O Bank of America (BofA) rebaixou a recomendação para as ações da Vale (VALE3) de equal weight para underweight no portfólio da América Latina (LatAm), refletindo preocupações com o cenário econômico da China e a consequente demanda global por minério de ferro. O rebaixamento é especialmente significativo, visto que a Vale é uma das principais mineradoras de ferro do mundo, e o preço das suas ações tem um impacto direto no desempenho da bolsa de valores brasileira.
Perspectiva econômica chinesa preocupa
Em relatório divulgado nesta Quarta-feira (04), o BofA aponta que a decisão de rebaixar a Vale foi motivada pelas “perspectivas nada inspiradoras” do mercado de minério de ferro, influenciadas principalmente pela lenta recuperação da economia chinesa. A demanda da China é essencial para o setor de mineração, e o país é o maior importador global de minério de ferro, essencial para sua vasta indústria siderúrgica.
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A previsão de crescimento do PIB chinês para 2024 foi reduzida pelo BofA, caindo de 5,0% para 4,8%. Para 2025 e 2026, a revisão também foi negativa, com projeção de 4,5% ante a expectativa anterior de 4,7%. A incerteza sobre a eficácia das medidas de estímulo do governo chinês contribui para a perspectiva sombria do setor, que depende fortemente de políticas de infraestrutura e construção civil para impulsionar a demanda por aço e, consequentemente, por minério de ferro.
Impacto no preço das ações da Vale
O rebaixamento do BofA gerou um impacto imediato no mercado, com as ações da Vale (VALE3) recuando. Conforme a imagem anexada, o valor das ações caiu 20,05% no acumulado do ano, com uma retração de 8,46% nos últimos 12 meses, refletindo as preocupações dos investidores sobre o futuro da empresa.
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Esse cenário desfavorável para a mineradora já vinha se desenhando desde o início do ano, com a desaceleração da economia chinesa e o excesso de oferta de minério de ferro pressionando os preços para baixo. A Vale, sendo uma das principais exportadoras de minério para a China, é diretamente afetada por essas condições.
Indicador | Valor |
---|---|
Preço Atual (VALE3) | R$ 57,31 |
Queda Anual | -20,05% |
Queda nos Últimos 12 Meses | -8,46% |
Estratégia do BofA para o LatAm
A nova posição do BofA para a Vale no portfólio LatAm reflete um movimento de cautela em relação a ativos diretamente ligados às commodities, especialmente diante do contexto de enfraquecimento da demanda global. O banco tem adotado uma postura mais conservadora em relação a ativos que dependem do crescimento chinês, prevendo um desempenho inferior ao mercado, o que justifica o downgrade para underweight.
“Os formuladores de políticas da China estão relutantes em intensificar a flexibilização, especialmente em meio ao fraco crescimento orgânico”, destaca o relatório. Isso afeta diretamente a confiança dos investidores em ativos de commodities, como é o caso da Vale, cuja produção de minério de ferro está intimamente ligada ao crescimento da economia chinesa.
O que esperar para a Vale?
Com as novas previsões do BofA para o crescimento da China e as incertezas globais sobre a demanda por commodities, a Vale pode enfrentar um caminho desafiador no curto e médio prazo. A empresa já tem feito ajustes em sua estratégia para mitigar o impacto da queda na demanda, como diversificação de mercados e cortes de custos, mas os desafios são grandes, principalmente em um cenário de recessão técnica em economias importantes.
A recomendação underweight do BofA significa que o banco sugere uma alocação abaixo do peso normal de Vale em carteiras de investimento, o que pode levar a uma diminuição do interesse de investidores institucionais nas ações da mineradora.
BTG Pactual e Vale
O BTG Pactual rebaixou recentemente a recomendação para as ações da Vale (VALE3), citando riscos significativos que podem impactar a performance da empresa. Conforme relatório divulgado pelo banco, a mineradora enfrenta desafios substanciais, tanto internos quanto externos, que têm pressionado a geração de fluxo de caixa livre (FCF) e o potencial de distribuição de dividendos. Entre os fatores destacados, estão os ruídos políticos envolvendo a escolha de um novo CEO para a companhia, além de dificuldades operacionais, como as interrupções em suas operações no Pará, que sinalizam uma crescente animosidade das autoridades locais contra a empresa.
O BTG também mencionou a deterioração no fluxo de notícias relacionadas à Samarco e à Renova, aumentando as provisões em US$ 1,2 bilhão, totalizando US$ 4,2 bilhões. A incerteza em torno de uma resolução final para esses acidentes é outro fator que tem impactado a confiança dos investidores. Apesar de ainda ver algum valor nas ações da Vale, o BTG aponta que os desafios enfrentados pela empresa podem levar os papéis a serem percebidos como uma “armadilha de valor” (value trap), reduzindo, assim, seu preço-alvo de US$ 19 para US$ 16