China importa menos soja do Brasil e amplia compras dos EUA
As importações de soja do Brasil pela China sofreram uma queda significativa em novembro de 2024, com redução de 25% em relação ao mesmo mês do ano anterior. De acordo com dados da Administração Geral de Alfândega da China, divulgados na última sexta-feira (20), o país asiático adquiriu 3,94 milhões de toneladas de soja do Brasil, em comparação com 5,25 milhões de toneladas em novembro de 2023 .
Enquanto isso, os embarques de soja dos Estados Unidos para a China aumentaram no mesmo período, alcançando 2,79 milhões de toneladas, contra 2,29 milhões no ano passado. Este movimento ocorre em meio a preocupações crescentes com as relações comerciais entre Washington e Pequim, agravadas pela posse iminente do presidente eleito Donald Trump.
Aumento das negociações comerciais entre China e EUA
As ameaças de tarifas comerciais feitas por Trump, que assumiram o cargo em 20 de janeiro, reacenderam os temores de uma nova guerra comercial entre os dois maiores produtores de soja do mundo. A incerteza sobre o futuro das relações comerciais levou os importadores chineses a antecipar compras de soja norte-americana, temendo possíveis aumentos de preços ou descontos não fornecidos.
Desde abril, os exportadores dos EUA intensificaram os embarques para a China, aproveitando uma janela de oportunidade antes que mudanças políticas políticas afetassem o comércio. A chinesa Sinograin, uma das maiores compradoras estatais do país, adquiriu quase 500 milhões de toneladas de soja americana na última semana para entrega em março e abril, pagando prêmios mais altos pelos suprimentos.
Panorama das importações de soja pela China em 2024
Em novembro, a China importou um total de 7,15 milhões de toneladas de soja, consolidando-se como o maior comprador global da oleaginosa. Apesar da queda nas compras brasileiras no mês, o Brasil continua sendo o principal fornecedor de soja para o gigante asiático em 2024.
País de Origem | Importações em Novembro (toneladas) | Variação Anual (%) |
---|---|---|
Brasil | 3,94 milhões | -25% |
EUA | 2,79 milhões | +22% |
Argentina | 242 mil | +347% |
No acumulado de janeiro a novembro de 2024, a China importou 97,09 milhões de toneladas de soja, com o Brasil representando 71,7 milhões de toneladas, um aumento de 10% em relação ao mesmo período de 2023.
Impactos no mercado brasileiro
Embora algumas das brasileiras tenham registrado queda em novembro, o Brasil continua sendo o principal fornecedor de soja para a China, com 73% do total comprado até o momento em 2024. No entanto, a redução pontual nas exportações para o maior mercado consumidor do mundo aumenta preocupações entre os produtores brasileiros, que enfrentam desafios crescentes relacionados à competitividade.
Analistas destacam que o aumento das compras chinesas de soja norte-americana é influenciado por preços mais competitivos e pelo esforço dos exportadores dos EUA para acelerar embarques antes de possíveis mudanças políticas.
Além disso, a valorização do dólar em 2024 também impacta os custos de exportação do Brasil, diminuindo a atratividade da soja brasileira no mercado internacional.
Argentina aumenta participação
Outro destaque do mês foi o aumento das importações de soja da Argentina pela China, que cresceram 347% em novembro, atingindo 242 mil toneladas. Embora o volume ainda seja pequeno em comparação com o Brasil e os EUA, a recuperação da produção argentina após um ano de condições climáticas adversas tem ampliado a oferta do país vizinho no mercado global.
Esse aumento reflete uma estratégia planejada da China para garantir seu abastecimento, especialmente em um cenário de incertezas comerciais.
Recorde anual de importações em 2024
Mesmo com a queda nas compras brasileiras em novembro, a China caminha para registrar um recorde histórico de importações de soja em 2024. No acumulado do ano, os volumes totais já somam 97,09 milhões de toneladas, e os analistas projetam que o número pode superar 100 milhões até o final de dezembro.
Este aumento reflete a forte demanda interna por ração animal, impulsionada pela recuperação do plantel de suínos no país após o surto de peste suína africana nos últimos anos.
O futuro do comércio de soja
As perspectivas para 2025 são incertas, especialmente devido às tensões comerciais entre China e Estados Unidos. A posse de Donald Trump como presidente dos EUA em janeiro de 2025 pode resultar em uma política comercial mais agressiva, com tarifas que impactam diretamente o mercado de soja.
Para o Brasil, a manutenção de sua posição como principal fornecedor de soja para a China dependerá de fatores como a competitividade dos preços, a valorização do real frente ao dólar e a estabilidade das relações comerciais entre os dois países.
A notícia de que a China importa menos soja do Brasil em novembro reflete uma dinâmica global marcada por incertezas comerciais e flutuações de mercado. Embora o Brasil continue liderando as exportações para o país asiático, a participação crescente dos Estados Unidos e da Argentina sinaliza desafios futuros para os produtores brasileiros.
Com as propostas comerciais entre China e EUA em ascensão e um mercado global cada vez mais competitivo, o setor agrícola brasileiro precisará redobrar esforços para garantir sua competitividade e sua posição como principal fornecedor de soja para o maior consumidor mundial.