Quando Donald Trump reassumiu a presidência dos Estados Unidos, o mundo observou com atenção. De um lado, a promessa de retomar a “grandeza americana”. De outro, a expectativa de movimentos rápidos, disruptivos e, para muitos, imprevisíveis. Seu retorno à Casa Branca marcou o início de um dos períodos mais intensos e polarizadores da história moderna americana.
Em apenas 100 dias de Trump, ele imprimiu um ritmo avassalador à administração, redefinindo prioridades, confrontando aliados e adversários, e desencadeando mudanças profundas tanto no cenário interno quanto externo. Para compreender a dimensão e a complexidade desse período, estruturamos esta análise em quatro fases, cada uma refletindo as principais ênfases e estratégias desse início de governo.
Ao longo desta jornada, você entenderá não apenas o que Trump fez, mas também as implicações de cada decisão para os Estados Unidos e para o mundo.
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Fase 1 — Reconstrução Imediata: Decretos, Imigração e Fronteiras
A ofensiva dos decretos e o choque inicial
O início dos 100 dias de Trump foi marcado por uma ofensiva implacável de decretos executivos.. Com uma caneta nas mãos, ele assinou medidas que alteraram radicalmente as diretrizes federais sobre imigração, segurança interna e educação. A declaração de emergência nacional foi o estopim de uma mudança sem precedentes.
Esses movimentos demonstraram não apenas a velocidade do novo governo, mas também sua disposição em desafiar as instituições tradicionais e reverter de imediato políticas da administração anterior.
Fronteiras fechadas e uma nova abordagem migratória
A imigração foi tratada como prioridade absoluta. Trump enviou tropas à fronteira sul, restabeleceu a política de Permanência no México, encerrou o “catch and release” e retomou a construção do muro. A medida mais polêmica foi a tentativa de extinguir a cidadania automática para filhos de imigrantes ilegais.
O impacto dessas ações foi imediato: a Patrulha de Fronteira registrou o menor número de travessias ilegais em décadas, refletindo a eficácia das políticas de dissuasão implementadas.
Guerra contra o DEI: o desmonte das políticas identitárias
Simultaneamente, Trump iniciou uma guerra aberta contra os programas de Diversidade, Equidade e Inclusão (DEI). Universidades e órgãos federais foram pressionados a abolir iniciativas que, segundo o governo, promoviam discriminação reversa.
A Universidade de Harvard tornou-se um símbolo dessa batalha, perdendo US$ 2 bilhões em financiamento federal após se recusar a seguir as novas diretrizes. Trump deixou claro que o novo governo não toleraria desvios de sua visão de mérito e neutralidade institucional.
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Fase 2 — Guerra Comercial e Econômica: Tarifas e Reindustrialização
O “Dia da Libertação Tarifária” e o abalo nos mercados
A segunda fase dos 100 dias de Trump foi marcada pela declaração de uma guerra comercial total. Em 2 de abril, o presidente anunciou tarifas de 10% para quase todos os parceiros comerciais, com exceção da China, que enfrentaria tarifas de 145%.
A reação dos mercados foi imediata e negativa. O S&P 500 caiu fortemente, refletindo o temor de uma recessão comercial. Apesar da turbulência, Trump se manteve firme, defendendo que o sofrimento econômico de curto prazo traria benefícios estratégicos de longo prazo.
Combate ao déficit comercial histórico
Trump utilizou o déficit comercial recorde de US$ 1,2 trilhão como justificativa para sua estratégia agressiva. Segundo o presidente, o desequilíbrio é fruto de décadas de acordos comerciais injustos e negligência política.
Economistas alinhados com o governo apontaram que as tarifas eram apenas a primeira etapa de um plano mais amplo para reequilibrar a balança comercial e recuperar a soberania econômica americana.
A reindustrialização como resposta estratégica
Apesar dos riscos, a estratégia começou a dar frutos. Empresas como Honda, Hyundai, Apple e Nvidia anunciaram grandes investimentos em fábricas nos Estados Unidos.
O governo Trump comemorou esses avanços como a confirmação de que a doutrina “América Primeiro” estava funcionando, com a reindustrialização se consolidando como eixo central da nova economia nacional.
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Fase 3 — Redefinição Global: Relações Exteriores, China e Conflitos
Trump declara guerra comercial total contra a China
Durante os 100 dias de Trump, a política externa americana passou por uma guinada histórica. A imposição de tarifas de 145% sobre produtos chineses não foi apenas uma resposta comercial, mas o sinal de uma mudança de era. Trump decidiu isolar economicamente Pequim, pressionando aliados a cortarem laços e revertendo investimentos chineses em regiões estratégicas como o Canal do Panamá. A retirada do Panamá da Iniciativa Cinturão e Rota, após pressão americana, evidenciou a nova postura agressiva de Washington.
Essa ofensiva econômica foi acompanhada por uma reorientação militar ousada. Tropas americanas foram reposicionadas para o Indo-Pacífico, reduzindo a presença na Europa e no Oriente Médio. Trump priorizou o enfrentamento da expansão chinesa, reescrevendo a estratégia global de defesa dos Estados Unidos em tempo recorde.
Diplomacia de choque: Putin, Oriente Médio e novos tabuleiros
Em outra frente, Trump reabriu o diálogo direto com Vladimir Putin, tentando costurar uma solução para o conflito na Ucrânia. Embora os avanços ainda sejam limitados, a reaproximação entre Washington e Moscou redefiniu o xadrez diplomático mundial. Simultaneamente, no Oriente Médio, a administração Trump endureceu a pressão sobre o Irã, deixando claro que não toleraria o avanço do programa nuclear iraniano.
Uma proposta polêmica também surgiu para Gaza: transformar a região em um polo econômico, transferindo populações e reconstruindo infraestruturas sob supervisão internacional. A iniciativa, criticada por muitos, ilustra a estratégia de choque e ambição que Trump adotou em seu segundo mandato.
A nova doutrina Trump: hegemonia acima de tudo
A terceira fase dos 100 dias de trump deixou claro que ele buscava reinstalar os Estados Unidos como única superpotência incontestável. Em todas as frentes, a segurança nacional e a supremacia estratégica foram priorizadas sobre qualquer outro interesse.
Fase 4 — Governança Interna e Choque de Poderes: DOGE, Cortes e Reforma Estrutural
O nascimento do DOGE e a promessa de eficiência governamental
No coração da proposta de reforma administrativa de Trump está o DOGE, Departamento de Eficiência Governamental, liderado pelo bilionário Elon Musk. Embora o nome soe quase irônico, o órgão tem funções muito claras: cortar gastos públicos, modernizar processos federais e eliminar desperdícios crônicos que, segundo a equipe de Trump, corroem a máquina estatal americana.
Em poucos meses, o DOGE anunciou a economia de US$ 160 bilhões através de cortes de contratos, venda de ativos ociosos e redução de custos operacionais. Musk, porém, advertiu que esta era apenas a fase inicial de um plano ainda mais ambicioso: alcançar US$ 1 trilhão em economias antes de 2026.
Demissões em massa e o novo estado mínimo
Para além da eficiência, a filosofia por trás do DOGE ficou clara rapidamente: reduzir drasticamente o tamanho do Estado. Mais de 120 mil funcionários públicos de 30 agências federais foram desligados nos primeiros 100 dias de Trump, a maioria por adesão voluntária a programas de saída incentivada.
Essa reestruturação encontrou forte resistência de sindicatos e da oposição democrata, que classificaram o plano como um ataque às garantias de estabilidade no serviço público. Ainda assim, Trump seguiu firme, prometendo reverter a “cultura de privilégios” e transformar o governo federal em uma estrutura mais enxuta e voltada à eficiência.
Batalhas judiciais e a redefinição do equilíbrio institucional
O avanço do DOGE e outras medidas radicais abriram um novo campo de batalha: o Judiciário. Mais de 210 ações judiciais foram movidas contra as iniciativas de Trump nos primeiros 100 dias. Questões como o acesso do DOGE a dados federais sensíveis e o fim da cidadania automática chegaram rapidamente à Suprema Corte.
Em decisões preliminares, os ministros revelaram um profundo racha: enquanto parte do tribunal se mostrava inclinada a conter os poderes executivos, outra parcela defendia a legitimidade das reformas diante do “estado de emergência institucional” declarado por Trump. Esses embates devem moldar o futuro do equilíbrio de poderes nos Estados Unidos pelos próximos anos.
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Impactos e Perspectivas dos 100 dias de Trump: A Nova Era Trump?
Donald Trump não apenas reassumiu o poder — ele iniciou uma verdadeira revolução política e administrativa. Os primeiros 100 dias de Trump mostram um governo disposto a redesenhar profundamente a arquitetura institucional americana, enfrentando resistências internas e internacionais sem hesitação.
A reconstrução da fronteira, a guerra comercial global, o confronto com a China, a desregulamentação ambiental e a redução do Estado compõem um projeto claro: restaurar a supremacia americana, tanto econômica quanto geopolítica, custe o que custar.
Mas o custo dessas mudanças já é visível. A polarização aumentou, a tensão com o Judiciário promete longas batalhas e os mercados ainda enfrentam volatilidade com os efeitos das tarifas. As decisões tomadas agora podem resultar, no médio e longo prazo, tanto em um novo ciclo de crescimento robusto quanto em uma nova era de instabilidade interna.
Trump aposta que os ganhos superarão os danos. Seus aliados acreditam que, como FDR e Reagan antes dele, ele será lembrado como um presidente que mudou os rumos do país em tempos de crise. Já seus opositores veem nos seus primeiros 100 dias um perigoso flerte com o autoritarismo e a erosão institucional.
O fato é que, passados 100 dias, ninguém pode acusar Donald Trump de ser previsível ou tímido. E para o bem ou para o mal, os Estados Unidos entraram definitivamente em uma nova era — a era Trump 2.0.
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