Caminhando no incerto e idolatrando a dúvida

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O que um thriller político sobre papas pode ensinar a nós, investidores?

Em O Conclave, filme sobre a sucessão de um papa, dirigido por Edward Berger, há uma cena marcante em que o personagem Lawrence diz: “Nossa fé é um ser vivo justamente porque anda de mãos dadas com a dúvida. Se houvesse apenas certeza e nenhuma dúvida, não haveria mistério. E, portanto, não haveria necessidade de fé. Rezemos para que Deus nos conceda um Papa que duvida”.

Essa reflexão, embora situada no contexto religioso, carrega uma verdade universal – especialmente para nós, . Em um mundo onde a incerteza é a única constante, a dúvida não é um obstáculo, mas uma ferramenta essencial para a tomada de decisões conscientes e adaptáveis.

O físico Richard Feynman expandiu essa ideia ao afirmar que “o futuro da civilização depende da nossa capacidade de duvidar”. Pode parecer contraditório em um mundo que valoriza certezas e decisões rápidas. Desde cedo, aprendemos que líderes devem ser firmes, que profissionais de sucesso têm convicção, e que a dúvida é um sinal de fraqueza. Mas a verdade parece estar longe disso.

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Admitir que não sabemos tudo não deveria nos paralisar – pelo contrário. A dúvida bem acolhida nos protege contra certezas perigosas, tanto do “eu sei tudo” quanto do “não há saída”. Ela nos obriga a ouvir perspectivas diferentes, aprender com nossos erros e, acima de tudo, nos dá coragem para agir mesmo sem ter controle absoluto do cenário. Em tempos como os nossos, onde o mercado muda rapidamente, a certeza pode ser o maior risco.

O livro More Than You Know de Michael J. Mauboussin, traz uma sábia citação de Peter Bernstein: “A lei fundamental dos é a incerteza do futuro”. Investir, em essência, é aceitar que não sabemos o que vai acontecer. Nosso desafio é traduzir essas incertezas em probabilidades e payoffs, buscando as melhores oportunidades em um mar de variáveis desconhecidas. A habilidade de estimar essas probabilidades – e aceitar que nunca teremos respostas definitivas – é o que diferencia investidores amadores de investidores experientes.

Ser investidor no é, em grande parte, viver em meio ao incerto e aprender a idolatrar a dúvida. É entender que, por mais que estudemos ou acumulemos experiência, o mercado sempre nos reserva surpresas. Duvide quando afirmarem que:

  • Investir é fácil
  • é garantida
  • A bolsa está barata
  • A bolsa está cara 

No , a única certeza é a mudança. Quando se analisa uma empresa, nem a morte é uma certeza. E até por isso projetamos os na perpetuidade…

Quando você acha que encontrou um método infalível, o mercado se transforma – e aquilo que funcionava perfeitamente deixa de funcionar. Adaptar-se, questionar e estar sempre aprendendo são as verdadeiras armas do investidor que deseja sobreviver e prosperar.

Como diria Antônio Abujamra:

“Há uma diferença muito grande entre saber e acreditar que se sabe. Saber é ciência. Acreditar que se sabe é ignorância. Mas, cuidado! Saber mal não é ciência. Saber mal pode ser muito pior que ignorar. Na verdade, sabe-se somente quando se sabe pouco, pois com o saber, cresce a dúvida, que é preciso idolatrar sempre”.

Portanto, se há algo a desejar – seja para um Papa ou para um investidor –, que seja a capacidade de duvidar.

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