Na manhã desta terça-feira (8), o economista Gabriel Galípolo, indicado à presidência do Banco Central, participou de uma sabatina no Senado. Um dos momentos mais marcantes da sessão foi quando a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) utilizou sua fala para fazer um alerta a Galípolo, sugerindo que sua relação com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, pode não ser tão estável quanto parece.
Damares começou seu discurso comentando sobre a relação do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com o ex-ministro da Economia Paulo Guedes durante o governo Bolsonaro. A senadora afirmou que, apesar das aparências, a “lua de mel” entre Campos Neto e Guedes “nem sempre era de verdade”. Em seguida, ela aconselhou Galípolo, dizendo:
“A sua lua-de-mel com Fernando Haddad vai acabar.”
A declaração provocou reações no plenário, destacando as tensões que podem surgir entre o Banco Central e o Ministério da Fazenda, principalmente em relação à política econômica.
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Política de Endividamento e Papel do Tesouro Nacional
Outro ponto importante da sabatina foi quando a senadora Damares questionou Galípolo sobre a relação entre dívida e PIB. Em sua resposta, Galípolo explicou que a política de endividamento do governo é uma atribuição do Tesouro Nacional, que determina quais títulos públicos serão oferecidos ao mercado, considerando a demanda e as condições econômicas.
“Não acho recomendável fazer qualquer tipo de tabelamento ou limitação [dos títulos ofertados] nesse sentido,” afirmou Galípolo, destacando que o papel do Banco Central é acompanhar os efeitos dessas emissões na inflação e nas expectativas de mercado.
Galípolo reforçou que a gestão de títulos é fundamental para monitorar a inflação futura, mas que o Banco Central deve manter uma política de câmbio flutuante, vista como uma linha de defesa para a economia em momentos de oscilações econômicas globais.
Relação com Lula e Campos Neto
Quando questionado pelo senador Izalci Lucas (PL-DF) sobre a relação com o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, Galípolo foi enfático em sua resposta. Ele disse que sua relação com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Campos Neto é a “melhor possível”, rebatendo especulações de possíveis divergências.
“Minha relação com os presidentes [Lula e Campos Neto] é a melhor possível, não consigo fazer qualquer queixa sobre ambos,” afirmou o economista, reafirmando a importância da cooperação institucional entre o governo e o Banco Central.
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Independência do Banco Central
A autonomia do Banco Central foi um tema central na sabatina, com o senador Dr. Hiran (PP-RR) mencionando que Campos Neto frequentemente atuou como “contraponto” dentro do Conselho Monetário Nacional (CMN), formado por membros do Poder Executivo.
Galípolo defendeu a independência operacional do Banco Central e destacou que a instituição deve ter liberdade para perseguir as metas definidas pelo governo democraticamente eleito, sem interferências que comprometam sua capacidade de manter a estabilidade econômica.
“Sou daqueles que defendem que o Banco Central não deveria nem votar na meta de inflação,” disse Galípolo, ao argumentar que a estrutura institucional do BC deve ser reforçada para garantir o cumprimento de suas funções. Ele ainda mencionou o Pix como exemplo de infraestrutura pública digital essencial, ressaltando o papel estratégico do BC no desenvolvimento de inovações financeiras.
Políticas Sustentáveis e Mudanças Climáticas
A senadora Teresa Leitão (PT-PE) questionou Galípolo sobre o papel do Banco Central na promoção de políticas sustentáveis e no combate às mudanças climáticas. Galípolo destacou que os principais bancos centrais do mundo têm discutido o impacto das questões ambientais nas políticas monetárias, e afirmou que o BC brasileiro está atento ao tema, colaborando com o governo federal.
“Vejo para o Brasil uma grande oportunidade de se firmar como um polo [de sustentabilidade]. O Brasil tem tanto uma segurança alimentar quanto energética, com uma matriz energética mais limpa,” afirmou Galípolo.
Ele ressaltou que, no contexto global de pressões inflacionárias, o Brasil pode se destacar pela sua matriz energética sustentável, o que representa uma vantagem competitiva em um cenário de transição para uma economia mais verde.
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