Lá no início do ano, os grandes bancos globais estavam rindo à toa. O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos parecia ser um bilhete premiado para o setor: falava-se em desregulamentação, cortes de impostos, um ambiente ideal para quem vive de intermediar negócios e girar capital. Mas o que era promessa de céu azul virou tempestade em poucas semanas. E o motivo atende pelo nome de tarifas de Trump.
Segundo análise da Bloomberg, as instituições financeiras perderam, juntas, mais de US$ 700 bilhões em valor de mercado apenas na última semana. Um baque e tanto — ainda mais se lembrarmos que os serviços financeiros nem estão no centro do furacão da guerra comercial. Isso mostra o quanto as tarifas de Trump estão reverberando por todos os setores da economia global.
HSBC, Standard Chartered e os bancos mais expostos à Ásia
Dois dos bancos mais impactados são europeus: o HSBC e o Standard Chartered. E o motivo é claro: presença forte nos mercados asiáticos. O HSBC, por exemplo, viu seu valor encolher quase US$ 30 bilhões diante do receio de que suas operações no continente sejam diretamente afetadas pelo conflito tarifário entre EUA e China.
De acordo com a Bloomberg Intelligence, os dois bancos estão entre os mais expostos às medidas de Washington. O Standard Chartered, por exemplo, tem 60% da receita de seu banco corporativo e de investimento vinda de transações entre fronteiras — um modelo de negócios que está diretamente ameaçado por qualquer política protecionista. As tarifas de até 46% sobre produtos vindos do Vietnã acenderam um alerta vermelho.
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E os gigantes de Wall Street? Também estão sentindo
Se você acha que só bancos com atuação em mercados emergentes estão sofrendo, pense de novo. Os gigantes americanos JPMorgan, Goldman Sachs, Bank of America e Citigroup também enfrentam dias difíceis.
O JPMorgan, por exemplo, viu suas ações oscilar fortemente após o CEO Jamie Dimon avisar que o banco pretende reter uma parte maior dos lucros. O objetivo? Se proteger da incerteza econômica crescente, causada justamente pelos efeitos das tarifas de Trump. “Estamos preparados para uma gama completa de cenários”, disse Dimon em sua carta anual aos investidores.
O Goldman Sachs, por sua vez, viu suas ações se distanciarem como nunca do preço-alvo estabelecido por analistas. Isso porque o banco depende fortemente de operações como IPOs e fusões e aquisições, atividades que geralmente são colocadas em espera em tempos turbulentos. O Morgan Stanley, inclusive, rebaixou a recomendação para as ações do banco.
Tarifas de Trump: Risco de recessão e inadimplência no radar
As tarifas também estão alimentando temores de recessão nos Estados Unidos. O próprio Goldman Sachs elevou a probabilidade de recessão no país de 35% para 45%. Em paralelo, o setor bancário já trabalha com a possibilidade de aumento na inadimplência, o que pode levar a uma elevação das provisões para perdas — ou seja, mais pressão sobre os lucros.
Temporada de resultados será o termômetro
A partir desta sexta-feira, os bancos americanos começam a divulgar seus resultados do primeiro trimestre. Será o primeiro grande teste após o início da guerra comercial. Todos os olhos estarão voltados para os balanços e, mais ainda, para os comentários dos executivos sobre os próximos passos.
O cenário não é de pânico — ainda —, mas é de alerta total. O recado está dado: as tarifas de Trump deixaram de ser apenas um jogo geopolítico e agora batem direto no caixa dos maiores bancos do planeta.
Prepare-se para mais volatilidade, mais cautela e, possivelmente, uma revisão das expectativas que muitos investidores tinham para este ano. E como sempre, fique atento: no mercado financeiro, o efeito borboleta pode começar com uma tarifa e terminar com um terremoto.
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