O Governo Central do Brasil registra superávit em março, conforme dados divulgados pelo Tesouro Nacional nesta terça-feira (29). O resultado positivo veio abaixo das expectativas de mercado, mas mostra recuperação significativa frente ao mesmo período de 2024, refletindo principalmente o adiamento dos pagamentos de precatórios.
Superávit de março abaixo do esperado
Segundo o Tesouro, o superávit primário do governo central — que engloba o Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência Social — atingiu R$ 1,1 bilhão no mês passado. Economistas consultados pela Reuters previam um saldo de R$ 1,3 bilhão. Ainda assim, o Brasil registra superávit após um déficit de R$ 1 bilhão em março do ano anterior, representando uma reversão importante e um alívio para os formuladores de políticas públicas.
Esse desempenho, ainda que abaixo do esperado, revela que o Brasil registra superávit dentro de uma estratégia de responsabilidade fiscal. É um indicativo de que, mesmo sob pressão política e orçamentária, o governo consegue manter as contas sob certo controle no curto prazo.
Estratégia fiscal e adiamento de precatórios
O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou em entrevista coletiva que o adiamento dos precatórios visa evitar expansão fiscal neste momento sensível da economia. Esse movimento busca contribuir com os esforços do Banco Central no combate à inflação. Ao diminuir a pressão sobre a atividade econômica, o governo tenta preservar as condições para que a taxa de juros continue sendo um instrumento eficaz de controle inflacionário.
Além disso, Ceron reforçou que o adiamento dos precatórios é uma medida temporária, mas que ajuda significativamente a compor o superávit neste primeiro trimestre. Ele destacou que o Brasil registra superávit neste período como reflexo de uma série de ações coordenadas entre o Tesouro e o Ministério da Fazenda para manter a credibilidade da política fiscal.
Desempenho positivo no acumulado do 1º trimestre
No acumulado do primeiro trimestre de 2025, o Brasil registra superávit de R$ 54,5 bilhões, mais que o dobro dos R$ 20,2 bilhões observados no mesmo período de 2024. Parte significativa desse desempenho é explicada por um efeito calendário, já que o pagamento de precatórios sofreu um recuo de R$ 31 bilhões, sendo postergado para datas mais adiante no ano.
A performance trimestral é considerada uma das melhores dos últimos anos. Técnicos do Tesouro avaliam que, se a trajetória for mantida, o país poderá atingir a meta fiscal do governo Lula, que é de zerar o déficit primário em 2025.
Meta fiscal do governo está no radar
Ao analisar os dados em uma janela de 12 meses até março, o Brasil registra superávit primário praticamente estável: déficit de R$ 10,9 bilhões, o equivalente a 0,07% do Produto Interno Bruto (PIB). O número está alinhado com a meta do governo federal de zerar o déficit primário em 2025, com tolerância de até 0,25% do PIB, conforme estabelecido na nova regra fiscal.
Essa proximidade com a meta é um bom sinal para os investidores e para as agências de classificação de risco, que observam de perto os compromissos fiscais do governo brasileiro. Ainda que temporário, o Brasil registra superávit de forma consistente no trimestre, o que contribui para diminuir a percepção de risco país.
Sinal importante para o mercado e desafios à frente
Em meio ao debate sobre gastos obrigatórios e espaço fiscal limitado, o Brasil registra superávit como uma sinalização importante para o mercado. A manutenção desse resultado, contudo, depende de receitas extraordinárias e maior controle das despesas ao longo do ano, principalmente em áreas como saúde, educação e programas sociais.
Apesar da boa notícia, o cenário permanece desafiador. As metas fiscais estão em constante vigilância e qualquer frustração de receita ou aumento inesperado de despesa pode comprometer a credibilidade da política econômica. O governo federal segue pressionado por demandas sociais e políticas, ao mesmo tempo em que precisa entregar resultados fiscais para manter a confiança do mercado.
Especialistas alertam que o Brasil registra superávit neste início de ano, mas que há riscos no segundo semestre, especialmente se houver aumento de gastos ou frustração com receitas de concessões e dividendos de estatais. O monitoramento rigoroso das contas públicas será essencial para manter a trajetória positiva.
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Considerações finais
O resultado fiscal de março, apesar de inferior ao esperado, mostra que o Brasil registra superávit e está no caminho certo para alcançar as metas fiscais de 2025. O governo precisará manter o controle das despesas e buscar fontes adicionais de receita para garantir a continuidade dos bons resultados. Essa postura será fundamental para preservar a estabilidade macroeconômica, atrair investimentos e manter o país em uma rota sustentável de crescimento.