A taxa de desemprego no Reino Unido subiu para 4,6% no trimestre encerrado em abril de 2025, conforme dados divulgados nesta terça-feira (10) pelo Escritório de Estatísticas Nacionais (ONS). O número representa a maior taxa de desemprego no Reino Unido desde julho de 2021, reforçando sinais de fraqueza no mercado de trabalho e aumentando a pressão para que o Banco da Inglaterra siga com os cortes na taxa básica de juros.
Folha de pagamento e crescimento salarial desaceleram
Além da elevação da taxa de desemprego no Reino Unido, os números da folha de pagamento mostraram recuo de 55 mil postos de trabalho entre março e abril, e queda de 115 mil na comparação anual. Os salários, sem considerar bônus, também desaceleraram para 5,2% ao ano, abaixo dos 5,5% revisados do mês anterior.
Essa desaceleração vem em meio a custos salariais mais altos, influenciados por mudanças no salário mínimo nacional e nas contribuições do seguro nacional em abril. O ambiente tem dificultado a contratação por parte dos empregadores, especialmente nas áreas mais sensíveis a custos fixos.
Setor de construção sente o impacto da contração
O setor de construção foi um dos que mais sofreram. Segundo a S&P Global, as construtoras britânicas cortaram postos de trabalho em maio no ritmo mais rápido em quase cinco anos. A explicação recai sobre o enfraquecimento da demanda e o aumento dos custos operacionais.
“O setor de construção continuou a se ajustar a carteiras de pedidos mais fracas em maio, o que levou a reduções sustentadas na produção, contratação de pessoal e compras”, afirmou Tim Moore, diretor econômico da S&P Global.
Banco da Inglaterra sob pressão
O Banco da Inglaterra cortou recentemente os juros para 4,25%, diante da fragilidade da economia local e das medidas adotadas por bancos centrais de outras grandes economias. Entretanto, o governador Andrew Bailey reforçou que será necessária uma “abordagem gradual e cuidadosa” para novos cortes, dadas as incertezas globais e os riscos de inflação persistente.
Apesar da pressão, o BoE indicou que não possui uma trajetória pré-definida para a política monetária, embora a atual taxa de desemprego no Reino Unido seja um sinal claro da necessidade de flexibilização adicional.
Perspectivas: o que esperar do mercado britânico?
A trajetória da taxa de desemprego no Reino Unido será um dos principais indicadores monitorados pelo Banco da Inglaterra nas próximas decisões. Se o mercado de trabalho continuar desacelerando, novos cortes de juros podem ser implementados já nos próximos meses. O desafio será equilibrar o alívio monetário com os riscos de manter a inflação fora da meta.