O preço do café dispara no mercado internacional, com os contratos futuros do arábica atingindo US$ 3,4540 por libra-peso, registrando um aumento acumulado de 80% em 2024. Este é o maior valor desde 1977, superando o recorde anterior estabelecido durante a histórica Geada Negra de 1975, que devastou os cafezais brasileiros.
A disparada nos preços reflete um déficit global de oferta agravado por problemas climáticos em grandes produtores, incluindo o Brasil e o Vietnã. A seca prolongada no Brasil e as chuvas excessivas no Vietnã reduziram a produção em ambos os países, enquanto a demanda global continua a crescer.
Seca no Brasil reduz produção e eleva preços
O Brasil, maior produtor mundial de café arábica, enfrenta uma redução significativa na produção devido à seca. Segundo a trader Volcafe Ltd., a estimativa para a safra brasileira de 2025-26 foi reduzida para 34,4 milhões de sacas, uma queda de 11 milhões de sacas em relação à projeção anterior.
A redução de oferta no Brasil contribui para o quinto ano consecutivo de déficit global, com a produção mundial estimada em 8,5 milhões de sacas abaixo da demanda. Essa sequência de déficits é inédita, reforçando o cenário de alta nos preços.
De acordo com Steve Pollard, analista do Marex Group, a safra brasileira deve permanecer em níveis baixos no próximo ciclo, o que manterá a pressão sobre os preços. “As visitas a campo indicam uma produção abaixo do esperado, sustentando o déficit de oferta global,” afirmou.
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Preço do café dispara: Impactos no mercado internacional
A valorização do café tem impactos significativos em toda a cadeia produtiva. Os consumidores já começam a sentir os reflexos da alta nas prateleiras, com empresas como a Nestlé reajustando preços e reduzindo o tamanho de embalagens para lidar com os custos crescentes.
Além disso, a alta nos contratos futuros exige maiores depósitos de garantia de produtores e exportadores, tornando o uso do mercado de futuros mais caro. Isso pode criar um ciclo vicioso, onde traders são forçados a recomprar contratos, elevando ainda mais os preços.
Mesmo com a alta volatilidade do mercado, analistas como Viktoria Kuszak, da Sucden Financial, apontam que o atual cenário de déficit e problemas climáticos deve sustentar os preços elevados no médio prazo.
Exportações brasileiras de café atingem recorde
Apesar das adversidades climáticas, o Brasil registrou um recorde de exportações de café verde pelo segundo mês consecutivo em novembro. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), foram embarcadas 285,45 mil toneladas de café, o equivalente a 4,76 milhões de sacas de 60 kg, um aumento de 21,6% em relação ao mesmo período de 2023.
O preço médio do café exportado subiu mais de 50% em comparação com novembro de 2023, atingindo US$ 4.806,70 por tonelada, gerando uma receita de US$ 1,37 bilhão. O café superou a soja em arrecadação no mês, tornando-se a commodity com maior contribuição econômica para as exportações brasileiras.
Outros produtores também enfrentam desafios
Além do Brasil, outros grandes produtores de café, como o Vietnã, enfrentam dificuldades climáticas. No caso do Vietnã, maior produtor de café robusta, o clima adverso trouxe um duplo desafio: seca durante o crescimento do grão e chuvas excessivas no início da colheita.
Esses problemas limitaram a oferta do robusta, uma variedade mais barata e utilizada em misturas com o arábica, ampliando a pressão sobre os preços globais.
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Café e commodities agrícolas em alta
O preço do café dispara, mas ele não é a única commodity agrícola a registrar alta em 2024. O cacau, por exemplo, alcançou valores recordes em abril devido a colheitas ruins na África Ocidental, enquanto o suco de laranja segue próximo ao maior preço histórico devido à seca no Brasil e aos furacões na Flórida.
Essas commodities, conhecidas como “soft”, estão entre os ativos mais valorizados do ano, contrastando com o comportamento dos preços globais de alimentos, que recuaram desde o pico de 2022.
Reflexos no consumidor e desafios futuros
Os preços recordes do café devem continuar pressionando consumidores e torrefadoras. Cafeterias e marcas estão repassando os custos para os produtos finais, e especialistas alertam que os preços podem permanecer elevados no médio prazo, dado o cenário de déficits consecutivos na oferta.
Por outro lado, os produtores brasileiros podem capitalizar o momento, aproveitando a valorização do café no mercado internacional. No entanto, a necessidade de investimentos em práticas agrícolas mais resilientes é evidente, considerando os efeitos das mudanças climáticas nas safras futuras.
Resumo dos principais números
Indicador | Valor |
---|---|
Preço do arábica em NY | US$ 3,4540 por libra-peso |
Alta acumulada no ano | +80% |
Produção brasileira 2025-26 | 34,4 milhões de sacas (-11 milhões em relação à estimativa anterior) |
Déficit global previsto 2025-26 | 8,5 milhões de sacas |
Exportações brasileiras (nov/2024) | 285,45 mil toneladas (+21,6% em relação a nov/2023) |
Preço médio da exportação | US$ 4.806,70 por tonelada (+50% em relação a nov/2023) |
Receita de exportação (nov/2024) | US$ 1,37 bilhão |
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