O recente conflito entre Irã e Israel trouxe forte volatilidade ao mercado de petróleo internacional, levantando questionamentos sobre se a Petrobras (PETR4) deverá reajustar os preços dos combustíveis no Brasil. A resposta, porém, não é simples e envolve diversos fatores combinados.
Alta no petróleo e impacto indireto no mercado brasileiro
Nas últimas semanas, o conflito entre Irã e Israel impulsionou o preço do petróleo, que subiu cerca de 8% semana passada e avançava mais 2,77% por volta das 12h31 desta terça-feira (17) – segundo dados do mercado. O Estreito de Ormuz, estratégico corredor onde circula cerca de 20% do petróleo global, ganha destaque diante de qualquer tensão advinda do Oriente Médio.
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No entanto, para a Petrobras, a decisão por elevar os preços na bomba já foi parcialmente implementada. Na semana anterior, houve corte de 5,6% no preço da gasolina nas refinarias, o que mostra que a estatal controla o timing e magnitude dos ajustes. O analista Marcelo Bonifácio, da StoneX, afirma que:
“É muito difícil prever porque a estatal acabou de realizar um corte para gasolina. Vemos uma produção de derivados no Brasil muito forte, então é difícil dizer se esse reajuste deve acontecer. O diesel tem um mercado de importação mais forte, então ele é mais sensível aos preços internacionais.”
Diesel mais exposto aos efeitos do conflito
Embora a produção interna de gasolina esteja sólida, o diesel se mostra mais vulnerável às oscilações do mercado externo. Com parte de sua demanda atendida por importações, o diesel tende a refletir rapidamente efeitos como o do conflito entre Irã e Israel, impactando diretamente os custos.
No entanto, a Petrobras pode manter os preços estáveis, mesmo com o aumento do petróleo, se optar por adiar a transferência total desse custo ao consumidor final. Isso continuaria preservando sua estratégia de gestão de preços, especialmente frente às eleições de 2026 e ao controle da inflação.
Etanol: resposta indireta do mercado
Com a gasolina ainda competitiva por conta do corte recente, o etanol perdeu tração nas usinas. A maior safra e remuneração menos atrativa reduziram o apetite das unidades produtoras. Segundo levantamento do Cepea, os preços do etanol já apresentam cinco semanas consecutivas de queda.
Bonifácio explica que:
“Os preços vão cair justamente para puxar essa demanda. Mas, assim que entrar a entressafra da cana, vamos ver um impulso um pouco mais forte.”
Ou seja, pequenas oscilações no preço da gasolina — possivelmente decorrentes do conflito entre Irã e Israel — afetam tanto o etanol quanto as decisões da Petrobras.
Perspectiva futura: guerra, oferta e demandas do mercado
Mesmo que o conflito entre Irã e Israel esteja pressionando a oferta global de petróleo, há fatores compensatórios. A OPEP manteve sinalizações de aumento de oferta e há expectativa de alívio nas tensões geopolíticas.
Diante desse cenário dual, a Petrobras encontra espaço para manter os preços estáveis no curto prazo, contando com sua capacidade de refino e produção local de derivados. A estatal também possui margem para postergar o impacto da alta do petróleo, protegendo o consumidor e contribuindo para a estabilidade da inflação.
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Será que a Petrobras vai mexer nos preços?
Diante do atual cenário, o conflito entre Irã e Israel representa risco à alta dos combustíveis no Brasil. No entanto, a decisão final da Petrobras deve considerar:
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Produção interna robusta de gasolina;
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Exposição maior do diesel ao mercado externo;
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Estratégia de gestão dos preços;
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Pressões macroeconômicas e eleitorais.
No momento, os dados indicam que a estatal manterá seus níveis de preços, mesmo com o cenário tenso no Oriente Médio. O consumidor deve ficar atento a mudanças no petróleo, mas a estrutura da Petrobras pode abrandar impactos no curto prazo.