Lula escolhe Gleisi Hoffmann, presidente do PT, para assumir a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, conforme anunciado pelo Governo Federal nesta sexta-feira, 28 de fevereiro.
A nomeação marca o retorno do petista à Esplanada dos Ministérios após 11 anos, em um momento de desafios para a articulação política do governo. Hoffmann substituirá Alexandre Padilha (PT), que ocupava o cargo desde o início do terceiro mandato de Lula.
Padilha foi remanejada para o Ministério da Saúde, assumindo o lugar de Nísia Trindade, demitida nesta semana. A turma de Gleisi Hoffmann está marcada para 10 de março, e sua missão será melhorar a relação com o Congresso Nacional, que enfrenta críticas e dificuldades, conforme apurou o jornalista Gustavo R. Silva, do Money Times . A escolha ocorre em um contexto de queda na aprovação de Lula, registrada por pesquisas recentes.
Gleisi Hoffmann: Retorno com Desafios Políticos
Gleisi Hoffmann, deputada federal pelo Paraná e presidente do PT desde 2017, já foi ministra da Casa Civil entre 2011 e 2014, na governadora Dilma Rousseff. Agora, ela retorna ao centro do poder com a tarefa de articular o diálogo entre o governo e os parlamentares.
Segundo a Reuters , Lula escolheu Hoffmann acreditando que ela pode se destacar como negociadora, mesmo enfrentando resistência de aliados.
A nomeação ocorre em um momento delicado para o governo. Pesquisas Genial/Quaest e Paraná Pesquisas apontam desaprovação crescente, com 49% dos entrevistados indo a gestão de Lula em janeiro, conforme o levantamento da Quaest .
No Congresso, o governo enfrentou dificuldades para aprovar pautas prioritárias, e a escolha de Hoffmann, visto como um nome do núcleo duro do PT, pode complicar ainda mais as negociações.
Ibovespa Reage com Queda Imediata
Lula escolhe Gleisi Hoffmann para a Secretaria de Relações Institucionais, e isso mexe com o mercado financeiro. O Ibovespa, que já operava em baixa devido à liquidez negativa pré-Carnaval, ampliou as perdas após o anúncio.
Às 14h26, o índice caiu 1,01%, chegando a 223.555 pontos, conforme informado o jornalista Renan Dantas, do Money Times .
A ocorrência do mercado reflete preocupações com a nova política de configuração. Rafael Passos, analista da Ajax Asset , afirmou ao Money Times :
“No final do ano passado, o mercado já havia dado um sinal claro de que o direcionamento do governo estava errado.”
Ele citou a abertura da taxa de juros, a disparada do dólar e a queda da popularidade do governo como sinais de alerta para investidores.
Analistas Veem Riscos no Fechamento do PT
A nomeação de Hoffmann é interpretada como um movimento do PT de se fechar em seu núcleo.
“Ao indicar, fica claro que o PT se fecha no próprio núcleo”, explicou Passos ao Money Times .
Ele alertou que isso pode levar a um eventual desembarque do Centrão, grupo que tem apoiado o governo no Congresso, mas que pode se afastar diante da nova parceria conjunta de Hoffmann.
Victor Benndorf, da Benndorf Research , foi mais duro ao Money Times :
“A chegada de Gleisi é a cereja do bolo.”
Ele destacou os dados recentes do Caged , que mostram desemprego estável, mas uma economia aquecida, ou que pressiona a inflação.
“O governo está apenas com a cabeça para fora da cova em termos de popularidade”, completou Benndorf, apontando que a escolha pode agravar a percepção negativa do mercado.
Contexto Econômico e Global
No cenário doméstico, os dados do Caged indicam uma economia aquecida, com números de desemprego ainda fortes, o que não favorece o controle da inflação.
A escolha de Hoffmann por Lula reforça a preocupação dos investidores com a direção política do governo, especialmente em um momento de fragilidade na popularidade do presidente.
Nos Estados Unidos, os dados divulgados hoje mostraram uma queda inesperada nos gastos dos consumidores em janeiro, mas o índice PCE subiu 0,3%, o que pode adiar cortes de juros pelo Federal Reserve , segundo o Money Times .
Em Nova York, os futuros acionários operaram em alta, enquanto os rendimentos dos títulos do Tesouro recuaram, diminuindo um cenário global misto que também influencia o mercado brasileiro.
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Perspectivas e Incertezas
A nomeação de Gleisi Hoffmann ocorre em um momento de desafios econômicos e políticos para o governo Lula.
A articulação com o Congresso será testada nos próximos meses, especialmente com pautas importantes de tramitação. A escolha de um nome tão ligado ao PT pode dificultar o diálogo com parlamentares de outros espectros políticos, como o Centrão, que já demonstra sinais de insatisfação.
Lula escolhe Gleisi Hoffmann em um contexto de queda na aprovação, com pesquisas focadas crescentes até no Nordeste, reduto tradicional do PT.
O mercado financeiro, por sua vez, acompanhará os desdobramentos dessa nomeação, que já impactaram o Ibovespa e poderão trazer mais volatilidade nas próximas semanas.
