O resultado da Vale (VALE3) no terceiro trimestre de 2024 (3T24) trouxe números que refletem um cenário de desafios no mercado global de minério de ferro e outros metais. A mineradora brasileira registrou um lucro líquido de US$ 2,4 bilhões no período, o que representa uma queda de 15% em relação ao 3T23, pressionada pela redução nos preços do minério de ferro, que caíram 14% no período. Esse declínio resultou em preços realizados de US$ 90,6 por tonelada, impactando significativamente a rentabilidade da empresa, que mesmo com produção estável, viu suas margens serem afetadas.
O EBITDA ajustado apresentado no resultado da Vale foi de US$ 3,7 bilhões, uma queda de 18% em comparação ao mesmo período do ano anterior, o que reforça os desafios que a empresa enfrenta com custos operacionais crescentes, especialmente relacionados ao frete, e a demanda global por minério de ferro, que continua enfraquecida devido às condições econômicas globais, especialmente na China, seu maior mercado consumidor.
Destaques Financeiros do Resultado da Vale 3T24
- Receita líquida: US$ 9,5 bilhões, uma queda de 10% em relação ao terceiro trimestre de 2023.
- Lucro líquido: US$ 2,4 bilhões, uma queda de 15% a/a, reflexo da pressão nos preços do minério.
- EBITDA ajustado: US$ 3,7 bilhões, uma queda de 18% a/a, devido à redução dos preços de referência do minério de ferro.
- Margem EBITDA ajustada: 38%, uma queda em relação aos 42% do ano anterior.
Esses números do resultado da Vale refletem um trimestre desafiador, que continua enfrentando a volatilidade do mercado global e a pressão nos preços de suas commodities principais. Embora a produção tenha mantido uma trajetória estável, a queda dos preços e os custos crescentes, especialmente no setor de logística, influenciaram negativamente o resultado final.
Além do resultado da Vale, acompanhe outros através do nosso GUIA DE RESULTADOS DO 3T24
Segmento de Minério de Ferro
A Vale continua sendo uma das maiores produtoras mundiais de minério de ferro, mas os desafios no mercado internacional se intensificaram no 3T24. A produção total de minério de ferro apresentado pelo resultado da Vale foi de 81,8 milhões de toneladas, um aumento de 2% em relação ao 3T23, enquanto as vendas de pelotas tiveram uma alta expressiva de 18% no período. No entanto, os preços realizados caíram para US$ 90,6 por tonelada, o que pressionou a rentabilidade da mineradora.
A margem EBITDA ajustada no segmento de minério de ferro ficou em 38%, uma queda em relação aos 42% registrados no mesmo período do ano anterior, principalmente devido à queda nos preços globais da commodity. Os preços de referência do minério de ferro caíram 12% no trimestre, refletindo a diminuição da demanda, principalmente da China, maior consumidor mundial de minério de ferro.
Mesmo com a produção em crescimento e operações eficientes no Brasil, nota-se no resultado da Vale o desafio de manter sua competitividade em um cenário global adverso. A empresa tem buscado reforçar sua estratégia operacional, mas a desaceleração econômica global e a menor demanda chinesa seguem impactando diretamente o desempenho financeiro.
Segmento de Metais Básicos e Estratégia de Diversificação
A Vale também atua fortemente no segmento de metais básicos, com foco no níquel e no cobre, ambos essenciais para a transição energética global e o aumento da demanda por veículos elétricos. O resultado da Vale no 3T24 mostrou que o segmento de metais básicos continuou a enfrentar desafios, com uma performance mais fraca no níquel, embora o cobre tenha mostrado sinais de recuperação.
- Níquel: As vendas de níquel ficaram em 40,7 mil toneladas, 16% acima das expectativas, o que ajudou a compensar parte da pressão no mercado de metais. A produção de níquel foi de 47,1 mil toneladas, um aumento de 12% em relação ao 3T23, impulsionada por melhorias operacionais nas unidades de Sudbury e Long Harbour, no Canadá.
- Cobre: As vendas de cobre totalizaram 75,2 mil toneladas, um desempenho 6% abaixo do esperado, mas a produção de 85,9 mil toneladas representou um crescimento de 5% em relação ao ano anterior. O aumento na produção foi resultado de maiores graus de alimentação em minas como Sudbury e Salobo.
O resultado da Vale continua a mostrar investimentos em expansão desses segmentos, especialmente no desenvolvimento de projetos de mineração de cobre e níquel, como parte de sua estratégia para diversificar suas operações e reduzir a dependência do minério de ferro. Esses metais são considerados cruciais para o futuro da energia limpa, e a Vale tem apostado em se posicionar como um player importante na cadeia de valor da transição energética.
Custos Operacionais e Desempenho Financeiro
No 3T24, o resultado da Vale mostra que a empresa conseguiu controlar seus custos operacionais em algumas áreas, apesar das dificuldades. O custo caixa C1 do minério de ferro, sem incluir compras de terceiros, foi de US$ 20,6 por tonelada, uma redução de 6% em relação ao 2T24, refletindo melhorias operacionais e a depreciação cambial favorável. No entanto, o aumento de 9% no custo de frete foi um dos fatores que pressionaram os resultados.
A empresa destacou que a nova unidade de S11D, no Pará, teve um desempenho robusto, contribuindo para a diluição dos custos de produção e aumentando a eficiência operacional, o que foi fundamental para alcançar uma produção estável, mesmo em um ambiente de preços desafiador.
Endividamento e Gestão Financeira
O endividamento da Vale também esteve em foco no 3T24. A dívida líquida totalizou US$ 13,8 bilhões, um leve aumento em relação ao trimestre anterior. No entanto, a empresa destacou a importância de suas iniciativas para manter a alavancagem controlada, com a relação dívida líquida/EBITDA ajustado em 1,4 vez, refletindo a forte geração de caixa da mineradora.
O resultado da Vale no 3T24 também evidenciou que a companhia manteve sua estratégia de hedge para proteger suas operações da volatilidade cambial, especialmente devido à exposição da empresa às flutuações do dólar. A empresa reafirmou seu compromisso com a gestão disciplinada de capital e a busca por oportunidades de redução de custos em todas as suas operações.
Atualização das Projeções para 2024
Além da divulgação do resultado da Vale, a companhia revisou suas projeções para o custo all-in de cobre em 2024, reduzindo o intervalo de US$ 3.300 a 3.800 por tonelada para US$ 2.900 a 3.300 por tonelada. Essa redução reforça o foco da empresa em otimizar suas operações e gerar mais eficiência nos custos de produção.
Essa atualização nas projeções surge em um momento crucial para a mineradora, pois a demanda global por cobre continua crescendo, impulsionada pelo aumento do uso em tecnologias sustentáveis, como veículos elétricos e infraestrutura de energia renovável. A redução nos custos reforça a capacidade da Vale de competir globalmente e se beneficiar do aumento da demanda por metais base.
Perspectivas para o Quarto Trimestre e 2025
Para o quarto trimestre de 2024, a Vale espera uma continuidade no crescimento de suas operações, com foco em aumentar a produção de minério de ferro e manter a eficiência nos custos operacionais, especialmente nas divisões de cobre e níquel. A empresa também continuará a monitorar os mercados internacionais de commodities, com foco na estabilização dos preços do minério de ferro e na recuperação da demanda chinesa.
Para 2025, a empresa projeta um cenário de recuperação gradual nas operações de cobre e níquel, com expectativa de maior demanda global, especialmente devido aos investimentos em infraestrutura e transição energética. Contudo, as operações de minério de ferro podem enfrentar desafios devido à volatilidade dos preços no mercado global e ao aumento da oferta de concorrentes.
Em resumo, o resultado da Vale superou as expectativas e o mercado aguarda melhora do cenário na China para a empresa voltar a brilhar na bolsa.