Damián Scokin, CEO da Despegar, a empresa controladora da Decolar no Brasil, está otimista com as perspectivas da empresa após a concorrente 123 Milhas entrar em recuperação judicial com uma dívida de R$ 2,3 bilhões na semana passada.
Durante uma entrevista ao Brazil Journal, Scokin comentou sobre a situação da 123 Milhas e como a Decolar espera se beneficiar dessa crise. Ele mencionou que as vendas da Decolar nas últimas duas semanas já foram muito mais altas do que no início do mês, possivelmente devido à turbulência enfrentada pela concorrente.
Scokin expressou surpresa com a tolerância das autoridades brasileiras e de alguns participantes do mercado em relação às práticas da 123 Milhas, que ele descreveu como um esquema Ponzi, não apenas no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo.
Quando questionado sobre a dinâmica do mercado de turismo atual, Scokin observou que, embora o cenário geral na América Latina esteja se recuperando dos impactos da pandemia, a situação varia de país para país e entre viagens domésticas e internacionais. Ele destacou que o Brasil, em particular, está mostrando um crescimento significativo no turismo doméstico.
Os resultados financeiros da Decolar também estão refletindo essa recuperação, com a empresa relatando rentabilidade crescente nos últimos cinco trimestres e uma receita recorde no último trimestre.
Scokin revelou que o Brasil está desempenhando um papel fundamental no crescimento da empresa, contribuindo com cerca de 39% de crescimento ano após ano. A Decolar tem como meta crescer 20% em comparação com o ano anterior. Além disso, quer alcançar um lucro de aproximadamente US$ 100 milhões, o mais alto de sua história.
Além disso, Scokin anunciou planos de abrir lojas físicas da Decolar, que serão inovadoras e altamente tecnológicas, como parte de sua estratégia de expansão.
Em relação às conversas passadas sobre uma possível fusão com a CVC, Scokin não pôde fornecer detalhes específicos, mas mencionou que a Decolar mantém conversas com várias empresas na América Latina e enfatizou que a empresa possui uma estratégia de crescimento inorgânico bem-sucedida, com um histórico de aquisições que resultaram em empresas mais lucrativas e com maior volume de vendas.
Quando perguntado sobre a estratégia por trás da abertura de lojas físicas da Decolar, Scokin enfatizou que a empresa busca um modelo de lojas inovadoras e tecnológicas que agreguem valor à operação e tragam mais vendas. Ele enfatizou que a empresa acompanhará de perto o desempenho das lojas físicas para avaliar sua contribuição às operações.
Scokin esclareceu que a Decolar não pretende construir uma rede de lojas do tamanho da CVC. A CVC possui mais de mil lojas. A empresa planeja se concentrar em locais estratégicos com alta densidade de clientes e demanda significativa. Ele ressaltou que a empresa possui três vias de crescimento: as lojas físicas, a operação online, que ainda tem muito espaço para expansão, e as aquisições.
Em resumo, a Decolar vê a crise da 123 Milhas como uma oportunidade de crescimento e está otimista em relação ao mercado de turismo, especialmente no Brasil, onde está registrando um crescimento significativo. A empresa planeja continuar sua estratégia de crescimento inorgânico por meio de aquisições e está explorando a abertura de lojas físicas inovadoras para impulsionar as vendas e aprimorar a experiência do cliente.