A partir desta segunda-feira (9), a JBS deixa de ter ações na B3 e passa a negociar seus papéis por meio de Brazilian Depositary Receipts (BDRs). Essa mudança faz parte de um movimento estratégico da empresa de alimentos para adotar o modelo de dupla listagem, com ações na bolsa de valores de Nova York (NYSE) e representação por BDRs no mercado brasileiro.
A decisão foi aprovada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 30 de maio e marca o encerramento da negociação direta das ações ordinárias da JBS na B3. A partir do dia 12 de junho, as ações classe A da JBS N.V. estarão disponíveis para negociação na NYSE. Enquanto isso, os investidores brasileiros passarão a acessar os papéis por meio do código JBSS32, representando os BDRs da companhia.
Estratégia da JBS visa presença global e menor custo de capital
Segundo a empresa, a movimentação tem como objetivo alinhar a estrutura corporativa à sua atuação internacional. A JBS deixa de ter ações na B3 como parte de uma reestruturação que busca ampliar o acesso a mercados de capitais globais, reduzir o custo de financiamento e destravar valor para os acionistas.
“Com a dupla listagem, buscamos uma estrutura corporativa que reflita melhor a nossa presença global e facilite a execução da estratégia de crescimento”, afirmou o CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti.
A transição também permitirá que a empresa acesse investidores institucionais nos Estados Unidos e amplie seu potencial de captação com condições mais favoráveis, o que poderá acelerar projetos de expansão e aquisição em diferentes mercados.
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Como funcionará a nova negociação por BDRs na B3
Na prática, os investidores da antiga JBS S.A. receberão um BDR para cada duas ações ordinárias que possuíam. Já os detentores de ADRs terão conversão de 1:1 para as novas ações listadas na NYSE. Os BDRs funcionarão como certificados representativos das ações estrangeiras, permitindo que os investidores brasileiros acompanhem o desempenho da companhia mesmo sem a listagem direta na bolsa nacional.
Os dividendos pagos pela JBS N.V. serão repassados proporcionalmente aos detentores de BDRs. A negociação será semelhante à de ações comuns, com os papéis listados e transacionados em reais.
Apesar disso, especialistas alertam para a redução na liquidez, uma vez que BDRs tradicionalmente movimentam volumes menores do que ações listadas diretamente na B3. Esse é um ponto de atenção principalmente para fundos de investimento e investidores institucionais.
Mercado perde um dos principais motores de liquidez
A JBS deixa de ter ações na B3 em um momento em que sua liquidez atingia recordes. Até maio de 2025, os papéis da empresa movimentaram em média R$ 421,3 milhões por dia, representando 2,19% de todo o volume diário negociado na B3 — a maior participação da companhia desde 2019.
Com sua retirada, o mercado perde uma das empresas com maior profundidade e volume. Em um ambiente em que o volume financeiro da B3 ainda se recupera, a ausência da JBS tende a ser sentida por investidores e operadores de mercado.
Além da liquidez, a saída impacta a capitalização de mercado da bolsa. Em 2025, a JBS representava 1,96% da capitalização total da B3, sendo uma das dez maiores empresas listadas. Desde 2019, sua fatia nunca foi inferior a 1%, demonstrando a importância da companhia no cenário nacional.
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JBS deixa de ter ações na B3
Com a mudança, a JBS entra em uma nova fase de sua trajetória como companhia global. A listagem na NYSE traz visibilidade e acesso a uma base maior de investidores, mas a transição para BDRs no Brasil também traz desafios de adaptação. A menor liquidez e o comportamento diferente dos BDRs em relação às ações tradicionais exigirão atenção por parte dos investidores.
A expectativa da empresa é de que os benefícios superem as limitações iniciais, permitindo maior valorização das ações, menor custo de capital e mais flexibilidade estratégica para crescer globalmente.