Em meio a uma situação fiscal desafiadora, com o déficit nominal do setor público brasileiro acumulando R$ 1,11 trilhão em agosto de 2024, o maior em mais de dois anos, a agência Moody’s surpreendeu o mercado ao elevar o rating soberano do Brasil de Ba2 para Ba1. A decisão deixa o Brasil a apenas um degrau de recuperar o cobiçado grau de investimento, uma classificação essencial para atrair mais investimentos estrangeiros e melhorar a confiança internacional na economia do país.
Déficit fiscal: a crise que se agrava
Os dados recentes do Banco Central mostram que o Brasil atingiu um dos piores níveis de déficit nominal desde a pandemia de Covid-19, superando, inclusive, o pico registrado em janeiro de 2021, quando o déficit chegou a R$ 1,01 trilhão. A recuperação econômica e as políticas fiscais implementadas no período de crise não foram suficientes para evitar a deterioração da situação fiscal atual, agravada por gastos do governo e um contexto econômico global incerto.
O gráfico compartilhado nas redes sociais, que compara o desempenho fiscal de diferentes administrações desde 2016, ilustra a gravidade do problema. Mesmo com a desaceleração econômica provocada pela pandemia, a gestão fiscal brasileira não conseguiu reverter a trajetória de endividamento, destacando um déficit público alarmante que pressiona a sustentabilidade das finanças públicas.
Moody’s: Crescimento e reformas econômicas justificam elevação
Apesar do cenário fiscal desafiador, a Moody’s decidiu elevar o rating do Brasil, apontando uma recuperação gradual da economia e o avanço em reformas estruturais como justificativas principais. A agência destacou a reforma tributária, aprovada recentemente, como um marco importante que deve melhorar o ambiente de negócios e fortalecer a arrecadação do governo.
Além disso, a agência citou o compromisso da equipe econômica com o controle de gastos e a estabilização da dívida pública como fatores positivos que embasaram a decisão. Embora a dívida bruta tenha atingido 78,5% do PIB em agosto, um número que preocupa os mercados, a Moody’s expressou confiança na capacidade do governo de reduzir esse índice ao longo dos próximos anos.
Reuniões com agências internacionais impulsionam confiança
Em setembro, durante uma série de reuniões em Nova York, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniram com agências de classificação de risco para discutir as perspectivas econômicas do Brasil. A elevação da nota pela Moody’s reflete, em parte, o resultado dessas negociações, onde o governo brasileiro apresentou suas projeções de crescimento econômico e medidas fiscais para equilibrar as contas públicas.
Em resposta à elevação do rating, Haddad afirmou que o governo está comprometido em reequilibrar as contas públicas e reduzir as taxas de juros ao longo do tempo. Ele também ressaltou que o objetivo é que o Brasil recupere o grau de investimento até o final do mandato de Lula, destacando que essa será uma vitória importante para a economia do país.
Moody’s eleva rating do Brasil: Impactos
A notícia da elevação do rating chegou em um momento de grande volatilidade no mercado internacional, especialmente devido à escalada das tensões no Oriente Médio. No entanto, a perspectiva de que o Brasil possa recuperar o grau de investimento trouxe certo alívio para investidores locais, impactando positivamente o mercado de ações e o Ibovespa.
Com a confiança renovada, espera-se que o Brasil atraia mais investimentos estrangeiros e que o real se valorize em relação ao dólar, o que poderá ajudar no controle da inflação importada e na melhoria das condições econômicas gerais. Analistas financeiros indicam que, com a melhora do rating, o Brasil poderá acessar crédito com juros mais baixos, o que ajudará a aliviar parte da pressão sobre a dívida pública.
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Desafios persistem: necessidade de controle fiscal
Apesar da elevação do rating e da expectativa positiva, a situação fiscal do Brasil continua sendo um ponto de alerta. A alta dívida pública e os gastos do governo permanecem entre as principais preocupações dos investidores e das agências de classificação. Fernando Haddad reconheceu que, embora o progresso tenha sido feito, ainda há muito trabalho pela frente para consolidar as contas públicas e manter o controle sobre as despesas.
O governo também está sob pressão para entregar resultados em outras frentes, como o combate à inflação e a geração de empregos, enquanto lida com um cenário global de incertezas econômicas. A Moody’s destacou que o Brasil precisará continuar implementando reformas econômicas e fiscais para sustentar a perspectiva positiva e garantir que a recuperação seja sólida e duradoura.