Cripto isso, cripto aquilo… cripto, cripto, cripto… Ah, vem do grego, ‘escondido’, ‘oculto’. No Palatino, na velha Roma, sob as ruínas do palácio dos Césares, há um “criptopórtico”, um arco de uma passagem subterrânea. No porão das catedrais e castelos há uma “cripta”, onde se sepultam os mortos. Cripta/cripto adquire assim uma característica de algo misterioso, oculto, quiçá sobrenatural.
E é exatamente isto.
Cripto-grafia é, portanto, usando as raízes gregas, é “escrever oculto”. Tecnicamente, alguém dirá, sendo confidencial toda correspondência, toda carta é criptográfica. Negativo. A criptografia é escrever de forma oculta, escrever que mesmo que alguém capte a mensagem, seu sentido seja oculto. Isto é particularmente severo em transmissão de informações públicas, como ondas de rádio. Basta sintonizar a frequência certa, captam a sua mensagem. Exceto se ela estiver criptografada. A mensagem criptografada está oculta a céu aberto, não fará sentido a quem não a soube traduzir.
A história da criptografia é deliciosa, tanto em seus causos como métodos. O conto ”O Escaravelho de Ouro” do pai do mistério americano, Edgar Allan Poe, é rigorosamente uma caça a um tesouro pirata com uma mensagem cifrada em código… ou seja, criptografada. O método em que o código do pirata foi traduzido e o tesouro recuperado foi dos mais didáticos, avaliaram o símbolo mais comum e concluíram que se tratava da letra “E”, já que, em inglês, é a letra mais comum. Logo depois foram atrás de conjunto de símbolos repetitivos que indicassem artigos, como “the”, ou palavras duplas, como “see”. Quem não brincou com a famosa fonte Wingdings? O conto é basicamente o Wingdings pirata.
Método análogo Champollion traduziu os hieróglifos da pedra da Roseta. Havendo um texto tanto em egípcio quanto em grego, usando como gabarito o texto grego o estudioso inferiu o significado dos símbolos, e começou uma revolução na arqueologia. A diferença, evidentemente, era que os egípcios não queriam criptografar o texto, mas o tempo o criptografou, com a língua copta desaparecendo. Felizmente, o grego não.
Pegue suco de limão, molhe num cotonete e escreva numa folha de papel. A folha permanece branca e “criptografada”. Esquente a folha numa chama, a acidez do limão queimará o papel e a mensagem se revelará.
O limão é a criptografia, o calor é o método de decifrar.
Mas a criptografia mais comum é embaralhar o próprio alfabeto:
“P pckfujwp eb dsjquphsbgjb h ftdsfwfs ef nbofjsb rvf tr tfv joufsmpdvups, bp qfhbs b nfotbhfn, dpotjhb foufoefs”
Não entendeu? Pois o código é que cada letra original foi adiantada uma letra para frente. Então, o primeiro “P” é seu antecessor, “o”. E assim vai. A mensagem original é esta
“O objetivo da criptografia e escrever de maneira que so seu interlocutor, ao pegar a mensagem, consiga entender”
Ah sim, os acentos morreram no caminho. Mas é um método primitivo, feito de maneira didática. Criptografia é um prato cheio para o uso de computadores, considerando o volume de tediosos cálculos, e foram os computadores que transformaram a criptografia numa grande e refinada técnica.