BTG rebaixa para neutro a recomendação para as ações do Banco do Brasil

BTG rebaixa ações do Banco do Brasil de compra para neutro após resultados decepcionantes no 1T25.
lucro do Banco do Brasil cai 60%

O BTG Pactual rebaixou sua recomendação para as do Banco do Brasil (BBAS3) de compra para neutro após a divulgação dos do 1T25, considerados significativamente abaixo das expectativas. O relatório aponta que, embora o valuation das ações do Banco do Brasil continue atrativo, a instituição financeira optou por aguardar mais visibilidade ou uma correção adicional no papel antes de retomar uma recomendação positiva.

Resultados abaixo do esperado no 1T25

Os analistas destacam que o lucro líquido ajustado de R$ 7,4 bilhões no 1T25 representou uma queda de 23% na comparação trimestral e de 21% na base anual, além de ficar 20% abaixo do consenso do mercado. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) caiu para 16,7%, acendendo o sinal de alerta para investidores que acompanham de perto a das ações do Banco do Brasil.

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A surpresa negativa nos números também levou à suspensão do guidance de lucro líquido para 2025, evidenciando incertezas quanto à capacidade da instituição em sustentar o desempenho nos próximos trimestres. A deterioração da carteira de no agronegócio, que responde por cerca de um terço da carteira total do banco, foi uma das principais causas da frustração.

Agronegócio pesa sobre a carteira de crédito

A carteira de crédito do continua sendo o calcanhar de Aquiles do banco. A inadimplência acima de 90 dias nesse segmento subiu para 3,04% no 1T25, contra 2,45% no trimestre anterior. Segundo o BTG, a deterioração foi pior que o antecipado, indicando que os ativos problemáticos ainda não atingiram o pico.

O banco também observou um aumento no volume de empréstimos renegociados, passando de R$ 46,8 bilhões no 4T24 para R$ 72 bilhões no 1T25. Essa mudança sugere que parte da inadimplência está sendo mascarada por renegociações, o que reforça a cautela do BTG em relação às ações do Banco do Brasil.

Impacto da Resolução CMN nº 4.966

Outro ponto crítico foi a implementação da Resolução nº 4.966, que altera o reconhecimento contábil de receitas de juros em empréstimos com pagamento concentrado (bullet). Como a carteira de agro do BB possui forte concentração desse tipo de operação, a nova regra afetou diretamente a geração de receita, com impacto estimado em R$ 1 bilhão apenas no 1T25.

Além disso, o novo padrão contábil exige que as receitas de tarifas de crédito sejam diferidas ao longo do tempo, o que também contribuiu para a queda de 9% nas receitas de serviços. O índice de eficiência operacional subiu para 29,1%, frente aos 25,8% do trimestre anterior, interrompendo a tendência positiva observada até então.

Cautela nas projeções e redução de estimativas

Com base nos resultados fracos do 1T25 e nas dificuldades ainda visíveis para os próximos trimestres, o BTG reduziu suas projeções de lucro para 2025 e 2026. A expectativa para o lucro líquido ajustado em 2025 caiu 25%, para R$ 29,4 bilhões, enquanto a previsão para 2026 foi reduzida em 19%, para R$ 33,1 bilhões.

Apesar da queda nos lucros esperados, o BTG reconhece que as ações do Banco do Brasil continuam negociando a múltiplos atrativos: 0,82x valor patrimonial e 5x lucro estimado para 2025. Mesmo com estimado de 40%, o dividend yield previsto é de 7,4%, o que continua atraente para investidores que buscam retorno com proventos.

Conversas com o Banco Central podem destravar valor

Durante a teleconferência de resultados, a administração do BB informou que está em diálogo com o para discutir um tratamento regulatório diferenciado para a carteira de crédito do agronegócio, dado seu perfil único no Brasil. Caso esse “waiver” regulatório seja aprovado, há potencial para alívio nas provisões e recuperação de margens ainda em 2025, o que pode reacender o interesse nas ações do Banco do Brasil.

Uma pausa estratégica

Após três anos de recomendação de compra, o BTG decidiu adotar uma abordagem mais cautelosa. Embora o desempenho das ações do Banco do Brasil tenha sido expressivo — acumulando valorização de 89% desde fevereiro de 2022 — os analistas acreditam que o momento atual exige paciência. Os desafios regulatórios, a deterioração da carteira de agro e a menor previsibilidade dos lucros justificam o rebaixamento para neutro, com preço-alvo reduzido de R$ 34 para R$ 30.

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