A confiança do consumidor dos EUA caiu de forma expressiva em maio de 2025, levantando novos temores sobre o impacto da inflação e das políticas comerciais do governo Trump na atividade econômica do país. Os dados, divulgados pela Universidade de Michigan, mostraram que o índice de sentimento do consumidor recuou para 50,8, o menor patamar desde junho de 2022, contrariando a expectativa de melhora para 53,4.
Este declínio reflete uma crescente apreensão entre as famílias americanas, especialmente com relação ao aumento das tarifas de importação e à possibilidade de inflação persistente. A confiança do consumidor dos EUA tem sido impactada pela incerteza política e econômica, com repercussões diretas sobre o consumo, principal motor da economia americana.
Impacto das Tarifas e Inflação
As expectativas de inflação para os próximos 12 meses dispararam para 7,3%, nível mais alto desde 1981, indicando uma deterioração da percepção popular sobre o poder de compra. Essa preocupação tem base concreta: grandes varejistas como o Walmart já sinalizaram que serão obrigados a aumentar seus preços devido aos custos adicionais com importações.
De acordo com Joanne Hsu, diretora das pesquisas da Universidade de Michigan, “as tarifas foram mencionadas espontaneamente por quase três quartos dos consumidores, acima dos quase 60% em abril; a incerteza em relação à política comercial continua a dominar a percepção dos consumidores sobre a economia”. O aumento das tarifas também pressiona o Federal Reserve (Fed), pois eleva os custos e contribui para um cenário de inflação mais difícil de controlar.
Enfraquecimento do Sentimento Republicano
Curiosamente, a confiança do consumidor dos EUA caiu também entre os eleitores republicanos, grupo que vinha se mantendo otimista desde a reeleição de Donald Trump. Essa é a primeira queda relevante de humor no grupo desde 2020. A explicação mais provável está nas tarifas amplas impostas pelo governo, que vêm encarecendo produtos básicos e afetando diretamente a vida das famílias.
A Universidade de Michigan revelou que o sentimento republicano recuou 7% em maio, enquanto a visão entre os democratas se manteve estagnada. A confiança do consumidor dos EUA segue fragilizada em todos os segmentos, com exceção dos independentes, onde houve uma leve melhora.
Reação do Mercado e Expectativas Futuras
Economistas já começam a revisar suas projeções de crescimento. A estagnação das vendas no varejo em abril e a queda na confiança do consumidor dos EUA sinalizam que a economia pode enfrentar dificuldades para se recuperar no segundo trimestre. Alguns analistas temem que os EUA possam caminhar para uma nova recessão, especialmente se os choques de oferta persistirem e os aumentos de preços se intensificarem.
A expectativa de inflação de longo prazo também preocupa. Segundo os dados da pesquisa, subiu para 4,6%, maior patamar desde 1991. Isso pode complicar ainda mais a atuação do Fed, que mantém sua taxa de juros em 4,25%-4,50%. Uma política mais restritiva poderia arrefecer ainda mais a confiança do consumidor dos EUA.
Efeitos Colaterais na Economia Real
O impacto das tarifas também tem sido sentido na atividade do mercado imobiliário e na indústria. O início da construção de moradias unifamiliares caiu 2,1% em abril, atingindo o menor nível em nove meses. As licenças para futuras construções também recuaram 5,1%, sinalizando que o setor continuará fraco nos próximos meses.
Dados do Departamento de Censo apontam que os estoques de casas novas não vendidas estão aumentando, ao passo que construtores relatam dificuldades em precificar unidades devido à instabilidade dos custos de materiais. A Associação Nacional de Construtores de Casas revelou que 78% dos associados enfrentam incertezas em relação à demanda futura, o que inibe novos projetos.
Queda na confiança acende alerta vermelho
A queda na confiança do consumidor dos EUA em maio de 2025 acende um alerta vermelho para a economia americana. Com as expectativas de inflação em alta, consumo em desaceleração e mercados imobiliários e industriais pressionados, o caminho para a recuperação econômica parece cada vez mais incerto. O comportamento das famílias nos próximos meses será decisivo para definir o ritmo da economia em 2025.
A resposta do governo e do Federal Reserve, frente à elevação das tarifas e aos sinais crescentes de pressão inflacionária, será crucial para restaurar a confiança do consumidor dos EUA e evitar uma retração prolongada.