Os dados referentes à inflação ao consumidor nos Estados Unidos, medidos pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC), apontam para uma redução da pressão ao final do ano, embora permaneça distante da meta de 2% estabelecida pelo Federal Reserve. O U.S Bureau of Labor Statistics tem previsão de divulgar os números de dezembro nesta quinta-feira, e a expectativa geral é de que o IPC apresente uma variação mensal de 0,2% e anual de 3,2%, conforme indicado pelo Calendário Econômico do Investing.com. O núcleo do IPC, por sua vez, deve apresentar um aumento na mesma proporção, registrando um aumento de 0,2%, resultando em uma alta de 3,8% ao longo de doze meses.
William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, avalia que a trajetória da inflação nos EUA tem sido favorável, com desinflação notável nos índices de preços PCE (preferido pelo Fed) e IPC. Ele destaca que as expectativas inflacionárias têm diminuído, o que é benéfico, pois a inflação é perigosa quando as expectativas crescem. Alves aponta uma pesquisa do Federal Reserve de Nova York que revelou a menor expectativa inflacionária desde janeiro de 2021. Atualmente, os consumidores projetam uma inflação de 3% para 2024, acima da meta, mas indicando um arrefecimento.
O estrategista destaca uma pesquisa da associação nacional de negócios independentes dos EUA, que revelou que 30% das pequenas empresas ainda consideram a inflação como um desafio significativo. Alves ressalta que a batalha ainda não foi vencida e menciona fatores como a desaceleração dos preços imobiliários, embora ocorra de maneira gradual devido aos ajustes anuais nos aluguéis.
O Bank of America (BofA) projeta uma variação mensal de 0,3% em dezembro, com uma inflação de energia mais neutra, resultando em números semelhantes para o núcleo e o índice completo. Na base anual, a previsão é de um aumento de 3,3% para o indicador total e 3,9% para o núcleo, de acordo com as estimativas do BofA.
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A previsão do BofA sugere uma leve desaceleração na taxa anualizada de três meses do núcleo do IPC, passando de 3,4% em novembro para 3,2% em dezembro, com uma taxa anualizada de seis meses de 3,1%. O banco espera que os dados continuem a indicar progressos em direção à meta de 2% do Fed, mas destaca que, ao contrário dos dados do núcleo da inflação do PCE, o núcleo do IPC ainda não atingiu o objetivo.
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, destaca que na semana passada os investidores reagiram a dados do mercado de trabalho dos EUA, que superaram as expectativas, indicando a resiliência do emprego mesmo em meio ao processo de desinflação. Enquanto os analistas avaliam a possibilidade de um “pouso suave” na economia, caracterizado pela diminuição da inflação com juros mais altos, mas sem recessão, Igliori considera o cenário benigno, com uma pressão inflacionária gradualmente menor, embora ainda distante da meta estabelecida. O economista alerta que um número de inflação muito acima das projeções para dezembro pode ser interpretado pelo mercado como um sinal de que os cortes de juros só começarão no segundo trimestre, impactando a precificação de ativos.