A Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) divulgou recentemente o fator Y do reajuste de preços de medicamentos para o ciclo 2025-2026. Esse fator é um dos elementos que compõem a fórmula utilizada para determinar os aumentos anuais dos medicamentos no Brasil.
Para este ciclo, o fator Y foi calculado em -0,70904. No entanto, segundo as regras estabelecidas pela CMED, valores negativos são ajustados automaticamente para zero. Isso significa que, neste ano, esse fator não terá impacto nos preços dos medicamentos.
Além do fator Y, outros elementos também afetam o reajuste anual dos preços dos medicamentos, como a variação cambial e os custos de eletricidade, que são considerados no cálculo do fator. Entretanto, com a fórmula resultando em um valor negativo, os preços dos medicamentos não sofrerão aumentos adicionais devido a esse índice em 2025.
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Como o Fator Y Impacta os Preços de Medicamentos?
O fator Y ajusta os preços com base em variações nos custos que não são capturados pelo índice oficial de inflação, o IPCA. Ele considera, principalmente, dois elementos:
- A variação real da taxa de câmbio do dólar – ajustada pela inflação tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
- Mudanças nas tarifas de eletricidade – determinadas pela ANEEL e ajustadas conforme a inflação.
Neste ciclo, a fórmula da CMED indicou um valor negativo, o que significa que não haverá qualquer ajuste adicional sobre os preços de medicamentos devido ao fator Y.
Isso tem implicações diretas para as farmácias e distribuidoras do setor, que sempre esperam ajustes nos preços para compensar oscilações econômicas e o aumento de custos operacionais.
Outros Elementos que Influenciam os Preços de Medicamentos
Além do fator Y, há outros dois componentes fundamentais na fórmula de reajuste da CMED:
- Fator X: Mede a produtividade do setor farmacêutico e tem impacto direto na precificação dos medicamentos. Para 2025, a ANVISA determinou que esse fator será de 2,5%, indicando que o aumento máximo dos preços dos medicamentos ficará abaixo da inflação deste ano.
- Resolução nº 2/2024: Regulamentação da CMED que recalibra os preços farmacêuticos com base na retirada do ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins. Dependendo da carga tributária de cada medicamento, essa mudança pode reduzir os preços máximos ao consumidor em até 2,59%.
Dessa forma, enquanto o fator Y não trará aumento nos preços, a regulação da CMED e a definição do fator X resultam em uma perspectiva de reajuste inferior à inflação, impactando diretamente o setor.
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Impacto do Controle de Preços para o Setor Farmacêutico
A regulação dos preços de medicamentos no Brasil gera impactos distintos para os players do setor. Como os reajustes anuais são limitados pela CMED, farmácias e redes de varejo farmacêutico precisam encontrar maneiras de manter suas margens de lucro diante da pressão sobre os preços.
A Raia Drogasil (RD), por exemplo, é uma das empresas mais afetadas por essas regulações, já que aproximadamente 70% de suas vendas estão sujeitas à regulação de preços. Do total de vendas da rede, 42% vêm de medicamentos de marca e 12% de genéricos, ambos diretamente impactados pela limitação nos aumentos de preços.
Estratégias para Mitigar os Efeitos da Regulação
Diante das restrições impostas pela regulação, as empresas do setor farmacêutico podem adotar algumas estratégias para compensar a limitação no aumento dos preços dos medicamentos:
1. Redução de Descontos ao Consumidor
Atualmente, as redes de farmácias oferecem descontos médios de 25% sobre os preços de medicamentos. Com o reajuste limitado, reduzir esses descontos pode ser uma estratégia para minimizar os impactos da regulação sobre as margens de lucro.
2. Expansão e Abertura de Novas Lojas
Muitas redes farmacêuticas vêm acelerando a expansão de suas lojas como forma de aumentar o faturamento. A RD, por exemplo, anunciou um plano de expansão que prevê a abertura de 330 a 350 novas lojas em 2025.
3. Investimento em Digitalização e Omnicanalidade
O varejo farmacêutico tem investido fortemente na digitalização de seus canais de venda e na integração entre lojas físicas e digitais. Esse movimento busca aumentar a eficiência operacional e melhorar a experiência do consumidor.
A RD, por exemplo, aposta na sua plataforma digital e no modelo omnichannel para manter seu crescimento sustentável. Além disso, a empresa destaca que sua taxa interna de retorno (TIR) tem aumentado, atingindo 24% no nível de loja nos últimos quatro anos, comparado à média histórica de 20%.
Setor Farmacêutico Continua Resiliente no Longo Prazo
Apesar dos desafios impostos pelo controle dos preços de medicamentos, o setor farmacêutico continua sendo um dos mais resilientes da economia brasileira. Desde o ano 2000, o varejo farmacêutico apresenta um crescimento médio anual (CAGR) de 13%, impulsionado por fatores estruturais como:
- Envelhecimento da população brasileira, que aumenta a demanda por medicamentos.
- Acesso ampliado a planos de saúde e programas de assistência farmacêutica.
- Maior conscientização da população sobre saúde e bem-estar.
Esse cenário faz com que grandes redes como RD, Pague Menos e Drogaria São Paulo continuem investindo no crescimento de suas operações, mesmo diante das limitações impostas pela regulação de preços.
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Novo reajuste dos preços dos medicamentos
O reajuste dos preços de medicamentos em 2025 será impactado diretamente pela definição do fator Y, que foi ajustado para zero, e pela Resolução nº 2/2024 da CMED. Com isso, os aumentos de preços devem ficar abaixo da inflação, pressionando as margens do setor farmacêutico.
Empresas como RD, Pague Menos e outras redes de farmácias precisarão adotar estratégias para compensar esse impacto, como redução de descontos, expansão de lojas e investimentos em digitalização.
Apesar dos desafios de curto prazo, o setor segue resiliente no longo prazo, impulsionado pelo crescimento contínuo da demanda por medicamentos e pela evolução do varejo farmacêutico no Brasil.