A Azul (AZUL4) divulgou os resultados do 1T25 com um desempenho abaixo das expectativas do mercado. Embora tenha registrado um lucro contábil de R$ 783 milhões, o prejuízo ajustado de R$ 1,8 bilhão evidenciou as dificuldaddes financeiras enfrentadas pela companhia. A diferença entre o resultado contábil e o ajustado está relacionada a itens não recorrentes e efeitos cambiais que distorcem a percepção sobre o verdadeiro desempenho operacional.
A receita líquida totalizou R$ 5,4 bilhões, um avanço de 15% em relação ao mesmo período de 2024. Apesar do bom crescimento, o EBITDA ajustado foi de R$ 1,4 bilhão, queda de 2% na comparação anual e 8% abaixo das estimativas dos analistas. O cenário mostra que o crescimento da receita não foi suficiente para compensar os aumentos de custos e os desafios com a dívida.
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Expansão operacional e tarifas estáveis não evitam prejuízo nos resultados do 1T25 da Azul
Os resultados do 1T25 da Azul demonstraram um aumento de 16% na capacidade (ASK) e de 19% na demanda (RPK), resultando em uma taxa de ocupação de 82%, um crescimento de 2,6 pontos percentuais frente ao 1T24. Ainda assim, o CASK total subiu 8%, enquanto o CASK ex-combustível teve alta de 12%, puxado por maiores despesas com depreciação, amortização e taxas aeroportuárias.
A receita de passageiros teve alta de 15% e a de cargas subiu 17%, evidenciando um ambiente de demanda favorável. Contudo, o forte crescimento dos custos pressionou as margens operacionais, afetando a capacidade da empresa de converter receita em lucro efetivo.
Alavancagem continua sendo o principal desafio
Um dos maiores pontos de atenção nos resultados do 1T25 da Azul foi o aumento na alavancagem financeira. A dívida líquida da companhia alcançou R$ 31,4 bilhões, elevando a relação dívida líquida/EBITDA para 5,2x, ante 4,9x no trimestre anterior. O principal fator foi a depreciação do real frente ao dólar, que elevou significativamente a dívida denominada em moeda estrangeira.
Mesmo considerando a conversão de 35% das debêntures 2029 e 2030, concluída em abril, a alavancagem pró-forma ainda ficaria em 4,4x — um patamar que continua elevado. A liquidez da Azul também sofreu retração, com a posição de caixa encerrando o trimestre em R$ 655 milhões, uma queda de 50% t/t. Já a liquidez total, incluindo contas a receber, recuou 23% t/t, para R$ 2,4 bilhões.
Custos operacionais continuam pressionando resultados
Nos resultados do 1T25 da Azul, o custo por assento-quilômetro disponível (CASK) atingiu 37,7 centavos de dólar, com aumento de 7,6% em relação ao 1T24. O CASK ex-combustível foi de 25,4 centavos, com alta de 11,5% a/a. A tarifa média por passageiro teve leve queda de 3,5% a/a, totalizando R$ 48,1.
O capex do período foi de R$ 144 milhões, retração de 68% a/a. A queda reflete menor necessidade de aquisição de peças e revisões de motores, o que sinaliza um esforço de contenção de investimentos em meio à pressão financeira.
Ajustes contábeis distorcem percepção do lucro operacional
O EBIT da Azul caiu 39% frente às expectativas do mercado, totalizando R$ 570 milhões. O EBITDA registrado incluiu R$ 910 milhões em itens não recorrentes decorrentes de renegociações com credores e fornecedores. Ao excluir tais itens, o EBITDA ajustado foi de R$ 1,385 bilhão.
O resultado financeiro ficou positivo em R$ 212,6 milhões, bem acima das expectativas, graças a receitas extraordinárias. No entanto, as despesas financeiras somaram R$ 2,39 bilhões, mantendo o peso sobre os resultados operacionais.
Prejuízo ajustado surpreende negativamente o mercado
O prejuízo ajustado nos resultados do 1T25 da Azul foi de R$ 1,8 bilhão, significativamente maior do que os R$ 324 milhões reportados no mesmo trimestre de 2024. As estimativas de mercado apontavam para um prejuízo de apenas R$ 11 milhões, o que resultou em uma surpresa negativa para os analistas e investidores.
O lucro contábil de R$ 783 milhões decorre de ajustes contábeis que não refletem o desempenho operacional da empresa. O mercado, portanto, olha com mais atenção para o prejuízo ajustado, que traduz melhor o cenário enfrentado pela companhia.
Expectativas para os próximos trimestres e foco em desalavancagem
Apesar do cenário adverso apresentado nos resultados do 1T25 da Azul, há expectativas mais positivas para os próximos trimestres. A conversão de debêntures e a capitalização por meio da emissão de ações devem ajudar a reduzir o nível de endividamento da companhia. Além disso, a Azul captou R$ 600 milhões adicionais, valor que será refletido apenas no balanço do segundo trimestre.
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A integração com a GOL e a sinergia potencial entre as companhias também podem melhorar a estrutura de custos e ampliar a competitividade no mercado doméstico. O mercado espera que a companhia mantenha seu foco em:
- Redução de custos operacionais;
- Gestão ativa da dívida e alongamento de prazos;
- Fortalecimento das operações de cargas e serviços auxiliares;
- Otimização de frota e malha aérea.
Azul precisa acelerar reestruturação financeira
Os resultados do 1T25 da Azul mostram que a companhia mantém bom desempenho operacional, com crescimento de capacidade e estabilidade nas tarifas. No entanto, o elevado nível de endividamento, combinado com a pressão de custos e o impacto cambial, continua sendo um obstáculo à recuperação plena da lucratividade.
O segundo trimestre será decisivo para mostrar se as medidas de reestruturação estão surtindo efeito. A conversão de dívidas em ações, a melhora da liquidez e a contenção de despesas serão os pilares para sustentar uma trajetória mais saudável de crescimento. Os investidores devem adotar cautela, monitorando atentamente os próximos passos estratégicos da empresa.