Em maio, o Índice de preços ao produtor (IPP) recuou 1,29%, conforme dados divulgados pelo IBGE — a maior queda desde junho de 2023. Esse movimento consolida o quarto mês consecutivo de deflação no índice, após 12 altas seguidas.
Murilo Alvim, gerente da pesquisa no IBGE, destacou duas causas principais:
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Queda nos preços das commodities — produtos como soja e cana registraram redução, contribuindo para aliviar custos em toda a cadeia produtiva.
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Dólar em queda frente ao real — com a moeda americana mais fraca, insumos e matérias‑primas importadas ficaram mais baratas, pressionando os preços ao produtor.
Queda generalizada na indústria
Dos 24 setores analisados pelo IPP, 17 tiveram recuo nos preços. Os destaques negativos foram:
Setor | Contribuição à queda |
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Alimentos | –0,34 pp |
Refino de petróleo e biocombustíveis | –0,28 pp |
Outros produtos químicos | –0,26 pp |
Metalurgia | –0,23 pp |
No setor de alimentos, por exemplo, o preço ao produtor passou de alta de 1,52% em abril para queda de 1,33% em maio, por conta da safra de cana e soja.
Desempenho por categoria econômica
As grandes categorias econômicas também apresentaram variações distintas:
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Bens de capital: recuo de 0,02%
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Bens intermediários: queda expressiva de 2,37%
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Bens de consumo: estabilidade
O IPP mede variações “na porta da fábrica”, ou seja, sem considerar impostos e frete, abrangendo 24 atividades da indústria de transformação e extrativa.
Implicações no curto e médio prazo
A retração nos preços ao produtor pode pressionar a inflação ao consumidor, especialmente se os custos menores forem repassados. Em contrapartida, empresas com estoque elevado de insumos mais baratos podem melhorar marginalmente sua margem.
Porém, o recuo também revela fragilidade na demanda ou excesso de oferta. A manutenção dessa tendência dependerá da estabilidade cambial e do comportamento das commodities.
Para o mercado, será importante acompanhar se a deflação no IPP se reflete no Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) nos próximos meses.
Maior queda desde 2023
A queda de 1,29% nos preços ao produtor, a maior desde junho de 2023, confirma um alívio nos custos de produção em diversos setores, puxado por commodities mais baratas e valorização do real. O desafio agora é entender como essas pressões afetam a inflação final e o comportamento do consumo no interior da economia.