Os resultados do Banco do Brasil (BBAS3) no segundo trimestre de 2024 (2T24) trouxeram uma mescla de crescimento e sinais de alerta. Embora o lucro líquido ajustado tenha aumentado, a inadimplência crescente e a redução no índice de Basileia sugerem que o banco pode enfrentar desafios significativos.
Desempenho Financeiro
O Banco do Brasil (BBAS3) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 9,5 bilhões no 2T24, representando um crescimento de 8,2% em relação ao 2T23 e um aumento de 2,2% em comparação ao 1T24. A margem financeira bruta totalizou R$ 25,5 bilhões, uma queda de 0,7% em relação ao trimestre anterior, mas um crescimento de 16,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
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Inadimplência e Qualidade do Crédito: A taxa de inadimplência (INAD+90d) do banco subiu para 3,0%, um aumento de 0,3 ponto percentual em relação ao 2T23 e 0,1 ponto percentual em comparação ao 1T24. Este aumento na inadimplência é um indicador preocupante, sugerindo que mais clientes estão enfrentando dificuldades para cumprir com suas obrigações financeiras. A cobertura da inadimplência também diminuiu, caindo para 191,3%, o que representa uma queda de 5,3 pontos percentuais em relação ao 2T23 e 4,75 pontos percentuais em comparação ao 1T24.
Margem Financeira Bruta: A margem financeira bruta (MFB) do Banco do Brasil (BBAS3) foi de R$ 25,5 bilhões no 2T24, uma redução de 0,7% em relação ao trimestre anterior. A redução nas receitas financeiras, especialmente no resultado de tesouraria que caiu 9,5%, contribuiu para essa queda. Apesar disso, houve um crescimento anual de 16,4%, impulsionado pelo aumento das receitas de operações de crédito e pela queda das despesas financeiras.
Despesas Administrativas: As despesas administrativas somaram R$ 9,2 bilhões no 2T24, um aumento de 4,1% em relação ao 1T24 e de 4,9% em comparação ao 2T23. Este aumento reflete o impacto do reajuste salarial e a contratação de novos funcionários, incluindo aqueles dedicados a tecnologia e cibersegurança. O índice de eficiência acumulado em 12 meses atingiu 25,5%, o menor patamar histórico, indicando um controle rigoroso das despesas.
Índice de Basileia: O índice de Basileia, que mede a capacidade do banco de absorver perdas e continuar operando, caiu para 14,19% em junho de 2024, comparado a 15,72% em junho de 2023. O índice de capital nível I foi de 13,01%, sendo 11,60% de capital principal. A redução deste índice pode sinalizar uma maior vulnerabilidade do banco a choques econômicos.
CALENDÁRIO DE RESULTADOS 2T2024
Carteira de Crédito: A carteira de crédito ampliada do Banco do Brasil (BBAS3) cresceu 3,9% no trimestre e 13,2% em 12 meses, atingindo R$ 1,18 trilhão. A carteira de crédito para pessoa jurídica cresceu 7,0% no trimestre e 13,2% em 12 meses, com destaque para as operações de capital de giro e investimento. No agronegócio, a carteira cresceu 0,7% no trimestre e 16,6% em 12 meses.
Provisões para Perdas com Crédito (PCLD): As despesas com PCLD ampliada totalizaram R$ 7,8 bilhões no 2T24, uma redução de 8,6% em relação ao 1T24, mas um aumento de 8,8% em relação ao 2T23. No acumulado do ano, as despesas com PCLD ampliada cresceram 25,5%, totalizando R$ 16,3 bilhões. Este crescimento é um reflexo dos desafios enfrentados na recuperação de crédito, especialmente em um ambiente econômico mais difícil.
Receitas de Prestação de Serviços: As receitas de prestação de serviços alcançaram R$ 8,8 bilhões no 2T24, um aumento de 6,0% em relação ao 1T24 e de 4,7% em comparação ao 2T23. Este crescimento foi impulsionado por linhas como administração de fundos, operações de crédito e garantias, e rendas do mercado de capitais.
Perspectivas e Projeções: As projeções corporativas (guidance) do Banco do Brasil para 2024 foram mantidas, com expectativa de crescimento na carteira de crédito, margem financeira bruta, receitas de prestação de serviços e lucro líquido ajustado. No entanto, as projeções envolvem riscos e incertezas, especialmente considerando o aumento da inadimplência e a redução do índice de Basileia.
Embora o Banco do Brasil (BBAS3) tenha apresentado um crescimento no lucro líquido ajustado no 2T24, os aumentos na inadimplência e a redução no índice de Basileia levantam preocupações. Esses sinais de alerta indicam que o banco pode enfrentar desafios significativos nos próximos trimestres, especialmente em um ambiente econômico incerto. A gestão de risco será crucial para mitigar possíveis impactos negativos e garantir a estabilidade financeira do banco. O resultado completo pode ser conferido aqui.