A retaliação à tarifa de Trump pode custar caro ao Brasil. Segundo pesquisa realizada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva opte por responder à taxação de 50% imposta pelos Estados Unidos, o impacto econômico pode chegar a R$ 259 bilhões, equivalente a 2,2% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional.
A tarifa, anunciada pelo presidente americano Donald Trump, deve entrar em vigor no dia 1º de agosto de 2025 e incide sobre todos os produtos brasileiros exportados aos EUA. Caso o governo brasileiro opte por medidas de retaliação, os danos à economia local podem ser significativos, conforme aponta o levantamento.
Além da retração no PIB, o estudo estima que a retaliação à tarifa de Trump possa afetar:
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1,96 milhão de postos de trabalho;
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Redução de R$ 36 bilhões na massa salarial;
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Perda de R$ 7,2 bilhões na arrecadação de impostos federais.
Por outro lado, se o governo brasileiro optar por não retaliar e apenas as tarifas americanas forem implementadas, o impacto, embora expressivo, seria reduzido: R$ 175 bilhões no PIB, queda de 1,49%, com 1,3 milhão de empregos em risco.
Riscos de escalada comercial entre Brasil e EUA
A Fiemg vê com preocupação o agravamento da crise comercial entre Brasil e Estados Unidos. Para a entidade, um embate tarifário direto pode comprometer setores estratégicos da indústria brasileira e comprometer a recuperação econômica pós-pandemia.
Flávio Roscoe, presidente da Fiemg, destacou que a melhor saída seria o diálogo.
“No nosso entendimento, ambos os países perdem muito com a medida. Responder com a mesma moeda pode gerar efeitos inflacionários no Brasil. O caminho mais inteligente é a diplomacia”, afirmou.
A entidade defende uma postura firme, porém diplomática, para evitar impactos que podem desestruturar cadeias produtivas e abalar a confiança do investidor internacional.
Setores mais expostos à tarifa
A tarifa de Trump deve afetar especialmente setores com forte vocação exportadora para os EUA, como:
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Agronegócio (soja, carne, suco de laranja)
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Indústria de transformação (automotiva, metalurgia, papel e celulose)
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Máquinas e equipamentos
Segundo especialistas, esses segmentos concentram alta empregabilidade e investimentos constantes, o que torna o impacto ainda mais sensível para o mercado interno.
Governo ainda avalia resposta oficial
Até o momento, o governo federal não anunciou oficialmente como responderá à tarifa de Trump. Interlocutores do Ministério da Fazenda e do Itamaraty avaliam o impacto da medida e estudam cenários de negociação.
Na visão de analistas do setor externo, um acordo comercial bilateral, mediado com o apoio de organismos internacionais como a OMC, seria a melhor alternativa para preservar os interesses brasileiros sem acirrar ainda mais o cenário geopolítico.