O forte aumento representa uma mudança em relação às transações em dólares americanos e euros, que caíram no mesmo período para 67%, de até 80%, constatou o Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento (BERD) no relatório.
“Após a invasão em grande escala da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022 e a imposição de sanções econômicas pela UE, EUA e vários outros países de economias avançadas, as importações russas tornaram-se cada vez mais faturadas em yuan”, de acordo com o documento liderado pelos economistas Maxim Chupilkin e Beata Javorcik.
As faturas em yuan agora representam 63% das importações da China até o final de 2022, ante quase um quarto um ano antes, e agora “deslocaram principalmente o dólar americano, bem como o rublo russo, como a moeda de escolha”, disseram os autores.
O uso do yuan chinês para o comércio com a Rússia também aumentou para países terceiros que não impuseram sanções econômicas, mas mantêm uma linha de swap de moeda com o Banco Popular da China (PBOC), como Mongólia e Tajiquistão.
Essas linhas de swap “tornam mais fácil para um exportador usar o yuan recebido, digamos, de um importador russo”, acrescentou o documento, após analisar mais de 12 milhões de registros de importação associados a mais de 70.000 empresas.
“O domínio do dólar americano torna as sanções internacionais mais eficazes, pois as empresas envolvidas no comércio internacional precisam esmagadoramente que os pagamentos sejam liquidados através do sistema bancário dos EUA”, descobriram os autores.
“Ao mesmo tempo, o uso de sanções econômicas pode, com o tempo, reduzir a atratividade do dólar americano como moeda veicular e, portanto, seu domínio.”
Em março, o yuan – também conhecido como renminbi – tornou-se a moeda mais usada para transações transfronteiriças na China, ultrapassando o dólar pela primeira vez, mostraram dados oficiais, embora sua participação como moeda de pagamentos globais permaneça pequena, em 2,5%, de acordo com dados do sistema de pagamentos internacionais SWIFT, em comparação com 39,4% para o dólar e 35,8% para o euro.