A dívida global registrou um aumento expressivo no primeiro trimestre de 2025, alcançando um novo recorde histórico de mais de US$ 324 trilhões, segundo relatório publicado nesta terça-feira (6) pelo Instituto de Finanças Internacionais (IIF).
A elevação de US$ 7,5 trilhões nos três primeiros meses do ano representa um salto significativo, mais de quatro vezes a média trimestral de crescimento observada desde o fim de 2022, que girava em torno de US$ 1,7 trilhão.
Principais responsáveis: China, França e Alemanha
De acordo com o IIF, China, França e Alemanha foram os maiores contribuintes para a expansão da dívida global no período. Juntos, esses países impulsionaram fortemente os indicadores mundiais, destacando-se entre as economias que mais aumentaram seus compromissos financeiros.
Em contrapartida, alguns países apresentaram recuos ou estabilidade na dívida total. Entre eles, Canadá, Emirados Árabes Unidos e Turquia se destacaram por registrar quedas nos níveis de endividamento.
Dívida nos emergentes atinge recorde
Nos mercados emergentes, o avanço também foi relevante. A dívida total nesses países subiu mais de US$ 3,5 trilhões, atingindo a marca recorde de US$ 106 trilhões. Somente a China foi responsável por mais de US$ 2 trilhões desse crescimento. A dívida do governo chinês em relação ao PIB já atinge 93%, com expectativa de ultrapassar 100% até o fim de 2025.
Índice global de dívida em relação ao PIB
Mesmo com o crescimento nominal, o índice global de dívida em relação ao produto interno bruto (PIB) apresentou uma leve queda, permanecendo um pouco acima de 325%. Isso indica que, apesar do aumento em dólares, o crescimento da atividade econômica global contribuiu para manter o índice sob controle em termos proporcionais.
Por outro lado, nos mercados emergentes, a situação é mais preocupante: o índice de dívida em relação ao PIB atingiu 245%, também um patamar inédito, o que levanta alertas sobre a sustentabilidade fiscal em países de economias em desenvolvimento.
Efeito do dólar e o cenário internacional
O relatório do IIF também apontou que a desvalorização do dólar frente às principais moedas globais contribuiu para inflar o valor da dívida medida em dólares. Contudo, o aumento observado não se resume ao efeito cambial. Segundo o instituto, o salto trimestral está fortemente ligado ao aumento real da dívida contraída por governos, empresas e famílias.
Este crescimento ocorre em um contexto de juros elevados em diversas economias e aumento da aversão ao risco por parte de investidores, o que tende a elevar os custos de rolagem da dívida e pode dificultar a sustentabilidade fiscal em vários países.
Implicações econômicas e riscos futuros
O nível elevado da dívida global representa um risco significativo para a estabilidade financeira internacional. Segundo analistas, se as taxas de juros continuarem elevadas, como esperado em muitos países diante da pressão inflacionária, os custos para rolar ou refinanciar essas dívidas podem se tornar ainda mais altos.
Além disso, há uma preocupação crescente de que países com alto endividamento enfrentem desafios para manter programas sociais e investimentos, especialmente se forem obrigados a adotar medidas de austeridade para equilibrar as contas públicas.
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Dívida global será tema prioritário em fóruns internacionais
A escalada da dívida global deverá ser discutida em fóruns como o G20 e reuniões do FMI e do Banco Mundial. A pressão sobre países emergentes e o risco de crises de dívida soberana voltam a figurar entre os principais temas da agenda econômica internacional.
Segundo o IIF, medidas de ajuste fiscal, maior transparência na gestão da dívida pública e políticas para estimular o crescimento econômico sustentável são essenciais para conter essa tendência de alta.