A economia alemã recebeu mais um duro golpe nesta terça-feira (8), com a divulgação de que institutos econômicos reduziram drasticamente a previsão de crescimento para 2025: de 0,8% em setembro para apenas 0,1%. A revisão, segundo fontes da Reuters, ainda não considera os efeitos completos das novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, o que pode agravar ainda mais o cenário já fragilizado da maior economia da Europa.
Nos últimos dois anos, a economia alemã foi a única entre as do G7 que não registrou crescimento. Com a inclusão das tarifas adicionais anunciadas pelo presidente Donald Trump, a expectativa de uma recuperação se afasta, reacendendo temores de uma terceira recessão consecutiva – um evento sem precedentes na história recente do país.
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Revisão drástica nas projeções
Segundo as fontes, as previsões oficiais, que serão divulgadas na quinta-feira, também apontam para uma leve recuperação em 2026, com crescimento um pouco acima de 1%. No entanto, a projeção anterior para o mesmo ano era de 1,3%. O corte reflete o impacto prolongado da crise e o ritmo lento de recuperação que a economia alemã deve enfrentar.
Embora as estimativas já levem em conta tarifas de 25% sobre alumínio, aço e automóveis exportados para os EUA, elas ainda não consideram os novos aumentos tarifários de 20% sobre diversos outros produtos europeus, anunciados recentemente. O atraso na incorporação dessas medidas indica que a situação pode piorar ainda mais, caso a guerra comercial se intensifique.
Especialistas afirmam que o crescimento de apenas 0,1% sinaliza uma estagnação técnica, o que exige ações imediatas por parte do governo alemão. A economia alemã, que já vem enfrentando dificuldades desde a pandemia, agora precisa lidar com uma nova onda de desafios internacionais.
Tentativas de estímulo e seus limites
Após as eleições de fevereiro, uma coalizão entre conservadores e sociais-democratas propôs um pacote de € 500 bilhões para infraestrutura, defesa e mudanças nas regras de empréstimos públicos. Embora a iniciativa traga algum alívio, analistas alertam que seus efeitos só serão sentidos com mais força a partir de 2026, deixando um vácuo econômico no curto prazo.
Esse hiato é crítico porque, sem estímulos imediatos e eficazes, a economia alemã pode continuar afundando sob o peso das tarifas, do consumo enfraquecido e da retração nos investimentos. A confiança do consumidor e das empresas permanece baixa, e o setor industrial, especialmente o automobilístico, já demonstra sinais de desaceleração.
Alguns especialistas destacam que o pacote de estímulo é importante, mas insuficiente para reverter as pressões de curto prazo. O Banco Central Europeu (BCE) também é mencionado como peça-chave, com possíveis cortes de juros ainda em avaliação para tentar estimular a economia alemã.
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Ameaças externas e vulnerabilidades internas
Além da pressão tarifária dos EUA, a economia alemã também enfrenta desafios estruturais internos. A dependência excessiva das exportações, a burocracia para reformas e o envelhecimento da população estão entre os fatores que limitam a capacidade de resposta do país.
A Alemanha é tradicionalmente uma potência exportadora, mas esse modelo se torna um obstáculo em tempos de protecionismo global. As tarifas impostas por Washington afetam diretamente setores-chave da economia alemã, como a indústria automotiva, a metalúrgica e a de bens de capital.
Os institutos econômicos recomendam ações mais ousadas, como reformas estruturais profundas, simplificação tributária e estímulos ao setor produtivo doméstico. No entanto, até agora, o programa econômico negociado pelos partidos da futura coalizão é considerado tímido.
O economista-chefe do Hamburg Commercial Bank, Cyrus de la Rubia, afirmou que “a Alemanha tem poder de fogo fiscal, mas precisa utilizá-lo com foco em reformas sustentáveis”. Para ele, apenas subsídios não resolverão os problemas da economia alemã.
Projeções para os próximos anos
A expectativa para 2026 é de um crescimento pouco acima de 1%, com projeção anterior de 1,3%. O número revisto reflete um otimismo contido diante de uma realidade econômica mais complexa. Caso a guerra comercial se intensifique, novas revisões para baixo podem ocorrer.
O Ministério da Economia da Alemanha deverá incorporar as novas estimativas dos institutos econômicos em sua própria previsão de crescimento, que será divulgada em breve. A preocupação no mercado é que a economia alemã não consiga retomar uma trajetória sólida de crescimento nos próximos três anos.
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Economia alemã em trajetória de risco
A economia alemã segue em trajetória de risco, com previsões de crescimento cada vez mais modestas e um ambiente externo marcado por protecionismo e instabilidade. As decisões dos próximos meses serão cruciais para evitar que a Alemanha registre um terceiro ano consecutivo de contração.
Para muitos analistas, o cenário atual exige mais do que pacotes fiscais: é preciso uma mudança estrutural e estratégica. Caso contrário, a economia alemã continuará como o elo fraco entre as potências globais.