A aposta cambial do presidente Javier Milei resultou em um salto na procura por dólares na Argentina, que atingiu em abril o maior nível desde 2019. Após eliminar quase todas as restrições cambiais, conhecidas localmente como “el cepo”, o governo argentino viu cerca de um milhão de pessoas adquirirem US$ 1,9 bilhão em moeda americana no mês. A medida ocorreu logo após o país assegurar um pacote de financiamento de US$ 20 bilhões junto ao Fundo Monetário Internacional (FMI).
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Depósitos crescem com entrada de dólares na Argentina
Os dados divulgados pelo Banco Central da República Argentina na última sexta-feira (31) indicam uma mudança drástica na política cambial. Em março, antes da flexibilização, apenas 34 mil pessoas haviam comprado um total de US$ 6 milhões. O crescimento vertiginoso revela a confiança parcial dos argentinos no sistema, já que cerca de metade dos dólares na Argentina permaneceu depositada nos bancos, gerando um aumento de US$ 1 bilhão nos depósitos em moeda estrangeira.
Fim do limite de compra de dólares
A suspensão do limite de US$ 200 por pessoa, vigente desde o governo de Mauricio Macri, marcou uma guinada na política econômica. Milei justificou a decisão como parte de um plano de liberalização e recuperação da credibilidade externa, mirando estabilidade antes das eleições legislativas de outubro.
Segundo o economista Marcos Buscaglia, da consultoria Alberdi Partners, “as compras de US$ 2 bilhões não são nem surpreendentes nem modestas, dado que foi o primeiro mês sem o cepo”.
Expectativa de alta na demanda pré-eleitoral
A corretora Portfolio Personal Inversiones (PPI) destaca que, historicamente, a demanda por dólares na Argentina tende a se intensificar antes das eleições. “É provável que a busca por dólares aumente à medida que nos aproximamos da votação de meio de mandato em 26 de outubro”, escreveram analistas da PPI liderados por Pedro Siaba Serrate.
Ainda segundo a corretora, os dados de maio serão fundamentais para entender se haverá estabilização ou se a tendência de alta continuará. Um novo pico de demanda poderia comprometer as reservas internacionais e reacender pressões inflacionárias.
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Riscos e consequências da liberalização cambial
A liberação cambial representa uma mudança estrutural na política econômica do país. No entanto, ela traz riscos significativos em um cenário de fragilidade fiscal, instabilidade monetária e volatilidade política.
O comportamento da população em relação aos dólares na Argentina será decisivo para o sucesso do plano de Milei. A continuidade do programa dependerá da capacidade do governo em conter os impactos negativos no curto prazo e garantir credibilidade internacional.