Em uma decisão que reflete a complexidade do panorama econômico global e doméstico, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou hoje, 08 de maio de 2024, uma redução cautelosa na taxa básica de juros, a Selic, para 10,50% ao ano. A medida vem em resposta a um ambiente internacional marcado por incertezas persistentes, especialmente em relação às políticas monetárias dos Estados Unidos e à trajetória da inflação mundial.
No Brasil, os indicadores econômicos e do mercado de trabalho têm surpreendido positivamente, mostrando mais vigor do que o previsto. A inflação ao consumidor segue em desaceleração, embora as medidas de inflação subjacente estejam acima das metas estabelecidas. As expectativas de inflação para os próximos dois anos, segundo a pesquisa Focus, giram em torno de 3,7% para 2024 e 3,6% para 2025.
O Copom projeta uma inflação de 3,8% para 2024 e 3,3% para 2025, com preços administrados esperados para subir 4,8% e 4,0%, respectivamente, nos mesmos períodos. O Comitê destaca que há riscos tanto de alta quanto de baixa para a inflação, incluindo a possibilidade de pressões inflacionárias globais mais persistentes e uma desaceleração econômica global mais intensa do que o esperado.
A política fiscal do país também está sob escrutínio, com o Copom enfatizando a importância de uma gestão fiscal crível para ancorar as expectativas de inflação e reduzir os prêmios de risco, impactando assim a política monetária.
Levando em conta o progresso no combate à inflação, os cenários analisados e o equilíbrio de riscos, o Copom optou por um corte de 0,25 ponto percentual na Selic, considerando essa ação alinhada com a meta de estabilização dos preços e com o objetivo de suavizar as flutuações da atividade econômica e promover o emprego pleno.
Diante de um cenário de desinflação mais lento do que o desejado, expectativas de inflação ainda não totalmente ancoradas e desafios globais, o Copom ressalta a necessidade de prudência e moderação. A política monetária deve permanecer contracionista até que a desinflação e a ancoragem das expectativas de inflação estejam firmemente estabelecidas. O Comitê reitera que futuros ajustes na taxa de juros dependerão do compromisso contínuo com a meta de inflação.
Todos os membros votaram a favor da redução de 0,25 ponto percentual, demonstrando unidade na busca pelo equilíbrio econômico do país.