A proposta de criação de plano de saúde popular com mensalidade em torno de R$ 100 ganhou novo fôlego após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sinalizar apoio à iniciativa. O projeto, que foca exclusivamente em consultas e exames ambulatoriais, excluindo internações, foi revelado pela coluna Radar, da revista Veja, e está em fase de articulação pelo Ministério da Saúde, sob comando de Alexandre Padilha.
A ideia é que essa nova modalidade seja incorporada a um pacote mais amplo de reestruturação do SUS, com foco em acelerar atendimentos especializados em áreas críticas como oncologia, ortopedia e cardiologia.
Criação de plano de saúde mira 10 milhões de novos usuários
Atualmente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) estima que cerca de 50 milhões de brasileiros utilizam serviços de saúde paralelos, como cartões de desconto e clubes de vantagens. A nova proposta de criação de plano de saúde regulamentado mira justamente esse público, com a possibilidade de atrair até 10 milhões de pessoas que ainda estão fora do sistema tradicional de saúde suplementar.
O valor sugerido de R$ 100 por mês é considerado acessível e pode preencher uma lacuna entre o atendimento público do SUS e os planos de saúde convencionais, que têm se tornado cada vez mais caros.
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Efeitos sobre empresas do setor: foco na Hapvida
Uma das dúvidas que surge com a criação de plano de saúde popular é o impacto sobre operadoras privadas já consolidadas, como a Hapvida (HAPV3). No entanto, o BTG Pactual avalia que a medida representa mais uma oportunidade do que uma ameaça direta.
Segundo o analista Samuel Alves, do BTG, o público-alvo do novo modelo é diferente do perfil atual dos planos privados — apenas 15% dos planos individuais são contratados por pessoas entre 19 e 33 anos, justamente o segmento visado pela nova proposta.
Além disso, mais de dois terços dos planos privados hoje são corporativos, com baixo risco de sobreposição ou canibalização.
Vantagem competitiva: verticalização favorece a Hapvida
A Hapvida opera com um modelo altamente verticalizado, no qual controla todas as etapas da prestação de serviço: da clínica ao hospital, passando por laboratórios e centros diagnósticos. Esse modelo pode ser uma vantagem competitiva estratégica caso a operadora decida atuar no novo nicho de planos ambulatoriais.
A verticalização permite redução de custos operacionais e maior eficiência, o que é crucial em produtos com tíquete médio mais baixo.
Criação de plano de saúde complementa o SUS
Segundo interlocutores do governo, a criação de plano de saúde ambulatorial será apresentada como complementar ao SUS, e não como substitutiva. O foco está em desafogar o sistema público, especialmente em áreas de alta demanda por consultas especializadas e exames diagnósticos.
A proposta também tem um forte componente político. Melhorar a percepção pública da saúde e mostrar avanços em uma área sensível pode ser estratégico para o governo em ano pré-eleitoral.
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Regulação avançando: ANS prepara diretrizes
A ANS aprovou um projeto-piloto em fevereiro, dentro do contexto do seu sandbox regulatório, para testar formatos de planos ambulatoriais populares. A próxima reunião da agência, marcada para 28 de abril, deve trazer novas sinalizações sobre o avanço da regulação.
Com o apoio político do governo, a expectativa é que a proposta ganhe velocidade, e que empresas do setor possam já se preparar para estruturar modelos sustentáveis de negócio nessa nova frente de mercado.
Outros projetos regulatórios perdem força
O BTG também destaca que o avanço da proposta de planos populares pode indicar menor prioridade para mudanças regulatórias mais polêmicas, como:
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Ampliação obrigatória de coberturas nos planos tradicionais;
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Regras mais rígidas para contratos empresariais de PMEs;
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Exigências adicionais de capital e reserva técnica.
Esses temas vinham sendo discutidos com resistência por parte das operadoras, e seu adiamento pode ser um sinal positivo para o mercado.
Oportunidade de expansão com cautela
Embora a criação de plano de saúde ambulatorial represente uma oportunidade significativa de crescimento de mercado, analistas alertam que será preciso atenção à:
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Sustentabilidade financeira do modelo;
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Fiscalização da qualidade dos serviços prestados;
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Equilíbrio entre acessibilidade e cobertura real.
Se bem desenhada, a iniciativa pode trazer eficiência ao sistema de saúde complementar, formalizar uma demanda já existente e gerar concorrência saudável entre os players do setor.
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Nova fase para a saúde suplementar?
A criação de plano de saúde ambulatorial com mensalidades acessíveis marca um novo capítulo no mercado de saúde brasileiro. Com apoio do governo, base regulatória em andamento e demanda reprimida expressiva, o modelo pode se consolidar como alternativa viável para milhões de brasileiros.
Empresas como a Hapvida têm a chance de liderar essa transformação, enquanto o setor aguarda os próximos passos da ANS e os detalhes da proposta que deve ganhar corpo nas próximas semanas.