A prévia dos resultados do primeiro trimestre de 2025 para o setor de saúde, divulgada pelo BTG Pactual, revela um cenário de atenção para investidores. O relatório destaca que o trimestre deve apresentar pressões sobre receita, margem e crescimento operacional em diversos segmentos — de planos de saúde e hospitais, a laboratórios e farmacêuticas.
Com base em estimativas preliminares, o banco indica que o início de 2025 deve ser marcado por aumento na sinistralidade, perda líquida de beneficiários, queda na rentabilidade e um ambiente macro ainda fragilizado. No entanto, nomes mais sólidos, como Rede D’Or e Blau, devem mostrar resiliência e crescimento.
Operadoras de saúde sofrem com sinistralidade e perda de beneficiários
Após meses de melhora, a sinistralidade das operadoras voltou a subir no início de 2025. A Hapvida (HAPV3), por exemplo, deve reportar uma sinistralidade caixa de 68,9%, representando um aumento de 100 pontos-base em relação ao trimestre anterior. Já a SulAmérica (SULA11) deve apresentar sinistralidade de 81,5%, alta de 130 pontos-base t/t.
Além disso, os dados da ANS apontam para uma perda líquida de 16 mil beneficiários entre janeiro e fevereiro. Para o trimestre fechado, o BTG projeta:
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Hapvida: -71 mil vidas
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SulAmérica: +29 mil vidas
O impacto direto disso é a compressão das margens operacionais, especialmente em empresas mais expostas a planos coletivos e com menor capacidade de repasse de preços.
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Estimativas da Hapvida para o 1T25
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Receita líquida: R$ 7,55 bilhões (+8% a/a)
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EBITDA ajustado: R$ 872 milhões (-14% a/a)
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Margem EBITDA: 11,5% (-290 bps a/a)
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Lucro líquido ajustado: R$ 245 milhões (-36% a/a)
A companhia ainda deve sentir os impactos de acordos judiciais e provisões contingenciais, com aumento das despesas operacionais não recorrentes.
Prestadores hospitalares: base de comparação exige cautela
O 1T24 teve forte incidência de internações por dengue, o que elevou a ocupação hospitalar. Em 2025, essa base de comparação se torna um obstáculo para crescimento orgânico.
No caso da Rede D’Or (RDOR3), a principal recomendação do BTG no setor de saúde, a expectativa é de resultados sólidos, especialmente na vertical de seguros:
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Receita líquida: R$ 15,27 bilhões (+11% a/a)
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EBITDA ajustado: R$ 2,39 bilhões (+10% a/a)
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Lucro líquido ajustado: R$ 907 milhões (+12,5% a/a)
A empresa deve se beneficiar de reajustes em contratos e da consolidação de unidades operacionais, mesmo com uma taxa de ocupação levemente menor (78,7%).
Segmento hospitalar da Rede D’Or
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Receita líquida: R$ 7 bilhões (+7% a/a)
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EBITDA ajustado: R$ 1,73 bilhão (+2% a/a)
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Margem EBITDA: 24,6% (-120bps a/a)
Segmento de seguros:
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Receita líquida: R$ 8,23 bilhões (+15% a/a)
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EBITDA ajustado: R$ 665 milhões
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Sinistralidade caixa: 81,5%
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EBITDA contábil: R$ 365 milhões (+45% a/a)
Fleury: desempenho estável e defensivo
A Fleury (FLRY3) deve apresentar crescimento orgânico de 6,5% na receita líquida, com destaque para novos laboratórios e unidades B2B. A margem EBITDA deve se manter estável, em 27,2%, o que mostra consistência mesmo com pressão no setor.
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Receita líquida: R$ 2 bilhões
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EBITDA ajustado: R$ 552 milhões
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Lucro líquido: R$ 180 milhões
A empresa continua sendo vista como uma tese defensiva, especialmente diante da volatilidade de operadoras e farmacêuticas.
Farmacêuticas: Blau lidera positivamente, Hypera decepciona
A Blau Farmacêutica (BLAU3) deve apresentar crescimento robusto, com expansão de margens e aumento no lucro por ação. A geração de caixa também deve continuar em trajetória positiva.
Já a Hypera (HYPE3) deve reportar números significativamente mais fracos:
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Receita líquida: R$ 1 bilhão (-45% a/a)
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EBITDA: R$ -152 milhões
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Margem EBITDA: -15%
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Lucro líquido: R$ -300 milhões
A empresa segue impactada por queda de vendas, aumento de despesas e otimização de estoques, o que deve pesar sobre sua performance nos próximos trimestres.
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Comparativo geral das projeções do setor de saúde
Empresa | Receita (R$ bi) | EBITDA (R$ mi) | Margem EBITDA | Lucro Líquido (R$ mi) |
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Rede D’Or | 15,27 | 2.390 | 15,7% | 907 |
Hapvida | 7,55 | 872 | 11,5% | 245 |
Fleury | 2,00 | 552 | 27,2% | 180 |
Blau | — | Expansão | Alta | Positivo |
Hypera | 1,00 | -152 | -15% | -300 |
O que esperar do setor de saúde para o restante de 2025?
Segundo o BTG, o desempenho do setor de saúde dependerá de três fatores principais:
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Capacidade das operadoras de reduzir a sinistralidade
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Eficiência na gestão de custos e repasses de preço
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Resolução de riscos jurídicos e provisões recorrentes
Empresas verticalizadas, como Rede D’Or e Fleury, devem continuar entregando crescimento acima da média, enquanto empresas com maior alavancagem ou exposição judicial, como Hapvida e Hypera, terão mais dificuldade em manter rentabilidade.