Em um novo relatório divulgado nesta sexta-feira (11), o banco norte-americano JPMorgan alertou para uma recessão no Brasil já no segundo semestre de 2025, em meio ao agravamento do cenário global. Segundo a instituição, o país deve enfrentar uma contração econômica leve, mas relevante, impulsionada por choques externos e incertezas no comércio internacional.
Recessão no Brasil: previsões atualizadas do PIB
Para os anos “cheios”, o JPMorgan ajustou para baixo suas estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. A projeção de crescimento para 2025 caiu de 2,2% para 1,9%, e para 2026, de 1,5% para 1,2%. A previsão é assinada pela economista Cassiana Fernandes e sua equipe, que apontam a guerra comercial como fator decisivo para esse novo cenário.
“Prevíamos um pouso suave para a economia brasileira. No entanto, um dos principais riscos para essa perspectiva — o risco externo — está se materializando na forma de uma guerra comercial mais ampla e incerta”, escreveram os analistas.
Apesar do crescimento revisado para baixo, o banco ainda considera a recessão como “superficial”, e destaca que a economia brasileira deve contar com mecanismos para mitigar os efeitos mais profundos da crise internacional.
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Papel da política monetária e fiscal
No campo da política monetária, o JPMorgan prevê que o Banco Central do Brasil (BCB) irá encerrar seu ciclo de alta de juros em maio de 2025, com um último aumento de 0,5 ponto percentual. A partir de novembro, a expectativa é de cortes graduais na taxa Selic, que deve atingir 9,75% ao ano até o final de 2026.
Na política fiscal, o espaço é mais limitado. Embora o governo tenha adotado uma postura conservadora nos gastos, o JPMorgan não descarta novos estímulos para suavizar a queda da atividade, especialmente se os efeitos da guerra comercial persistirem.
Impactos das tarifas e oportunidades setoriais
Ainda que o Brasil não esteja entre os países mais diretamente afetados pelas tarifas dos EUA, os efeitos indiretos podem ser significativos. O banco estima que uma tarifa de 10% sobre as exportações brasileiras aos EUA teria um impacto direto de 0,3% no PIB. Contudo, os impactos secundários são mais difusos e potencialmente graves.
Em contrapartida, setores como o agrEm contrapartida, setores como o agr\u00onegócio podem se beneficiar. Com a China buscando alternativas aos produtos americanos, os exportadores brasileiros de commodities, especialmente soja e milho, podem ganhar espaço e ajudar a compensar parte das perdas em outros setores.
Câmbio, inflação e metas fiscais sob pressão
O real já vem sofrendo com a desvalorização frente ao dólar, e esse movimento tende a continuar. Por outro lado, a moeda mais fraca pode aliviar a pressão inflacionária ao favorecer as exportações e ao mesmo tempo desestimular importações. Mesmo assim, o JPMorgan alerta para o risco de não cumprimento das metas fiscais do governo, com previsão de déficit primário de -0,8% do PIB em 2025.
Além disso, o déficit em conta corrente também deve se ampliar, puxado pela queda nos preços das commodities. A produção agrícola forte pode servir de alívio, mas não será suficiente para reverter o quadro de desaceleração mais ampla.
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Momento de cautela para os investidores
A previsão de recessão no Brasil feita pelo JPMorgan reforça a necessidade de cautela para os investidores e para o governo. Embora o país tenha demonstrado resiliência em crises anteriores, a combinação de guerra comercial, juros elevados e pressão fiscal cria um ambiente desafiador para os próximos trimestres.
As cartas estão na mesa, e o Brasil precisará jogar com estratégia para atravessar mais esse ciclo de turbulência global.