Os dados divulgados na terça-feira revelaram que a taxa anual de inflação no Canadá permaneceu inesperadamente em 3.1% em novembro, levando os participantes do mercado a ajustar suas apostas sobre quando o Banco do Canadá iniciaria cortes nas taxas de juros.
Contrariando as previsões de analistas consultados pela Reuters, que esperavam que a inflação diminuísse para 2.9% em relação aos 3.1% de outubro, o Statistics Canada apontou que os preços acelerados de pacotes de viagens compensaram o crescimento mais lento nos preços dos alimentos, nos serviços celulares mais baratos e no óleo combustível.
Os mercados financeiros reduziram suas expectativas de afrouxamento da política monetária, com a probabilidade de um corte no próximo mês diminuindo de 21.4% para 16.0%. No entanto, ainda se espera que o banco central comece a flexibilizar as políticas tão cedo quanto abril.
Michael Greenberg, vice-presidente sênior e gestor de portfólio da Franklin Templeton Investment Solutions, comentou: “(A divulgação de novembro) sugere que esses cortes nas taxas ainda estão um pouco distantes, e o mercado pode estar se antecipando um pouco.”
Os dados contribuíram para uma valorização de 0.3% do dólar canadense em relação ao dólar americano, atingindo C$1.3351, ou 74.90 centavos de dólar americano, em comparação com C$1.3376, ou 74.74 centavos de dólar americano.
Em termos mensais, o índice de preços ao consumidor subiu 0.1%, em comparação com a previsão de uma queda de 0.1%. Os índices CPI-median e CPI-trim, duas das três principais medidas de inflação subjacente do Banco do Canadá, também se mantiveram estáveis em 3.4% e 3.5%, respectivamente.
O governador do Banco do Canadá, Tiff Macklem, afirmou em uma entrevista à BNN Television na segunda-feira que o banco central poderia começar a reduzir as taxas de juros no próximo ano, desde que a inflação subjacente diminua conforme previsto.
O aumento de quase 30% nos custos de juros hipotecários e um aumento de 7.4% no aluguel foram duas das maiores contribuições para a taxa anual de inflação, segundo o Statscan.
Apesar das preocupações com a persistente alta nos preços de moradia, o Banco do Canadá manteve sua taxa de juros-chave em 5%, a mais alta em 22 anos, nas últimas três reuniões de política monetária, reiterando que ainda é cedo para falar sobre cortes nas taxas de juros. O próximo anúncio de taxa do banco central está marcado para 24 de janeiro.
Royce Mendes, chefe de estratégia macro na Desjardins, comentou sobre o relatório: “O relatório de hoje representa menos progresso no controle da inflação do que esperávamos… os rendimentos dos títulos estão subindo à medida que algumas das apostas mais agressivas em cortes nas taxas estão sendo reduzidas.”
A Desjardins mantém a previsão de que o Banco do Canadá tem evidências suficientes para começar a reduzir as taxas em abril de 2024.
