraindo investidores em busca de boas oportunidades.
“Qualquer quebra vira uma aventura para uma recuperação quando o índice é tão restrito”, afirmou Passos.
Além disso, o mercado se ajustou após uma queda acumulada de 10% desde setembro, quando o Ibovespa atingiu uma das suas máximas do ano.
Dólar derreteu: o que explica a queda?
A queda do dólar frente ao real também está relacionada ao cenário global e às expectativas em torno das decisões do Banco Central brasileiro. Dados divulgados pela pesquisa Focus indicam que o mercado espera um aumento da Selic para 15% ao final de 2025, o que, embora sinalize pressão inflacionária, pode trazer mais segurança para investidores que buscam rendimentos atrativos.
Com uma Selic mais alta, o Brasil se torna mais atraente para investidores estrangeiros que buscam retornos em títulos de renda fixa, aumentando a entrada de dólares no país e reduzindo o preço da moeda americana.
Dados econômicos reforçam cautela
Apesar do otimismo temporário, os dados de atividade econômica ainda geram preocupação. O setor de serviços no Brasil registrou, em dezembro, o menor ritmo de crescimento de 2024, com empresas relatando queda na demanda e aumento significativo nos custos de insumos.
Segundo o Índice de Gerentes de Compras (PMI) da S&P Global, os custos de insumos registraram-se a maior alta em quase dois anos e meio, o que pode impactar a recuperação econômica nos próximos meses.
Contexto internacional: de olho nas políticas de Trump
As declarações e decisões do presidente Donald Trump continuam sendo um dos principais fatores de influência no mercado global. O possível aumento das tarifas pode aumentar os produtos importados e aumentar a competitividade das exportações brasileiras, principalmente no setor de commodities.
Além disso, os sinais de uma desaceleração econômica global, aliados à política de juros altos nos EUA, reforçam a volatilidade nos mercados emergentes.
Expectativas para os próximos dias
O mercado brasileiro inicia uma semana em um cenário de colapso, mas com a perspectiva de novos desafios pela frente. Os investidores permanecem atentos às reuniões do Banco Central e às movimentações do Federal Reserve, que podem influenciar diretamente o câmbio e o desempenho do Ibovespa.
“Se os juros americanos permanecerem altos, o dólar pode voltar a subir, enquanto o Ibovespa deve enfrentar oscilações”, explicou Passos.
Para muitos analistas, o próximo grande teste será a divulgação de dados de inflação e as declarações dos principais bancos centrais, que podem indicar se o otimismo desta segunda-feira se manterá ou se novas turbulências estão por vir.
O Ibovespa dispara e o dólar derrete em um dia marcado por rumores internacionais e técnicos no mercado local. Embora a alta probabilidade tenha sido impulsionada por uma combinação de fatores externos e internos, a volatilidade permanece como um elemento-chave para os próximos movimentos do mercado.
Com os desdobramentos das políticas econômicas nos EUA e a expectativa de mudanças na política fiscal brasileira, o mercado segue em alerta, esperando sinais mais claros que indiquem uma tendência sustentada de recuperação ou novos ajustes.
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