O alerta de que o Japão pode perder até US$ 17 bilhões em exportações de automóveis para os Estados Unidos ganhou destaque nesta sexta-feira (4), após a entrada em vigor da nova tarifa de 25% anunciada pelo governo do presidente americano Donald Trump. O dado é do Centro de Comércio Internacional (ITC), uma agência conjunta da Organização Mundial do Comércio (OMC) e das Nações Unidas (ONU).
Segundo Julia Spies, chefe de comércio e inteligência de mercado do ITC, “o setor automotivo do Japão compreende 20% do total das exportações do país e a maioria dessas exportações é destinada ao mercado dos EUA. Agora, com a tarifa fixa de 25% sobre o setor que entrou em vigor ontem, o Japão pode perder US$ 17 bilhões em potencial de exportação”.
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Impacto das tarifas globais sobre automóveis
O pacote tarifário anunciado por Trump abrange mais de US$ 460 bilhões em importações de veículos e autopeças anualmente, conforme análise da Reuters. Além do Japão, países como Eslováquia e Honduras também estão entre os mais expostos economicamente às medidas comerciais dos EUA sobre o setor automotivo.
As tarifas incluem não apenas veículos acabados, mas também peças automotivas, com novas taxas adicionais previstas para entrar em vigor em 3 de maio. A medida representa um duro golpe especialmente para nações com forte dependência da exportação de automóveis, como o Japão, que agora busca alternativas para minimizar os impactos econômicos. Diante desse cenário, cresce a preocupação de que o Japão pode perder competitividade global e sofrer impactos duradouros em sua balança comercial.
A avaliação da agência de comércio da ONU é que o Japão pode perder acesso competitivo ao seu principal mercado externo, o que comprometeria a receita de suas principais montadoras e a sustentabilidade da cadeia produtiva automotiva.
Alternativas de exportação e diversificação
Para mitigar os efeitos da medida, o ITC recomenda que o Japão direcione seus esforços para diversificação de destinos. Julia Spies destacou que “mercados como China, Alemanha, Filipinas e Tailândia possuem um potencial de exportação não realizado para veículos japoneses que corresponde à perda estimada no mercado dos EUA”.
Apesar das alternativas, analistas afirmam que a substituição do mercado americano — que responde por uma fatia significativa das exportações japonesas — é um desafio de curto prazo. A estrutura logística, acordos comerciais e perfil da demanda tornam a adaptação um processo complexo para a indústria japonesa.
Consequências para o consumidor americano
Estudos do setor também apontam consequências diretas para os consumidores dos Estados Unidos. De acordo com um relatório da consultoria Anderson Economic Group, as novas tarifas sobre carros podem custar aos norte-americanos mais de US$ 30 bilhões em aumento de preços e redução nas vendas no primeiro ano completo após a implementação.
A elevação de custos pode impactar desde montadoras até concessionárias, pressionando os preços finais e desestimulando novas aquisições. Quase metade dos veículos vendidos nos EUA em 2024 foi importada, conforme dados da empresa de pesquisa GlobalData, o que torna o mercado especialmente sensível a variações tarifárias.
Reação internacional e riscos para a economia global
A política comercial de Trump, que visa incentivar a produção nacional por meio da imposição de barreiras às importações, tem gerado reações negativas de líderes globais e organismos multilaterais. Especialistas alertam que medidas unilaterais e abruptas, como as adotadas nesta semana, tendem a gerar desequilíbrios comerciais e aumento das tensões geopolíticas.
No caso específico do Japão, o temor é de que a perda de participação no mercado americano comprometa empregos, investimentos em inovação e crescimento industrial em setores estratégicos. A constatação de que o Japão pode perder bilhões em exportações reforça a urgência de buscar acordos bilaterais e alternativas comerciais que garantam maior estabilidade ao setor automotivo nacional.
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Japão pode perder em exportações
A afirmação de que o Japão pode perder até US$ 17 bilhões em exportações automobilísticas por conta das tarifas impostas por Trump reforça a gravidade das tensões comerciais em curso. Com impactos potenciais tanto para a economia japonesa quanto para os consumidores e o mercado automotivo norte-americano, a decisão amplia o debate sobre os efeitos colaterais de políticas comerciais protecionistas em escala global.
Analistas continuam monitorando os desdobramentos, enquanto governos e empresas buscam alternativas diplomáticas e comerciais para mitigar os prejuízos e preservar cadeias produtivas estratégicas.
