O Spotify aumenta valor da assinatura e inicia uma nova fase de reajustes globais. A partir de setembro, o plano premium passará a custar R$ 23,90, contra os R$ 21,90 cobrados até agosto. A mudança já começa a ser comunicada aos assinantes por e-mail e impactará milhões de usuários em todo o mundo, incluindo o Brasil.
O aumento atinge diretamente usuários da América Latina, Europa, Sul da Ásia, Oriente Médio, África e região Ásia-Pacífico. Embora o Spotify não tenha confirmado se os planos duo, família e universitário também sofrerão reajustes, a expectativa do mercado é de que a revisão se estenda a toda a base.
Por que o Spotify aumenta valor da assinatura agora?
O reajuste ocorre logo após a divulgação dos resultados do segundo trimestre de 2025 (2T25), que revelaram 276 milhões de usuários pagantes — um número 3 milhões acima das projeções dos analistas. Mesmo com o avanço da base premium, a empresa registrou prejuízo líquido de 86 milhões de euros, revertendo o lucro de 274 milhões de euros no mesmo período de 2024.
A decisão de aumentar preços visa ajustar o modelo de monetização e melhorar a rentabilidade, diante do crescimento contínuo da plataforma e da expansão de serviços, como a inclusão de audiobooks no plano premium.
Ações sobem após anúncio
Apesar do prejuízo reportado no balanço trimestral, o mercado reagiu de forma positiva ao anúncio de aumento nos preços. As ações do Spotify subiram 6,78% nesta segunda-feira (4), cotadas a US$ 670,19 na Bolsa de Nova York (NYSE). No mesmo período, os BDRs da empresa no Brasil também registraram alta expressiva de 6,51%, chegando a R$ 921,35.
O desempenho positivo reflete a expectativa de que o reajuste fortaleça o caixa da empresa e sinalize disciplina financeira, algo bem-visto pelos investidores após trimestres voláteis.
Crescimento impulsionado por novos conteúdos
Segundo o relatório financeiro do Spotify, o crescimento de usuários premium foi puxado por mercados como América Latina e Europa. Além disso, o avanço dos audiobooks, agora integrados à assinatura, teve papel central.
Nos Estados Unidos, Reino Unido e Austrália, as horas de escuta de livros cresceram 35% em relação ao trimestre anterior, mostrando o potencial da diversificação de conteúdo como fator de retenção e aquisição de assinantes.
Receita e desafios no modelo de negócios
No 2T25, o segmento premium gerou 3,74 bilhões de euros em receita, o que representa alta de 12% na comparação anual. Já a receita com publicidade, apontada como área estratégica, caiu 1% em termos nominais, mas subiu 5% quando ajustada pela variação cambial.
Esse desequilíbrio entre crescimento de receita e prejuízo operacional levanta questões sobre os custos envolvidos na expansão da plataforma — incluindo investimentos em novos formatos, contratos com artistas e tecnologia.
Mudança de estratégia: foco na rentabilidade
O Spotify aumenta valor da assinatura em um contexto em que diversas plataformas de streaming vêm seguindo a mesma tendência. Nos últimos 12 meses, gigantes como Netflix, YouTube Premium e Apple Music também reajustaram suas mensalidades.
A estratégia busca reequilibrar margens de lucro frente ao aumento dos custos operacionais, royalties pagos a artistas e investimentos em inteligência artificial e personalização da experiência do usuário.
Para o Spotify, o foco agora é claro: manter o ritmo de crescimento com uma operação mais sustentável financeiramente. O aumento da assinatura é o primeiro passo dessa mudança de ritmo.
O que esperar para os próximos trimestres
Com o reajuste global programado para setembro, os resultados do 3T25 devem refletir a nova precificação, e o mercado já antecipa melhora nas margens da companhia. Ainda assim, a empresa precisará equilibrar aumento de receita com estratégias de retenção para não perder usuários para concorrentes gratuitos ou com valores mais baixos.
A expectativa é que o portfólio de conteúdo continue sendo o diferencial. Além de músicas, podcasts e audiobooks, o Spotify já testa recursos interativos, inteligência artificial para playlists personalizadas e integrações com redes sociais.