As novas tarifas sobre aço e alumínio dos Estados Unidos entraram em vigor nesta quarta-feira (4), dobrando a alíquota de importação para 50%. A medida foi formalizada por decreto do presidente Donald Trump e impacta diretamente o Brasil, que é o segundo maior exportador de aço para o mercado norte-americano. A decisão representa um novo capítulo na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e pode trazer consequências relevantes para a indústria siderúrgica brasileira.
O anúncio das tarifas sobre aço e alumínio foi feito por Trump na última sexta-feira (30), durante uma visita à planta da US Steel, em um gesto que reforça sua política econômica voltada à proteção da indústria nacional. A medida dobra a alíquota anterior de 25%, aplicada desde 2018, e atinge principalmente países que mantinham fluxo comercial intenso com os EUA, como o Brasil.
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Reações do mercado e análise de impacto nas empresas brasileiras
De acordo com o Bradesco BBI, o impacto será diferenciado entre as companhias brasileiras. A Gerdau (GGBR4), que possui presença relevante nos Estados Unidos, deve sofrer impacto menor, já que sua produção no país é voltada para produtos longos, como vergalhões e vigas, que possuem menor penetração de importações (cerca de 17%).
Em contrapartida, empresas como a CSN (CSNA3) e a CSN Mineração (CMIN3) enfrentam um cenário mais desafiador. Segundo o Itaú BBA, o ambiente para 2025 já era considerado difícil, com projeções de preços do minério de ferro em queda, refletindo a desaceleração da economia chinesa. Com a aplicação das tarifas sobre aço e alumínio, a pressão sobre as margens e a competitividade das exportadoras brasileiras se intensifica.
A recomendação do Itaú BBA para a CSN permanece como “em linha com o mercado”, com preço-alvo de R$ 9,00 por ação até o fim do ano. Já para a CSN Mineração, a avaliação é negativa, com recomendação abaixo da média e preço-alvo de US$ 4,80 por ação. O relatório do banco destaca que ambas as empresas apresentam múltiplos elevados de EV/EBITDA e que o cenário operacional é adverso.
Desaceleração chinesa e efeitos sobre os preços
Além das tarifas, o contexto global também não favorece os exportadores brasileiros. A demanda da China, maior consumidora de aço e minério de ferro do mundo, continua fraca. Os preços do minério atingiram o menor patamar em cinco semanas, pressionados por menor atividade no setor de construção, temperaturas elevadas e chuvas acima da média no país asiático.
A produção de aço na China também está em retração. As siderúrgicas estão operando com menor capacidade, e a utilização dos altos-fornos caiu pela terceira semana consecutiva. Os produtores que utilizam fornos elétricos também iniciaram cortes de produção diante das margens negativas.
Estoques e pressão interna sobre os preços
Embora as exportações brasileiras de minério de ferro tenham aumentado 23% na última semana de maio, o excesso de oferta global e a falta de reposição de estoques por parte das siderúrgicas chinesas devem manter os preços pressionados. Os estoques nos portos chineses caíram 1,4 milhão de toneladas na semana, mas a demanda ainda não dá sinais claros de recuperação.
Internamente, os preços do aço no Brasil também estão sob pressão. O vergalhão teve queda de 1,4% na última semana, e a expectativa é de que os preços continuem em baixa tanto para produtos longos quanto para produtos planos. O excesso de oferta, somado à menor demanda, dificulta o repasse de custos e pressiona as margens das siderúrgicas brasileiras.
Empresas americanas se beneficiam
Enquanto isso, os produtores norte-americanos, como a Nucor e a Steel Dynamics, foram beneficiados pela medida. Após o anúncio das tarifas sobre aço e alumínio, as ações dessas companhias subiram entre 12% e 13%, refletindo a perspectiva de maior competitividade no mercado doméstico.
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Desafios e perspectivas futuras
As tarifas sobre aço e alumínio impõem um novo desafio para a indústria brasileira, que já lidava com um ambiente externo desfavorável. A adaptação a um mercado mais protecionista exigirá ajustes estratégicos e operacionais por parte das empresas, além de possível reavaliação de seus mercados-alvo e investimentos futuros.
Diante da mudança nas regras do comércio internacional, as companhias brasileiras terão que repensar seus planos de longo prazo, enquanto o governo pode precisar buscar diálogo com os EUA para reduzir os impactos negativos da medida sobre a economia nacional.