Você já parou para pensar de onde vem o dinheiro que financia o sonho da casa própria de milhões de brasileiros? Tradicionalmente, ele vinha da poupança. Mas essa fonte está secando — e rápido. É por isso que o Banco Central vai apresentar um novo modelo de financiamento da casa própria, tentando garantir que o crédito imobiliário continue fluindo, mesmo num cenário de mudanças no mercado financeiro.
A informação foi dada pelo próprio presidente do BC, Gabriel Galípolo, durante a abertura da Febraban Tech 2025, em São Paulo. Segundo ele, a proposta nasce como uma “ponte” para a poupança, mas com base em captação de mercado — ou seja, outra forma de financiar imóveis, sem depender tanto da velha e tradicional caderneta.
Por que a poupança não segura mais o mercado?
A verdade é que, hoje, a poupança deixou de ser o queridinho dos brasileiros. Em tempos de educação financeira mais acessível e produtos com rentabilidades muito melhores, guardar dinheiro na poupança virou quase um luxo. E com mais saques do que depósitos, os bancos estão tendo dificuldades para manter a oferta de crédito imobiliário.
Foi exatamente esse ponto que Galípolo destacou ao afirmar que a perda de recursos da poupança é estrutural. Para ele, não se trata apenas de um momento. É uma mudança de comportamento.
“É difícil competir com outras alternativas. Parece natural, com mais educação financeira, que os recursos da poupança encolham”, afirmou.
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O que é esse novo modelo de financiamento da casa própria?
A proposta ainda não foi divulgada em detalhes, mas o que se sabe até agora é que o BC trabalha junto com os bancos — especialmente a Caixa Econômica Federal — para criar uma estrutura alternativa que permita aos bancos levantar dinheiro no mercado e usá-lo no crédito imobiliário.
Galípolo chamou isso de um “processo ponte”, sugerindo que a nova proposta não vai acabar com a poupança, mas deve ser uma nova engrenagem no motor do setor imobiliário.
Carlos Vieira, presidente da Caixa, também confirmou os estudos e disse que está em diálogo com o Banco Central. Ele defende que os bancos tenham mais liberdade para usar os próprios recursos — incluindo a redução dos chamados compulsórios, que são os valores que os bancos precisam deixar parados no BC. Mas essa é uma ideia que o Banco Central encara com cautela.
“Estamos dialogando no sentido de termos, de forma permanente, os fundos necessários”, disse Vieira, sem entrar em detalhes.
Qual é o pano de fundo dessa mudança?
A conversa sobre um novo modelo de financiamento da casa própria acontece num momento sensível. O governo estuda passar a cobrar imposto de renda sobre as LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) — hoje isentas — como parte do pacote fiscal que visa aumentar a arrecadação. Se essa proposta for aprovada, ela pode tornar esses papéis menos atraentes para os investidores e, consequentemente, limitar uma das fontes atuais de financiamento imobiliário.
Esse movimento, somado à sangria da poupança, exige uma reação do sistema financeiro. É aí que entra a nova proposta do Banco Central: criar um modelo mais flexível, moderno e resiliente para sustentar o mercado habitacional.
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Novo modelo de financiamento da casa própria: E agora, o que esperar?
Por enquanto, o presidente do BC não quis se comprometer com datas nem abrir muitos detalhes. Mas a sinalização foi clara: vem mudança por aí, e ela deve mexer diretamente com a forma como os brasileiros compram seus imóveis.
No curto prazo, não há risco de colapso do crédito imobiliário. A Caixa ainda tem fôlego e outras fontes continuam operando. Mas a construção civil — que depende fortemente desses recursos — já acende o alerta. Um novo modelo é mais que bem-vindo: é necessário.
E enquanto isso, no mercado, os olhos estão voltados para Brasília e para o Congresso. A taxação das LCIs ainda precisa ser aprovada, e há forte resistência de entidades do setor. Caso avance, a urgência por novas formas de funding imobiliário será ainda maior.