Nos últimos anos, o mercado se acostumou com a ideia de que a OPEP era uma espécie de reguladora informal do preço do petróleo. Cortava aqui, sustentava ali entre $70 e $80 e o barril tinha um piso mais ou menos garantido.
A Vista Capital deixou isso explicado na sua carta de abril. A gestora desmontou a tese do “piso de conforto” do petróleo e explicou por que está pessimista com o futuro da commodity e com algumas empresas produtoras. O argumento é simples: a OPEP perdeu o controle.
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O corte que virou aumento
Em um movimento quase simbólico, a OPEP+ retomou parte da produção cortada, mesmo com preços já mais baixos. Isso levantou mais dúvidas do que certezas.
Como destaca a Vista:
“O recente movimento da OPEP+ de retomar parte da produção cortada, mesmo diante de preços mais baixos, levanta dúvidas importantes. Ainda não está claro se a decisão reflete um entendimento político com os Estados Unidos — talvez fruto de pressões geopolíticas — ou se é simplesmente o reconhecimento de que a demanda global por petróleo não deve mais acelerar de forma relevante.”
E completa:
“Independentemente da motivação, o fato remete diretamente ao episódio de 2008–2009, quando o cartel também cortou produção diante da queda de preços e, pouco depois, a reintroduziu antes que o mercado tivesse se recuperado.”
A OPEP não é mais o centro da história
O ponto principal da análise está na estrutura de mercado. A OPEP não é o produtor marginal — aquele que dita o preço no equilíbrio entre oferta e demanda. Esse papel cabe aos produtores com custo mais alto. E esses, hoje, são produtores nos Estados Unidos e no Canadá.
Se o preço atual ainda permite que esses players operem, não há razão econômica para que os cortes da OPEP façam efeito duradouro.
A demanda não ajuda
E do lado da demanda? A recuperação pós-Covid ficou aquém do esperado. A China perdeu tração. E a transição energética começa a pesar.
Nas palavras da Vista:
“A recuperação pós-Covid frustrou as expectativas, sobretudo pela fraqueza estrutural da China. A demanda por petróleo para transporte — com a adoção de caminhões a gás natural liquefeito e a expansão dos carros elétricos — já parece ter atingido o pico. Por outro lado, o consumo ligado à indústria petroquímica, especialmente à produção de plásticos, segue em alta.”
Só que até isso pode virar contra. Boa parte desses plásticos é exportada pela China e está na mira da guerra comercial com os EUA. A demanda global, que já vinha pressionada, pode piorar mais um pouco.
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A tese e posição da Vista
‘‘Entendemos que a questão central deixou de ser “qual o preço marginal do shale para usar no valuation”, pois essas empresas são, por definição, os próprios produtores marginais — com custo mais alto e câmbio menos sensível à oscilação do petróleo. O equilíbrio de preços, portanto, será endógeno à quebra ou consolidação de uma parcela significativa delas.’’
Essa última frase explica bem o racional da gestora.